Lindsey Buckingham prova que tem vida própria além do Fleetwood Mac

Artista mostra lado introspectivo em novo álbum solo

por Arthur G.Couto Duarte 10/01/2012 10:23

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Kevin Winter/Getty Images/AFP-23/5/09
(foto: Kevin Winter/Getty Images/AFP-23/5/09)
Se apressadamente comparado a Peter Green, Danny Kirwan, Jeremy Spencer ou mesmo Bob Welch, talvez Lindsey Buckingham seja o músico que menos se destaque entre os guitarristas que já passaram pelo Fleetwood Mac. Mesmo ofuscado pelo estilo deliberadamente pop e acessível que o mítico grupo inglês passou a adotar a partir de 1975 e que culminou com o megaplatinado Rumours, em 1977, esse californiano de Palo Alto sempre destilou uma técnica tão refinada quanto a de seus antigos pares, se valendo apenas da ponta dos dedos ou de suas unhas para extrair melífluos acordes de Gibsons Les Paul, Fenders Telecaster ou de sua amada guitarra Mark I, um instrumento especialmente personalizado para ele pelo renomado luthier Rick Turner. 

Em Seeds we sow , registro que vem a ser seu sexto álbum de estúdio, Buckingham optou por uma produção caseira que ressalta o lado mais introspectivo do material lá contido. O clima predominante em suas novas composições é de um folk-rock onírico, no mais das vezes imantado por densas reverberações, efeitos delay, cascatas de notas e delirantes reveries. Simplesmente hipnóticas, Illumination, Stars are crazy, a faixa-título e Rock away blind vem propor novas representações sônicas de uma realidade cambiante, o declínio de nosso tempo convertido em espetáculo por meio de um intrincado jogo de filtros em que luz e sombra se alternam como em um moto perpétuo. Insinuando propensões metafísicas como a obra do gênio anorético Vinnie Reilly, do grupo pós-punk Durutti Column, Buckinham evolui em meio a sincretismos esotéricos e meditações na penumbra.

Isso não impede que, vez por outra, seu lado animal irrompa em solos tão concisos quanto devastadores como os que riscam a melodia de That’s the way that love goes, após uma introdução dedilhada que emula o timbre de cravos evocativos de algum concerto da Idade Média. O mesmo se aplica à mescla de electro, punk e hard rock que dá vida a One take, na qual Buckinham vem faz um exercício guitarrístico tomado por um senso de ruptura verdadeiramente extasiante. Lançado já no apagar das luzes de 2011, ainda assim Seeds we sow não só conseguiu amealhar vendas suficientes para adentrar no Top 40 da Billboard, mas também figurar em destaque nas listas dos melhores álbuns do ano compiladas por publicações respeitadas, como Mojo e Classic rock. Uma inesperada obra prenhe de escapismos sinestésicos e calmas insubmissões estéticas.



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