Fotógrafo brasileiro perde prêmio internacional por suspeita de fraude

Museu de História Natural de Londres retirou de Márcio Cabral prêmio na categoria "Animais em seu meio ambiente" depois de receber denúncias de que fotógrafo teria usado animal empalhado

por AFP 27/04/2018 16:16

Marcio Cabral
A foto 'Predador noturno' foi premiada em 2007 (foto: Marcio Cabral)

Um tamanduá apoiando-se em um formigueiro sob um céu estrelado. A bela fotografia valeu ao seu autor, o brasileiro Márcio Cabral, um prestigioso prêmio dedicado à vida selvagem. Mas se tratava supostamente de um animal empalhado.

A imagem intitulada "The Night Raider" ("Predador Noturno"), tirada no Parque Nacional das Emas, recebeu em 2007 o prêmio de melhor fotografia na categoria "Animais em seu meio ambiente", entregue pelo Museu de História Natural de Londres.

Contudo, algum tempo depois, o museu recebeu de fontes anônimas diferentes documentos colocando em dúvida a autenticidade da obra. O regulamento do concurso estipula que as obras não devem "tentar representar falsamente a realidade". Por essa razão, Márcio Cabral perdeu o prêmio.


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Tamanduá empalhado no Parque Nacional das Emas, local da foto premiada

Entre os documentos recebidos pelo museu estão fotografias de um tamanduá empalhado exposto na recepção do parque e que se parece extraordinariamente com o registrado por Cabral.
"É muito provável que o animal da fotografia (premiada) seja um exemplar empalhado", declarou nesta sexta-feira (27) a instituição.

"Há elementos na postura do animal, sua morfologia, marcas no pelo, as posições do pescoço e da cabeça são muito parecidas para que se trate de animais diferentes", ressaltou.

 

Márcio Cabral nega as acusações e afirma ter uma testemunha de que a foto não foi feita com uso de um animal empalhado. Na inscrição ao prêmio, ele afirmou ter gastado três anos na busca por esse registro. 

 

O fotógrafo ainda argumentou que, num parque, seria muito difícil que ninguém visse um animal empalhado sendo transportado e instalado num lugar específico para ser fotografado. Ele ofereceu as imagens prévias e posteriores ao clique do tamanduá, mas o animal aparece apenas na fotografia inscrita ao prêmio. Segundo Cabral, isso se deve ao fato de que ele usou uma técnica de longa exposição para capturar a foto.

 

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