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Grupo desafia prefeito e diz que realizará performance na Virada

Uma integrante da Academia TransLiterária, cuja performance 'Coroação de Nossa Senhora das Travestis' na quinta Virada Cultural de BH foi cancelada pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), atendendo a pedidos de grupos católicos que classificaram o espetáculo como blasfêmia, escreveu no Facebook que o grupo está sendo atacado e que manterá a apresentação, a despeito da decisão do prefeito. Porém, na tarde desta sexta-feira (19), o grupo Academia TransLiterária divulgou nota confirmando cancelamento da performance.


 

Idylla Silmarovi, do TransLiterária, escreveu no Facebook. "Estamos, enquanto coletivo, sendo atacados de maneira bem agressiva e desrespeitosa pela tradicional direita cristã desse país, pressionando o poder público e civis para cancelarem a Coroação de Nossa Senhora das Travestis: um atraque literário", publicou.



Ela citou a petição e também alguns nomes que, segundo ela, seriam responsáveis pelo ataque. Por fim, disse que "mais uma vez" vão superar a "intolerância e falta de amor desse mundo". E, contrariando a decisão do prefeito, afirmou que vão "coroar a Nossa Senhora das Travestis e celebrar a nossa existência com muita alegria".

ENTENDA A POLÊMICA


A comunidade católica pediu, e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), atendeu: nesta sexta-feira, 19, ele cancelou uma performance prevista para ocorrer amanhã, na quinta Virada Cultural de Belo Horizonte, a primeira na gestão Kalil. O espetáculo 'Coroação da Nossa Senhora das Travestis', criação do coletivo Academia Transliterária, foi duramente criticado pelos religiosos. Em petição publicada na internet e que recolheu mais de 20 mil assinaturas, o grupo pede que o ato seja anulado.

"Tal ato é uma afronta grave e direta contra o sentimento religioso dos cristãos, majoritários no Brasil e em Belo Horizonte, e constitui crime previsto no art. 208 do Código Penal.
Eis a tipificação: Vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa", diz o texto publicado na petição.

Por volta das 11h30, Kalil se pronunciou a respeito do caso no Twitter, dizendo que defende todas as liberdades, é católico, devoto de Santa Rita de Cássia. Disse ainda que ninguém agrediria a religião de ninguém e que isso não é cultura. Não deixou claro, porém, se o espetáculo seria cancelado ou não. Cerca de 30 minutos depois, publicou: "Estou comunicando que o evento está cancelado".

 

Através de sua assessoria de imprensa, o Instituto Periférico, organização da sociedade civil (OSC) selecionada por edital para realizar a Virada Cultural junto com a Prefeitura, confirmou o cancelamento. Confira a nota:

 

"A organização da Virada Cultural de Belo Horizonte informa a suspensão da performance da Academia Transliterária, uma das 447 atrações previstas na programação.
Ao ser selecionada por meio de um chamamento público, em nenhum momento houve intenção de ferir a crença religiosa de qualquer pessoa ou grupo. Mas na medida em que uma parte da sociedade sentiu-se duramente ofendida, optou-se, então, pela suspensão da atividade.
A Virada Cultural de Belo Horizonte é um evento que preza pela pluralidade e que tem como objetivo a convivência pacífica e harmônica entre todos os cidadãos".

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