O primeiro convite feito ao público que chega para ver 'Rosa Choque', espetáculo em cartaz no Galpão Cine Horto, é que se organize em duas filas distintas. Do lado esquerdo as mulheres; do direito, os homens. Começar segregando não é ser gratuito nesse caso. É também uma forma de inserir o espectador na dramaturgia do espetáculo, protagonizado pelos atores Cris Moreira e Guilherme Théo.
Se Assis Benevenuto e Marcos Coletta exploram essa dicotomia no texto, Cida Falabella amarra o discurso criando uma cena a seu serviço. Há ficção, teatro-documentário e também biográfico. Os gêneros cênicos se embolam e desse emaranhado de histórias e experiências sobressai uma ideia: como somos padronizados em relação ao gênero. Há necessidade de ainda ser assim? Haveremos sempre de queimar sutiãs?
Cris Moreira e Guilherme Théo interpretam-se a si mesmos e a muitos outros. A troca de papéis demanda versatilidade para responder aos estímulos levados para a cena. Théo demonstra mais destreza no exercício das nuances. Vídeo, luz e figurino complementam o trabalho dos atores na composição da cena. Em tal exercício, o poder da imagem é superestimado e o teatro, em alguns momentos, se faz em função dela. É um detalhe na montagem que tem na lucidez da mensagem seu ponto alto.
Rosa choque
Sexta e sábado, 21h; domingo, 19h. Galpão Cine Horto. Rua Pitangui, 3.613, (31) 3481.5580. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Até dia 17.