'Sound City', documentário sobre o estúdio de L.A responsável pela gravação de clássicos do rock, é lançado em DVD

Dave Grohl traz de volta a mítica mesa Neve 8028

por Mariana Peixoto 27/04/2013 08:00

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 Sony Music/Divulgação
O músico Dave Grohl, do Foo Figthers, durante a produção de Sound City, filme lançado em Sundance (foto: Sony Music/Divulgação)
'After the gold rush', de Neil Young (1970), 'Fleetwood Mac' (1975), 'Damn the Torpedoes', de Tom Petty and the Heartbreakers (1979), 'Working class dog', de Rick Springfield (1981), 'Nevermind', do Nirvana (1991), 'Unchained', de Johnny Cash (1996) e 'Lullabies to paralyze', do Queens of the Stone Age (2005), são todos álbuns notáveis, produzidos em diferentes épocas. Pois ao longo de quatro décadas, muitos outros nomes da história do rock comungaram da mesma fonte que os artistas dos discos citados: o estúdio Sound City, nos arredores de Los Angeles. Ao longo desse período – mais exatamente de 1969 a 2011 –, o galpão mal-arrumado e, por vezes, fétido assistiu de perto à evolução do rock.

Dave Grohl faz parte desse testemunho, já que em 1991 o Nirvana, ao custo de US$ 600 por dia, passou pouco mais de duas semanas gravando o álbum que se tornou divisor de águas da época. E também para o próprio Sound City, que, praticamente às moscas, voltou à ativa graças a 'Nevermind'. Pois no início de 2011, o estúdio analógico, que já tinha vivido algumas “mortes” nas décadas anteriores, fechou definitivamente suas portas. Grohl comprou a cereja do bolo do Sound City, a mesa de gravação Neve 8028, hoje o centro de seu próprio estúdio, 606.

“Aquela mesa mudou minha vida”, afirma Grohl, que, não obstante a compra, ainda produziu e dirigiu o documentário 'Sound City'. Lançamento em janeiro no Festival de Sundance, ganha agora edição em DVD. Além do documentário de duas horas, a Sony também lança, separadamente, o CD 'Sound City – Real to reel', que reúne vários grandes do rock em álbum gravado por Grohl na Neve, que Neil Young afirmou “parecer uma Enterprise melhorada”.

O mote do documentário é a mesa de gravação e, a partir dela, vem à tona uma discussão maior: qualidade musical, gravações analógicas X digitais, evolução da música etc. Nos primeiros dois terços, o tom é o de um documentário convencional, com muitos depoimentos e imagens de arquivo em ordem cronológica. Na parte final o tom muda completamente: durante a gravação de 'Real to reel', enquanto celebram o universo analógico produzindo as 11 faixas do disco, os roqueiros deixam a nostalgia de lado e refletem sobre o fazer música nos dias de hoje.

Constelação Com o Foo Fighters, Dave Grohl conseguiu se reinventar depois do traumático fim do Nirvana e montar um grupo que se tornou muito maior do que a cultuada banda de Kurt Cobain. Com o prestígio que tem hoje, conseguiu reunir para o projeto de Sound City um time considerável de nomes de vocalistas, compositores, instrumentistas e produtores para relembrar o mítico estúdio.

As histórias que surgem no documentário são de encher os olhos. Comprada no início da década de 1970 por US$ 76 mil (valor de um bom imóvel para a época), a mesa Neve foi definitiva para que Mick Fleetwood gravasse, em 1975, o álbum 'Fleetwood Mac', divisor de águas para a banda e para o estúdio. Na época, os ingleses haviam chegado há pouco à Califórnia. No Sound City, Fleetwood ouviu pela primeira vez as gravações dos então desconhecidos Lindsey Buckingham e Stevie Nicks. Os dois últimos, que sem muito o que fazer passavam seus dias lá, se surpreenderam com a intenção do inglês de gravar suas músicas. Mais ainda quando foram chamados para entrar para a banda, então deixando um pouco de lado o acento blueseiro e apostando numa vertente mais comercial.

O sucesso absoluto do álbum lançou o estúdio no grande mercado, que teve seu primeiro auge nos anos 1970. Nos 1980, com a chegada dos sintetizadores, o Sound City foi para o ostracismo, sendo levado às alturas depois de Nevermind. A “sujeira” do som, a autenticidade das gravações e uma sala ideal para a bateria levaram nova legião de bandas a procurá-lo. Foi a tecnologia que, na década seguinte, acabou levando o estúdio à sua morte definitiva. “Ele não sobreviveu ao Pro Tools”, afirmou Josh Homme, do Quens of the Stone Age, que gravou dois álbuns no Sound City.

O vocalista é um dos convidados ilustres do álbum, que também contou com a participação de Trent Reznor (Nine Inch Nails), Rick Springfield, Stevie Nicks e Lee Ving. O melhor momento é deixado para o fim. Em clima de jam session, Grohl, o baixista Krist Novoselic e o guitarrista Pat Smear lembram de seus velhos tempos. Juntos, gravaram a faixa 'Cut me some slack', um dos achados do álbum. Lógico que o trio relembra os tempos do Nirvana. Só que meio no lugar de Cobain está Paul McCartney. “A minha base musical vem dos Beatles”, assume Grohl, um tanto incrédulo por ter McCartney em seu estúdio gravando com ele. Até o ídolo tem seu dia de fã. 

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