Jimmy Duchowny e Cliff Korman celebram auge do Savassi Festival; confira programação do fim de semana

Além de programa especial no Palácio das Artes, evento tem maratona de apresentações até o encerramento

por Mariana Peixoto 19/07/2013 00:13

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.

Andre Hauck/Esp.EM. Brasil
Músicos norte-americanos radicados na capital mineira se apresentam no Palácio das Artes (foto: Andre Hauck/Esp.EM. Brasil)
Belo Horizonte não foi a primeira opção dos norte-americanos Jimmy Duchowny e Cliff Korman. Mas, não resta dúvidas, foi a cidade que melhor os acolheu. O português fluente de sotaque carregado não nega as origens do baterista e do pianista, que, por seu lado, fazem uma música que independe de fronteiras. Na programação do Savassi Festival os dois apresentam na noite desta sexta-feira, 19, no Palácio das Artes, peças inéditas desenvolvidas a convite da 11ª edição do evento.

 

O festival, que começou no último dia 10 em bares, casas noturnas e espaços culturais de BH, chega a seu ponto alto neste fim de semana pois, além da chamada Noite de gala da sexta, promove outra série de shows sábado e domingo. O encerramento, como ocorre há uma década, será com uma maratona de apresentações gratuitas na Savassi.


Programação

Sexta-feira, 19

 

> Grande Teatro do Palácio das Artes, 20h30, Plateia: R$ 50 e R$ 25 (meia); Balcão: R$ 40 e R$ 20 (meia)
Mancini/Duchowny apresentam a peça 'Tempestade de triângulos'; Prêmio Jazz de Minas: Túlio Mourão; Cliff Korman, Big Band Palácio das Artes e OSMG apresentam 'Interventions' sob a regência de Nelson Ayres


> Café com Letras, 20h, R$ 15

Túlio Araújo e Projeto Dobradura convidam Alejandro Yaques


> Fundação de Educação Artística, 20h, R$ 20 e R$ 10 (meia)

Irene Bertachini

 

> Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, 20h30, R$ 30 e R$ 15 (meia)

Matheus Rodrigues Septeto e convidados


> Utópica Marcenaria, 21h30, R$ 20

Deangelo Silva e Carol Serdeira convida Márcio Hallack

 

> CCCP, 22h30, R$ 20

Leandro Ferrari

 

> A Obra, 23h, R$ 25

Anderson Noise e Jakob Bro Trio e DJ Fael

Sábado, 20


> Café com Letras, a partir das 15h30, R$ 15

Trio Improvisado, Mikkel Ploug Quarteto, Fabiano de Castro Quinteto, Dave Pietro


> Fundação de Educação Artística, 20h30, R$ 20 e R$ 10 (meia)

Jakob Bro Trio

 

> Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, 20h30, R$ 30 e R$ 15 (meia)

Lucas Aguiar Grupo e Na Mosca convida alunos solistas


> CCCP, 22h30, R$ 25

Gunhild Carling

Domingo, 21

 

> Parque Municipal, 10h, entrada franca

Cliff Korman, Big Band Palácio das Artes e OSMG apresentam 'Interventions' sob a regência de Nelson Ayres


l Savassi, ruas Antônio de Albuquerque e Sergipe, 1kg de alimento não perecível
14h30, abertura com Batuque Salubre

 

Palco Petrobras Jazzy
15h30, Angu Stereo Clube; 17h, Trio Improvisado; 19h, Pedro Durães e Mikkel Ploug; 20h45, Anderson Noise e Jakob Bro Trio

 

Palco AeC
15h15, Nelson Ayres Trio; 16h45, Jakob Bro Trio; 18h30, Fabiano de Castro Quinteto; 20h15, Gunhild Carling

 

Palco Instituto Unimed-BH
15h, Bernardo Fabris Quinteto; 16h30, Mikkel Ploug Quarteto; 18h15, Dave Pietro Group; 20h, Iconili

 

 

Tempestade sonora

Na pesquisa para compor 'Tempestade de triângulos', que estreia na abertura da Noite de gala, Jimmy Duchowny procurou mas não encontrou nenhuma peça jazzística que dialogue diretamente com as artes visuais. “Pouca gente já fez coisa similar. Os mais conhecidos são compositores minimalistas ou eruditos”, diz ele, citando Philip Glass e Steve Reich.

