Autoras enfrentam dificuldades para lançar livros

Eliane Marta Teixeira Lopes e a designer Bela Bordeaux, recorrem à alternativas para lançar suas obras

por Ailton Magioli 20/04/2015 00:13

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Felipe Bastos/Divulgação
Bela Bordeaux recorre ao financiamento de crowdfunding para lançar o livro infantil 'Tenho dois papais' (foto: Felipe Bastos/Divulgação)

Representantes de gerações distintas, em plena era tecnológica, a professora Eliane Marta Teixeira Lopes, de 68 anos, e a designer Bela Bordeaux, de 25, vivem o mesmo problema. Mesmo com projeto aprovado na Lei Rouanet, no caso de Eliane, ambas não conseguem publicar os respectivos livros Querido alguém (escrito em parceria com Sylvia Vartuli) e Tenho dois papais, cujas temáticas, não por acaso, têm tudo a ver com a inexorável passagem do tempo.


Enquanto em Querido alguém Eliane e Sylvia discutem a relação das pessoas mediada pelo gesto da escrita no papel (carta), com a intenção de revelar um segredo ou algo parecido, em Tenho dois papais Bela expõe sem preconceitos os novos arranjos familiares por meio da rotina de Beto e Leo, que adotam um menino. Os últimos exemplares do livro de Eliane e de Sylvia, cuja edição das autoras limitou-se a 300 exemplares, ainda podem ser encontrados em algumas livrarias da capital. Já o de Bela segue firme em campanha de financiamento coletivo (crowdfunding) no site www.catarse.me/tenhodoispapais, até 24 de maio.

Sem patrocínio Uma nova edição de Querido alguém? “Não sei se há demanda para isso. Foi muito desgastante para a gente fazer o livro, ficar atrás de patrocínio”, desabafa Eliane, que é professora emérita da UFMG e, atualmente, professora visitante da Ufop. Adepta da escrita de cartas, a professora diz que elas são um desejo de movimento em direção a outra pessoa muito maior do que o atual e-mail.


 “A carta exige muito mais desejo de comunicar com outra pessoa do que o e-mail ou a mensagem de Facebook”, acredita Eliane, que sempre escreveu cartas sem um destinatário específico. Daí o desejo de reunir algumas delas no livro, cujo design feito por Sylvia Vartuli é destaque à parte. “Já me disseram que o livro é tão bonito que o apelo visual (design) acabou ficando maior do que o do texto”, reconhece Eliane. Autora publicada desde a década de 1980, ela acaba de lançar, pela coleção BH – A cidade de cada um, livro dedicado ao Bairro Santo Antônio.

Sem preconceito Bela Bordeaux, por sua vez, fez do ainda inédito Eu tenho dois papais trabalho de conclusão de curso na escola de design da UEMG. “Trabalhei em escola antes de chegar à universidade, onde mantive contato com o público infantil”, justifica a atração pelo segmento, lembrando que o envolvimento com a comunidade LGBT foi posterior. Ao se deparar na TV com um festival holandês do gênero, ela diz ter tido o insight para produzir o livro, com o qual quis dar a colaboração do design por um mundo no qual as diferenças sejam respeitadas e celebradas.


Feito para ser lido por crianças de 3 a 6 anos, e com adultos que cuidam de pequenos, a obra visa divulgar na sociedade ideais de igualdade e diversidade. A produção do livro, de acordo com Bela, levou em consideração o Censo 2010, que mostrou que 50,1% dos lares brasileiros diferem do modelo tradicional de família. Tenho dois papais é o primeiro livro da jovem autora, que trabalha atualmente na edição de revistas de arquitetura e decoração.–

 

 

Volume da coleção
BH – A cidade de cada
um escrito por Eliane
Marta Teixeira Lopes

MAIS SOBRE E-MAIS