Baixo Centro de Belo Horizonte inspira novela do quadrinista Jão

A vida frenética da metrópole, movimentos sociais voltados para impasses urbanos e a agitação cultural são tema do quadrinho 'Baixo Centro'

por Mariana Peixoto 08/11/2015 15:00
Luiz Carlos Oliveira Ferreira/divulgação
Jão diz que 'Baixo Centro' é fruto do momento político que o Brasil atravessa (foto: Luiz Carlos Oliveira Ferreira/divulgação)
Dois personagens, ninguém sabe por que, estão correndo pelo Centro de Belo Horizonte. Um carrega a mochila, o outro leva na camisa a marca vermelha, que pode (ou não) ser sangue. Podem estar fugindo da polícia; podem estar fugindo dos bandidos; podem estar, simplesmente, correndo para chegar a um compromisso.


A partir desta cena foi construída a novela gráfica Baixo Centro (Miguilim, 64 páginas), do quadrinista Jão, que foi lançada neste domingo à tarde, durante o Duelo de MCs, embaixo do Viaduto Santa Tereza.

Divulgação
(foto: Divulgação)
Não foi em vão o cenário da primeira tarde de autógrafos do livro de estreia do artista belo-horizontino. Ex-morador do Centro, Jão, ao caminhar por ali, pensava como o local seria propício para uma história de aventuras. Para o projeto, iniciado em 2013, ele convidou o amigo Rafael, então responsável pelo blog Fatos Surreais, que o ajudou a escrever o roteiro.

“A partir disso, criamos uma história curta. Engavetei o projeto, até que percebi como o contexto político do país e o discurso do ódio eram favoráveis a que a história começasse a ser desenhada. Tanto que ela acabou virando uma novela, com personagens secundários e situações além da principal”, explica Jão.

O quadrinista diz que a correria dos personagens é metáfora da juventude atual, “sempre correndo”. Iniciativas como o Duelo de MCs e o movimento Praia da Estação foram referências para a narrativa, ainda que não apareçam diretamente na novela.

Baixo Centro não tem diálogos. Há, no entanto, dois textos que contextualizam o conteúdo. A apresentação leva a assinatura do escritor e pesquisador João Perdigão, e o posfácio, de Fabiano Azevedo, antigo editor da extinta revista Graffiti 76% quadrinhos.

Quadrinista há oito anos, Jão estreia no formato graphic novel depois de publicar trabalhos em antologias e revistas independentes de quadrinhos. Este ano, ele também produziu a série de animação Às vezes, exibida pela Rede Minas.

 
NO FIQ

Jão vai autografar Baixo Centro durante o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), na Serraria Souza Pinto (Av. Assis Chateaubriand, 809, Centro). Serão duas sessões: sábado que vem, às 16h, no estande da editora Miguilim, e dia 15, também às 16h, na Praça Cartunista Afo. Entrada franca.

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