Leilão de obras da Jornada Solidária beneficia 11 creches e um abrigo da capital

Lote tem 85 obras doadas por artistas serão leiloadas no Museu Inimá de Paula

por Walter Sebastião 08/11/2015 13:56

Arte EM
Compõem o quadro acima nomes de crianças atendidas em algumas das creches beneficiadas pela Jornada Solidária (Clique par ampliar). Em negrito, estão identificados artistas que doaram obras para o Leilão da próxima terça-feira (foto: Arte EM)
Na próxima terça-feira, a Jornada Solidária realiza a 14ª edição de seu leilão de arte em benefício das creches atendidas pelo programa – neste ano, são 11 creches e um abrigo para crianças em situação de risco social. As 85 obras doadas para o projeto estão em exposição até hoje, no Museu Inimá de Paula. Há pinturas, esculturas, fotografias, gravuras (alinhados às mais diversas estéticas) de importantes artistas modernos e contemporâneos brasileiros.

O Museu Inimá de Paula apoia a iniciativa pelo segundo ano consecutivo. “É muito bonito ver a sociedade se mobilizando em prol das crianças. Elas são o futuro”, afirma Cláudia Tunes, diretora administrativa e financeira do museu. “Creche é dever dos governos, mas elas precisam de ajuda da iniciativa privada”, afirma.

 

Veja fotos das obras que serão leiloadas

 

O leilão de arte conta com apoio das galerias Beatriz Abi-Acl, Celma Albuquerque, Celma Alvim, Dotart, Errol Flynn, Firenze, Lemos de Sá, Liliane Carneiro Costa, Manoel Hagen e Orlando Lemos Galeria.

Os recursos obtidos com a venda das obras são empregados sobretudo na melhoria da infraestrutura das instituições e da qualidade dos serviços que oferecem, como relatam os administradores dessas entidades ouvidos pela reportagem.

“A importância da Jornada é que ela é mesmo solidária”, diz Michelle Acácia, coordenadora administrativa da creche Caminhando com Jesus. A instituição que ela dirige é comunitária, tendo sido fundada em 1989. Hoje, atende 100 crianças, de segunda a sexta, em horário integral.

Foi com recursos oriundos da Jornada Solidária que a Caminhando com Jesus pôde refazer, inteiramente, as instalações hidráulica e elétrica do imóvel em que está instalada. Segundo Michelle, havia risco à estrutura do prédio, caso os reparos não fossem realizados. “Foi uma obra importantíssima, que era indispensável, e a comunidade não tinha como pagar.”

A obra se estendeu para a pintura e a troca dos pisos de todas as salas. “O resultado é uma nova infraestrutura, que permite qualidade de atendimento”, diz a coordenadora. “Atendemos crianças que, muitas vezes, não têm nem o carinho de pai e mãe, para quem a creche é um refúgio”, observa. O cuidado com o aspecto emocional das crianças, que inclui psicólogos na equipe da instituição, é outra medida viabilizada com a ajuda da Jornada Solidária. “Um ambiente saudável e apoio emocional permitem o desenvolvimento da criança. Oferecendo educação básica, estamos dando os primeiros passos para formar adultos equilibrados, cidadãos de bem.”

EXPECTATIVA
No Barreiro, a Creche Bom Menino, criada em 1988, atende 93 crianças de diversos bairros da região, de segunda a sexta-feira, também em tempo integral. No momento, a expectativa dos dirigentes da instituição é conseguir realizar a ampliação das salas de atendimento. A prioridade anterior foi a reforma que afastou o banheiro do refeitório, dando a ambos melhor infraestrutura.

“A demanda por atendimento é grande, temos espaço para construir e ampliar atividades, mas faltam recursos”, afirma Gilza de Oliveira Souza, coordenadora administrativa. “O trabalho que fazemos é nossa contribuição para que crianças não sejam usadas em comércio de rua. É um modo de preservá-las”, diz.

Segundo Gilza, “se não fosse a Jornada Solidária, o funcionamento seria muito precário”. Ela conta que “as despesas são grandes, mesmo tendo outros convênios. Rotina de creche beneficente é aperto todo dia, administrando dívidas”. A Creche Bom Menino surgiu depois que a associação de moradores passou a oferecer cursos profissionalizantes para mulheres, que precisavam de um lugar onde deixar seus filhos enquanto estudavam. “Nossa sociedade precisa aprender a ser mais solidária”, observa Gilza.

José Geraldo Braz é presidente, em segundo mandato, de uma das mais antigas creches de Belo Horizonte: a Padre Francisco, do Bairro São Geraldo, criada em 1979, atendendo atualmente 126 crianças. Ele não esconde a satisfação por, com os recursos da Jornada Solidária, ter transformado a atmosfera do local. Uma reforma mudou as condições do lugar, com a instalação de azulejos, a troca de pisos e pintura das paredes.

“Temos uma brinquedoteca linda”, conta, vaidoso. “A Jornada Solidária consegue identificar o problema e resolvê-lo. Quem agradece a colaboração são todos os pais que precisam de um local tranquilo para deixar os filhos”, explica. Braz afirma que “dirigir uma instituição de assistência não é brincadeira. Exige presença constante, dedicação, tempo para vencer muitos desafios”.

Ele, assim como os demais entrevistados desta reportagem, ressalta que colaboradores são sempre bem-vindos. “Doação, seja de uma agulha ou um avião, tem muito valor para nós”, afirma. O apoio do comércio do bairro, exemplifica, doando refrigerantes, pães, salgadinhos etc., torna possível a realização, a cada mês, de uma festa para os aniversariantes daquele período.

 

 

SERVIÇO

Leilão de arte da Jornada Solidária

Pinturas, esculturas, desenhos e objetos

Terça-feira, 10, às 20h, no Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1.201, Centro). (31) 3213-4320

 

 

 

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