Capela Sistina vem sofrendo sistematicamente com a visitação massiva

Aumento do número de visitantes, que deve chegar a 6 milhões neste ano, provoca desgaste nas obras. Alternativas para reduzir circulação estão em estudo

por Estado de Minas 14/03/2015 08:00

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FILIPPO MONTEFORTE/AFP
Jornalistas conferem a nova iluminação com lâmpadas de LED instalada na Capela Sistina, em 2014 (foto: FILIPPO MONTEFORTE/AFP)
Cinco milhões e 890 mil pessoas visitaram os museus do Vaticano em 2014. A previsão é de que esse número chegue a 6 milhões neste ano. Atração máxima do complexo, a Capela Sistina vem sofrendo sistematicamente com a visitação massiva. Há alguns projetos em andamento para tentar diminuir o número de pessoas, que trazem consigo problemas que podem afetar definitivamente afrescos de Michelangelo e Botticelli.

Artigo publicado pela revista britânica The Economist aponta duas possíveis soluções para a questão: uma delas seria a limitação do número de visitantes. A outra, mais ambiciosa, prevê a construção de um pavilhão virtual da Capela Sistema, que levaria os turistas a ficar menos tempo no espaço físico. Para a visitação virtual estuda-se o uso de óculos inteligentes, que permitiriam uma apreciação em 3D.

Nos dias de pico, 25 mil pessoas visitam a joia do Vaticano, número quatro vezes maior que o que a Capela Sistina recebida em 1980. A circulação de pessoas no local eleva os níveis de poeira e CO2 (dióxido de carbono), que afetam as obras renascentistas. Já há algum branqueamento no parte sul, pintada abaixo de afrescos dedicados a Moisés. A única proteção dos afrescos é um sistema de controle de temperatura, que foi projetado para menos da metade do número atual de visitantes.

Só que esse público leva dinheiro. A receita dos ingressos gira em torno de 80 milhões de euros anuais; outros 20 milhões de euros são provenientes de merchandising. Metade desse montante é destinado aos custos do museu. A outra parte vai diretamente para a Cidade do Vaticano.

O público que vai visitar a capela é semelhante ao que vai anualmente ao Museu Metropolitan, em Nova York. É inferior, no entanto, ao número de pessoas que visitam o Louvre, o museu mais visitado do mundo – a instituição francesa recebeu 9,3 milhões de visitantes no ano passado.

Vale lembrar, contudo, que a área dos dois museus é muito maior do que a da Capela Sistina. Tanto no Met quanto no Louvre, o público pode se espalhar pelas várias salas dedicadas à arte. A capela é uma atração por si própria.

Toda e qualquer modificação no sistema de visitação da capela ainda esbarra na autoridade máxima da Igreja Católica, que vem abrindo o espaço para algumas ações. O papa Francisco permitiu em outubro concerto de música de Rossini no interior da capela. A apresentação, promovida pela Porsche Travel Club, cobrou 5 mil euros de cada convidado. Com a cessão do espaço, o papa recebeu um grande aporte de dinheiro da Porsche, verba que foi destinada a obras de caridade. Já em janeiro último, o pontífice batizou 33 bebês na capela e convidou as mães a amamentarem os filhos no local.

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