Cantora Thaís Gulin lança disco com a aprovação de Tom Zé e Chico Buarque de Holanda

Compositora, ela tem Kassin e Moreno Veloso como parceiros

por Ailton Magioli 18/04/2011 11:48

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Fotos: Jorge Bispo/Divulgação
A compositora e cantora Thaís Gulin levou para a música sua experiência como atriz (foto: Fotos: Jorge Bispo/Divulgação)
 
Guarde este nome: Thaís Gulin. Ela deverá chamar a atenção muito em breve. No país das cantoras – veja quanta maldade –, há quem garanta: se alguém sacudir a árvore, várias delas vão cair. Mas Thaís chega ao segundo disco – ôÕÔôôÔôÔ, do selo Slap, da Som Livre, com o aval de Chico Buarque e de Tom Zé. Além de contribuírem com as faixas Se eu soubesse e Ali sim, Alice, respectivamente, os mestres dividem com ela a interpretação das canções inéditas. O que, convenhamos, não é para qualquer uma. 

Thaís também compõe. E muito bem, como provam cinco faixas do álbum, três delas parcerias. “Dos e-mails de compositores recebidos depois do primeiro CD (de 2007, batizado com o nome dela), um deles era do Chico”, conta a artista, de 31 anos, sem afetação alguma. Ela já havia gravado disputadas composições dele, além das de Tom Zé e de Jards Macalé, entre outros.

“Com isso, abriu-se uma porta para mim. Então, não foi tão difícil assim”, confessa a paranaense, que também é atriz. As novas pérolas chegaram enviadas (no caso de Tom Zé) e oferecidas (por Chico, que, vale lembrar, chegou a assistir ao show de lançamento do primeiro disco dela, no Rio de Janeiro).

Filha de carioca (de Vila Isabel) e curitibano, Thaís se iniciou musicalmente ao lado da mãe, que cantava ao violão para a menina João Gilberto, Os Mutantes, Caetano Veloso, Mercedes Sosa e Gal Costa. Um pouco mais tarde, chamariam a atenção da garota a finlandesa Bjork e Cássia Eller. “Bjork é inventora. Tudo que ela faz ganha referência universal. É como se botasse tudo no liquidificador e, no final, saísse algo inteiramente dela. Cássia Eller é livre. Um bicho solto no palco, que canta com o estômago”, elogia.

João Gilberto, Chico Buarque, Caetano Veloso e Cartola são alguns dos compositores que mais a marcaram. “O que eles cantam saiu deles. É muito profundo. A música tem isso, cabe muito bem na voz de quem a fez”, teoriza, sem deixar de citar Ney Matogrosso, intérprete que considera incrível. 

DEMO Thaís escreve desde a infância. Começou a compor na época em que gravou demo para apresentar às gravadoras. “Passei a escrever porque precisava encontrar o meu jeito de compor”, explica. Entre o primeiro e o segundo CDs, passou a fazer melodia e letra. No álbum de estreia, chegou a letrar música do conterrâneo Arrigo Barnabé. No inspirado ôÕÔôôÔôÔ, além do antissamba-enredo que abre o disco, ela assina a valsa Horas cariocas e divide Frevinho com Moreno Veloso.

O sotaque característico do Sul, tão presente na fala de Thaís Gulin, praticamente desaparece no disco. “Minha mãe não tinha o sotaque de Curitiba, ainda que meu jeito de cantar tenha algo do Sul”, explica. Por outro lado, a passagem pelas artes cênicas provavelmente colaborou para amenizar o falar sulista.

Thaís conta que a principal contribuição do teatro para sua carreira como cantora foi a oportunidade de estar em cena o tempo inteiro. “Na música tudo é mais rápido, não se ensaia tanto”, compara. Ela chegou a frequentar oficinas do polêmico diretor Gerald Thomas. 
“Gerald sempre chamava a atenção para a sensação de estar no palco pela primeira vez”, recorda, dizendo que o teatro é eterna surpresa, pois o ator não sabe o que vai ocorrer diante da plateia. “A técnica é sempre estar fresco, fora a importância de entender o texto para saber o que se está dizendo”.
Pouco antes de lançar o primeiro disco, que saiu pelo selo Robin Digital, Thaís Gulin participou do musical A canção brasileira, sob direção de Paulo Betti, que deverá virar filme em breve. Integrante da Cia. Pequenos Gestos, ela chegou a trabalhar com Luiz Salém e Stella Miranda, além do consagrado diretor Augusto Boal.
 
Fotos: Jorge Bispo/Divulgação
(foto: Fotos: Jorge Bispo/Divulgação)
 
Menina do rio 
 
No Rio de Janeiro há cerca de nove anos, a cantora e compositora Thaís Gulin diz que a cidade mudou sua vida. “O meu olhar sobre ela é pertencente e, ao mesmo tempo, distante. O Rio me possibilitou contato com muitos artistas. Precisei de tempo para digerir tanta informação”, acredita ela. O fato é que seu trabalho ganhou carioquice, digamos, para lá de personalizada, pois incorporou gêneros, ritmos e sonoridades da vitrine cultural do Brasil. O Rio, enfim, é cenário e fonte de inspiração de ôÕÔôôÔôÔ, que também guarda informações de Curitiba, Buenos Aires e Belém do Pará. Antes de preparar o primeiro clipe do novo disco – a canção de Tom Zé inspirada em Alice no país das maravilhas –, Thaís Gulin ensaia a turnê de lançamento de ôÕÔôôÔôÔ. Depois da Virada Cultural de São Paulo, no último fim de semana, ela fará shows em Curitiba (em maio) e no Rio de Janeiro (em junho). “Pedi para que BH venha logo a seguir”, informa. A banda que a acompanha reúne Frado (guitarra), João Bitencourt (acordeom), Thiaguinho Silva (bateria/percussão), Alexandre Prol (violão/guitarra) e Lancaster (baixo). Thaís Gulin já se apresentou na capital mineira. Há alguns anos ela participou da segunda turnê de Missa dos quilombos, ao lado de Túlio Mourão e Ladston Nascimento.  
 
FAIXA A FAIXA 
 
• Água, Kassin
• Horas cariocas, Thaís Gulin
• Se eu soubesse, Chico Buarque
• Revendo amigos, Jards Macalé e Waly Salomão
• Quantas bocas, Ana Carolina, Thaís Gulin e Kassin
• The glory hole, Kassin, Thaís Gulin e Alê Siqueira
• Cinema americano, R. Bittencourt
• Encantada, Adriana Calcanhotto
• Ali sim, Alice, Tom Zé
• Little boxes, Malvina Reynolds
• Frevinho, Thaís Gulin e  Moreno Veloso
• Paixão passione, Ivan Lins e Ronaldo M. de Souza 


MAIS SOBRE MÚSICA