Em 'Manhãs com pássaros', Paulo Vilara constrói imagens provocadoras entre o conto e a poesia

Escritor lança novo livro neste sábado, na Usina das Letras do Cine Belas Artes

por André Di Bernardi Batista Mendes 28/11/2015 08:00
Marcos Vieira/EM/D.A Press
(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )
O escritor, cronista e jornalista Paulo Vilara lança neste sábado, 28, Manhãs com pássaros – exercícios de síntese, na livraria Usina das Letras do Cine Belas Artes. A obra é dividida em três partes, Subsolo (desertos); Chão (neblinas); e Céu (manhãs com pássaros). Como num crescente, seguindo etapas, Paulo indica a intenção de cada poema/conto. Os textos respeitam a dinâmica desses estágios feitos de alegria. O poeta, acima de tudo, descreve cenas da vida. “A vida natural, com sua carga de poesia, de insignificância e de beleza”, como diz Jaime Prado Gouvêa no prefácio.


Quanto menor o poema/texto, mais intensa a sua carga, maior é o seu arsenal de armadilhas e imprecisões. É como escrever para crianças. É preciso fôlego para tirar do diamante a sua luz mais luminosa, é preciso lapidar a pedra até que o artista consiga uma espécie de propulsão para aqueles pássaros ansiosos, até que o poeta encontre um ponto de fuga, para si mesmo, para os seus possíveis leitores.

Paulo escreve poemas. Paulo escreve contos. Vai saber. Paulo escreve um pouco de tudo isso, ele mistura, liquidifica e o que vemos surgir destas volutas é algo que fica entre o bom e o profundo, sem os desmandos de uma erudição difícil. A literatura serve para divertir. Mas Paulo não escreve para esse tipo de leitor, apesar de alguns textos, sarcásticos, finos de um humor fino, alcançarem esse objetivo. O escritor tem uma visão um tanto cortante sobre o casamento, por exemplo. Paulo escreve como aquele que constata, às vezes embevecido, às vezes puto da vida, que a vida é algo muito maior e muito mais complexa do que pensamos.

Mineiro de Caxambu, Paulo Vilara é autor dos livros Jazz! Interpretações – Pequenas histórias de fúria, dor e alegria (Belo Horizonte, edição do autor, 2011), Palavras musicais (Belo Horizonte, edição do autor, 2006) e Congresso Internacional da Bicharada (Curitiba, Editora Arco-íris, 1996). Desde 2011, assina Coluna semanal sobre o América Futebol Clube, no caderno de esportes do Estado de Minas e no site Superesportes.

MANHÃS COM PÁSSAROS
>> De Paulo Vilara
>> Edição do autor
>> 152 páginas, R$ 30
>> O lançamento acontece hoje
(dia 28), das 11h às 14h, na Livraria Usina das Letras (Cine Belas Artes), Rua Gonçalves Dias, 1.581, Lourdes.


DUAS VEZES HISTÓRIA

Duas obras de referência para a historiografia serão lançadas hoje, das 11h às 13h, na Livraria UFMG do Espaço do Conhecimento UFMG (Praça da Liberdade, 700, BH). O primeiro é O testamento de Martim Afonso de Sousa e de Dona Ana Pimentel, organizado por Júnia Ferreira Furtado (Editora UFMG, 376 págs., R$ 88). O volume transcreve o manuscrito, analisa o contexto e a importância do documento e de seu autor, assim como o acervo do Setor de Obras Raras da universidade, ao qual ele pertence. O outro lançamento é História da família no Brasil (séculos 18, 19, 20): Novas análises e perspectivas (Fino Traço Editora, 388 págs., R$ 60), que reúne artigos em várias áreas do conhecimento: micro-história, estudo de gênero, história econômica e outras.

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