Leandro Braga homenageia Milton Nascimento ao piano em novo álbum

Músico e arranjador rende tributo às canções de Bituca em 'Fé cega'

por Eduardo Tristão Girão 25/08/2013 11:44

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.

Ana Migliari/Divulgação
Com amplo repertório para selecionar, Leandro Braga optou por reunir as canções em suítes (foto: Ana Migliari/Divulgação)
Durante as comemorações dos 70 anos de Milton Nascimento, ano passado, o pianista paulista Leandro Braga resolveu gravar seu próprio tributo ao cantor e compositor que simboliza a música mineira. Depois de ouvir 'Fé cega' (MP,B), seu sétimo e recém-lançado álbum, fica a certeza de que esse experimentado arranjador soube apresentar ao público uma leitura diferente e interessante da música de Bituca, juntando diferentes músicas dele em suítes instrumentais.

“Milton é o cantor mais músico que existe. Homenageá-lo é obrigação de todos os músicos”, resume o pianista, que nasceu em São José dos Campos e mora no Rio de Janeiro desde 1988. O projeto teve início com um concerto na capital fluminense, em julho do ano passado, já estruturado no formato apresentado no CD – até o momento, nenhuma outra apresentação dessa foi realizada de novo. A gravação não demorou a acontecer, três meses depois.

Leandro levou para o estúdio dois músicos que admirava, mas com os quais nunca havia tocado, o baixista Bruno Migliaria e o percussionista Marco Lobo. A produção ficou a cargo de um craque, o saxofonista Zé Nogueira. A escolha das composições teve como critério, inicialmente, a preferência pessoal do pianista. Juntá-las em suítes, prossegue, foi quase obra do acaso: “Comecei a fazer arranjo para uma música de que gostava e, naturalmente, fui emendando outras”.

A primeira delas reúne 'Fé cega, faca amolada', 'Maria solidária', 'Noites do sertão' e 'Ponta de areia'. Na sequência, Leandro toca apenas 'Cais', optando por não integrá-la às outras peças. “Eu a concebi com a parte rítmica mais enérgica e pesada que na versão original”, justifica. A suíte seguinte é a mais recheada, unindo 'A Lua girou', 'Encontros e despedidas', 'Saudade dos aviões da Panair', 'Cravo e canela' e 'Maria, Maria' depois de abertura criada pelo pianista.

“Essas músicas são conhecidas por terem letras lindas e, assim, tive a oportunidade de enfocar o lado instrumental delas. A parte musical da obra do Milton é muito forte, seja em algo mais sofisticado, seja em algo mais rítmico. Milagre dos peixes, por exemplo, é uma música muito rica harmonicamente. Por outro lado, Fé cega, faca amolada tem sua riqueza mais na parte rítmica”, analisa Leandro.

'Beco do Mota', única faixa com vocais no álbum, teve participação do próprio Milton, que escolheu a canção que gravaria no álbum. 'O que será', apesar de não ter sido escrita por Bituca (mas por Chico Buarque), foi incluída pela beleza do registro que o cantor fez com o autor no disco 'Meus caros amigos' (1976). 'Milagre dos peixes' e 'Nada será como antes' formam a última suíte e o disco é encerrado com uma composição de Leandro, 'Sonho de juventude', dedicada a seu homenageado.

Mestre dos arranjos
Leandro Braga começou a estudar piano aos 4 anos e se formou em medicina antes de trilhar o caminho da música. Estudou com Luiz Eça, Amilton Godoy, Nelson Ayres e Hilton Valente, aprofundando seus conhecimentos em composição e arranjo com Mário Ficarelli e em regência com John Neschling e Ricardo Rocha. Atuou como arranjador e instrumentista para artistas como Ney Matogrosso, Chico Buarque, Caetano Veloso, Djavan, Fátima Guedes, Emílio Santiago, Tim Maia, Elba Ramalho, Guinga, Leny Andrade, Fafá de Belém e Adriana Calcanhotto. Hoje, é diretor musical e arranjador da cantora Simone.

 

Assista à performance ao vivo de 'O que será', com Leandro Braga, Bruno Migliari e Marco Lobo:

 

MAIS SOBRE MÚSICA