Morre aos 89 anos, em São Paulo, a cantora Angela Maria

Artista estava internada há mais de um mês em hospital. Causa da morte não foi divulgada

por Ana Clara Brant 30/09/2018 08:09

Ela foi referência para vários cantores e ficou conhecida como Sapoti, apelido dado pelo presidente Getúlio Vargas. A cantora fluminense Angela Maria, de 89 anos, morreu na noite deste sábado (29), após 34 dias internada num hospital particular de São Paulo. A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório está marcado para este domingo (30), a partir das 10h, no Cemitério Congonhas, em Vila Sofia, São Paulo.

Murilo Alvesso/Divulgacao
Cantora foi uma das rainhas do rádio (foto: Murilo Alvesso/Divulgacao)

Nascida em Macaé, em 13 de maio de 1929, Angela foi uma das cantoras mais famosas do Brasil nos anos 1950 e 1960. Ela tinha 70 anos de carreira. O empresário da artista, Thiago Marques Luiz, postou, em sua página do Facebook, uma foto ao lado dela e escreveu sobre sua importância no mundo da música:


"Com o maior pesar do mundo informo a todos vocês que a maior cantora do Brasil, a nossa Rainha Angela Maria, não está mais entre nós. Foram 89 anos de vida e quase 70 de sucesso, reconhecimento, carinho e respeito de todo povo brasileiro. Não houve (e por certo não haverá) nenhuma cantora na nossa música com história semelhante em termos de produtividade, importância e longevidade. Tenho muito orgulho de ter Angela Maria na minha história e, principalmente, de ter dado a ela todas as flores em vida. Pra sempre te amarei, “Estrela da nossa canção popular”, escreveu.

 

 

 

O marido dela, o empresário Daniel D’Angelo, divulgou um vídeo emocionado no Facebook falando sobre a morte da cantora, principalmente sobre os 34 dias de sofrimento na internação.

 Os 70 anos de carreira da artista foram celebrado com o musical “Angela Maria — Lady Crooner”, apresentado, em junho, no palco do Teatro Carlos Gomes. A peça contou a trajetória pessoal e profissional da “Rainha do Rádio” — Angela foi uma das maiores estrelas da era de ouro da Rádio Nacional.

Em abril, a cantora apresentou a turnê “Angela Maria e as canções de Roberto e Erasmo”, quando levou aos palcos, além de suas canções, sucessos como “Sentado à beira do caminho”, “Você em minha vida”, “Sua estupidez”, “Eu disse adeus", “O show já terminou” e “Como é grande o meu amor por você".

 

Sapoti

Foi numa festa de réveillon, realizada no começo da década de 1950, que Ângela Maria ganhou o apelido que virou praticamente “sobrenome”, como ela contou em uma de suas últimas entrevistas ao Estado de Minas. A então Rainha do Rádio foi apresentada ao presidente Getúlio Vargas, que não escondeu a satisfação em conhecê-la. “Que prazer te conhecer, Sapoti”, disse ele. A estrela fechou a cara, pois achou que ele a chamara de “jabuti”.

“Só depois fui entender (risos). Ele me perguntou por que estava emburrada, e explicou que me apelidou de Sapoti porque eu tinha a cor daquela fruta e voz tão doce quanto o sabor dela. Nunca tinha comido sapoti, mas virou a minha marca. De vez em quando, um fã me presenteia com essa frutinha”, comenta a cantora.

 

Milton Nascimento era um dos seus grandes fãs e chegou a homenagear Angela Maria em uma parceria com o compositor Fernando Brant: A feminina voz do cantor.

 

 

 

 

LETRA A FEMININA VOZ DO CANTOR

 

Minha mãe que falou
Minha voz vem da mulher
Minha voz veio de lá, de quem me gerou
Quem explica o cantor
Quem entende essa voz
Sem as vozes que ele traz do interior?

Sem as vozes que ele ouviu
Quando era aprendiz
Como pode sua voz ser uma Elis
Sem o anjo que escutou
A Maria Sapoti
Quando é que seu cantar iria se abrir?


Feminino é o dom
Que o leva a entoar
A canção que sua alma sente no ar
Feminina é a paixão
O seu amor musical
Feminino é o som do seu coração

 

 

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