Atores comemoram a retomada do prêmio Molière

Depois de 24 anos, prêmio volta a premiar artistas da teledramaturgia. Última edição foi realizada em 1994

por Agência Estado 06/06/2018 08:00

TV Brasil/Divulgacao
%u201CMolière, o grande clássico francês, foi um dos mais importantes modelos que influenciaram a nossa dramaturgia, sobretudo a comédia brasileira%u201D, lembra o ator e diretor Juca de Oliveira (foto: TV Brasil/Divulgacao)

Depois de 24 anos, o Prêmio Molière voltará a ser entregue em 2018, com eventos em São Paulo e no Rio de Janeiro. O acordo foi firmado na França pelo produtor cultural Francisco Britto, que assinou o direito de uso do nome Molière no Brasil.

A primeira mudança é o fato de a marca se estender a ações além da habitual premiação. “Teremos um projeto cultural com exposição, documentário e portal”, informou Britto. “O teatro vem se profissionalizando cada vez mais, mas falta um pouco de espaço para mostrar tudo isso.”

A primeira edição brasileira do Molière, realizada entre 1963 e 1994, foi criada e patrocinada pela empresa aérea Air France. Foram premiados Cleyde Yáconis, Fernanda Montenegro, Antunes Filho, Marília Pêra, Flávio Rangel, Ademar Guerra, Consuelo de Castro, Jorge Andrade e Paulo Autran, entre outros artistas.

“Molière, o grande clássico francês, foi um dos mais importantes modelos que influenciaram a nossa dramaturgia, sobretudo a comédia brasileira”, lembra o ator e diretor Juca de Oliveira. “A reedição do prêmio ajudará muito o teatro brasileiro como expressão cultural e incentivará os artistas na consolidação de suas carreiras”, diz Juca, premiado, em 1968, com a peça Dois na gangorra, e, em 1972, com Um edifício chamado 200.

O ator, autor e diretor Marcos Caruso comenta a responsabilidade de ganhar o prêmio. “Quem tinha um Molière é porque havia chegado ao topo de sua trajetória. Os maiores atores, atrizes, diretores e autores do cenário brasileiro foram merecidamente agraciados e orgulham-se, como eu, de ostentar o busto de Molière. Hoje, não há similar no Brasil.” Ele se refere ao troféu, uma pequena escultura do dramaturgo francês. Os vencedores ganhavam também um bilhete aéreo para visitar a França.

Para Eva Wilma, o troféu e a passagem para Paris viabilizavam ao artista o encontro com as artes cênicas na Europa. “Além do trabalho reconhecido aqui, a gente tinha chance de ter contato com espetáculos apresentados nos teatros de Paris, Londres, Berlim e Roma”, observa.

A atriz diz que os prêmios acabam cumprindo parte do papel que seria responsabilidade do governo. “O teatro brasileiro sempre foi órfão dos governos. Não deste ou daquele, mas de todos. Uma ajudinha aqui, outra ali, mas o certo é que os governos de hoje, de ontem e de sempre nunca trataram o teatro como produto cultural que deve ser prestigiado”, diz Eva.

Na edição de 2018, o júri vai contemplar produções que ficaram em cartaz entre 2015 e 2017. Além disso, o número de categorias aumentou de seis para 12: atriz, ator, atriz coadjuvante, ator coadjuvante, diretor, cenógrafo, figurinista, projeto de iluminação, espetáculo, teatro infantil, musical e revelação do ano.

O conselho consultivo é formado por Francisco Britto e os atores Cassia Kiss, Marcelo Serrado, Paulo Betti e Odilon Wagner. Entre as atividades previstas está a exposição, com curadoria de Bia Lessa, que retoma os últimos 25 anos da produção teatral no país, reunindo cenários, figurinos, fotografias, imagens, documentos e a produção de um documentário a ser exibido no canal Arte 1. (Estadão Conteúdo)

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