André Hauck/Esp.EM./DA Press
"Vejo o painel como uma partitura mesmo, leio da esquerda para a direita", diz Duchowny (foto: André Hauck/Esp.EM./DA Press)
Melhor explicando: 'Tempestade de triângulos' é obra de Duchowny e de Alexandre Mancini, artista considerado um dos principais da azulejaria brasileira. O nome da peça foi tirado de um painel de azulejos de Mancini (que será reproduzido no show no Palácio das Artes). Amigos há muito tempo – Mancini também é músico – criaram o que estão chamando de “geometric jazz”. O painel de Mancini vai ser como uma partitura para Duchowny, que vai tocar acompanhado de Mark Lambert (guitarra), Júlio Merlino (saxofone) e Pablo Souza (baixo).

“Vejo o painel como uma partitura mesmo, leio da esquerda para a direita, tanto que fiz linha por linha. Se alguém sentar comigo, vai entender muito claramente, não é tão abstrato assim”, afirma Duchowny. A primeira parte da peça é baseada em vários tamanhos de triângulos. “Eu e Alexandre temos muita afinidade musical. E uma das referências é o (saxofonista) Ornette Coleman, que quase nunca usou um instrumento harmônico. Foi uma das ferramentas que usei nessa peça. Não há harmonia. O guitarrista, por exemplo, não vai poder tocar acordes de guitarra. Vai tocar as notas que escrevi para guitarra como se fosse para um instrumento de sopro”, explica Duchowny, que vive há 25 no Brasil, 18 deles em BH.

Os músicos só terão liberdade para fazer o que quiserem no meio da apresentação, quando vai ocorrer a chamada “tempestade”. Daí, será o momento do improviso. Depois da estreia desta noite, a parceria Duchowny/Mancini continua. De acordo com o baterista, a intenção é fazer outros trabalhos juntos e levar o projeto para outros palcos, dentro de fora do Brasil.

 

André Hauck/Esp.EM./DA Press
"Em princípio, o improviso é uma coisa do momento. Mas a gente se prepara para entrar nele", diz Cliff Korman (foto: André Hauck/Esp.EM./DA Press)
Hora do improviso

Há pelo menos três anos, Cliff Korman vem trabalhando em ' Interventions', peça que estreia no Palácio das Artes e ganha nova apresentação domingo, no Parque Municipal. Hoje professor da Escola de Música da UFMG, ele participa do Savassi Festival desde 2010, tocando ou como organizador de alguns shows do festival. Em Interventions, Korman vai se apresentar ao lado da Big Band Palácio das Artes e da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob a regência do maestro Nelson Ayres.
 
A peça de 45 minutos é o projeto final do doutorado de composição que Korman fez na Manhattan School of Music. “A inspiração foi um evento particular, o nascimento de meu filho, agora com 7 anos, que entrou numa fase de aprender linguagem, encontrar seu lugar no mundo. Por outro lado, minha mãe, na mesma época, estava na fase de perder tudo isso. Como artista, queria expressar esses dois eventos que para mim se tornaram um só”, explica.

Para criar a peça para uma formação atípica (uma big band de jazz e uma sinfônica), ele se baseou muito na memória, “que tem muito a ver com o desenvolvimento da vida”, continua. “Em princípio, o improviso é uma coisa do momento. Mas a gente se prepara para entrar nele. Para ser um improvisador, você usa muito da memória, do treino.” Dessa maneira, Korman criou uma peça que vai ter trechos em que solistas, ou duos, terão que improvisar. “E o regente vai ter passagens para intervir no processo. É ele que vai chamar o músico, que não vai saber quando será.”

Korman se diz muito curioso sobre o resultado desta noite. “Pode dar muito certo ou não, já que a proposta de uma peça orquestra não é muito fácil. Quando você tem um conjunto de quatro, cinco músicos, todo mundo reage de uma certa maneira. Mas com uma orquestra não, então essa experiência servirá para ver até que ponto ela pode participar de um improviso”, acrescenta ele, que veio ao país pela primeira vez em 1981, depois de ter tomado conhecimento da música brasileira como aluno do clarinetista Paulo Moura.

 

MAIS SOBRE MÚSICA