Obras de Fernando Fiuza estão em exposição na cidade

Com curadoria de Luciana Radicchi, mostra póstuma póstuma do artista reúne sua produção de desenhos sobre o feminino feita desde a década de 1980 até o ano de sua morte

por Ailton Magioli 25/02/2015 09:13

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FOTOS: MARCELO PRATES/DIVULGAÇÃO
Desenho que integra a mostra 'Mulheres, o traço poético de Fernando Fiuza', que será aberta hoje, no CCBB (foto: FOTOS: MARCELO PRATES/DIVULGAÇÃO)
Vítima de uma cardiopatia que o afastou de atividades comuns da infância, como o futebol, Fernando Fiuza (1953-2009) acabaria encontrando no universo feminino a inspiração para a obra que faria dele um artista de renome em Belo Horizonte. Reconhecido pelos seus trabalhos em fotografia e pintura, foi no desenho, no entanto, que melhor expressou a atração pelas mulheres, em técnicas como acrílica, aquarela, carvão, guache, grafite, pastel seco.

Essa parte de sua obra está reunida na mostra 'Mulheres, o traço poético de Fernando Fiuza', em cartaz a partir de hoje e até o mês de abril, nas galerias do térreo do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). Companheira de Fiuza durante 18 anos, a ceramista Luciana Radicchi assina a curadoria da exposição, a primeira desde a morte do artista, há quase seis anos, a serem completados em 30 de outubro.

“Fiuza gostava muito de fazer retratos”, relata Luciana, que, ao consultar o acervo herdado do marido, constatou que a figura feminina era o o alvo predileto do artista. Dos desenhos pequenos às telas grandes, passando pelos desenhos de porte médio, a curadora conseguiu reunir 63 retratos de Fernando Fiuza, entre os quais alguns da própria Luciana Radicchi. Os dois artistas trabalhavam juntos, no mesmo ateliê.

“Além de ter o costume de pedir para desenhar amigas, às vezes ele também pegava uma foto de revista em posição que achava ideal para desenhar ou pintar”, recorda a ceramista.

“Mesmo quando viajava, lá ia o bloquinho junto dele”, lembra Luciana Radicchi, ressaltando que até no hospital Fiuza gostava de desenhar. A longa espera para mostrar parte do acervo herdado do artista, segundo diz, se deve sobretudo à questão emocional, além da vastidão do acervo (as duas mapotecas mantidas em casa estão lotadas de desenhos de Fiuza). “Foi um processo”, confessa Luciana Radicchi, lembrando que Claudio Rocha, primo do artista, é o autor do projeto de 'Mulheres, o traço poético de Fernando Fiuza'.

De material inédito, Fernando Fiuza deixou o projeto de três livros que, mesmo aprovado pela Lei Rouanet, Luciana Radicchi não conseguiu viabilizar, diante da ausência de potenciais patrocinadores. “O projeto previa uma caixa com livros de desenhos, colagens e fotografias”, diz a companheira do artista, lembrando que Fiuza foi autor de uma única publicação. Trata-se de 'Retratos da música', na qual o artista, amigo dos integrantes do Clube da Esquina, reuniu fotos de músicos belo-horizontinos de variadas gerações. “Havia material para ele fazer mais uns três livros de fotos de músicos”, diz a ceramista.

O material reunido agora por ela em 'Mulheres, o traço poético de Fernando Fiuza' data desde a década de 1980 até a morte do artista.

“Afora a questão do feminino, todo mundo gostava muito do Fiuza”, conta, orgulhosa da popularidade do marido, que, em vez de jogar futebol ou ir à escola, acabou encontrando na companhia feminina o alento para enfrentar a cardiopatia  desde a infância. “Fiuza retratava as mulheres muito bem, com muita sensibilidade”, constata. Segundo revela, entre os poucos poemas que escreveu, alguns também foram dedicados às mulheres.

Amigos farão recital e noite de autógrafos

Apresentada a Fernando Fiuza pelo músico Marco Antonio Araújo, a jornalista e escritora Malluh Praxedes selou uma amizade tão profunda com o artista que até hoje se refere a ele no presente. “Nando sempre foi uma pessoa curiosa, divertida e desafiadora”, diz Malluh. Além de projeto gráfico, Fiuza fazia ilustrações e fotografias para os livros de Malluh. A parceria se estendeu por 11 livros.

Na abertura da exposição 'Mulheres, o traço poético de Fernando Fiuza', hoje, Malluh irá autografar o seu mais recente livro, Dona de mim, com ilustrações do amigo e também a segunda edição de Suspiração, que ela também fez em parceria com o artista, e completa uma década de lançamento.

“Fiuza era adorável, respeitava as pessoas e cultivava uma verdadeira paixão pelas mulheres”, diz ela, salientando que jamais viu o amigo com uma mulher feia. “Muito ligado à plasticidade, ele só namorava mulheres bonitas”. “Além de muito gentil, Fiuza tinha um olhar muito apurado.”

Paralelamente, os músicos Juarez Moreira (violão) e Mauro Rodrigues (flauta), também amigos de Fernando Fiuza, vão interpretar composições que ele gostava de ouvir. “Fiuza era totalmente musical. Ele não só gostava de música, mas também de falar de música”, recorda Juarez. Além de temas de Hermeto Pascoal e Bill Evans, ele e o flautista vão tocar clássicos do choro e de outros gêneros e temas autorais. “Uma pessoa como Fiuza faz falta”, diz Juarez.

Como parte da programação, ainda no dia 11 de março, às 19h, o Teatro 2 do CCBB irá exibir o documentário O homem roxo, de Carlos Canela e Duke. O filme retrata a trajetória do artista plástico e sua batalha contra a doença azul, a cardiopatia que o acometeu desde a infância. Antes da sessão, também gratuita, os diretores irão conversar com o público sobre o filme. Para o poeta Thiago de Mello, o amigo Fernando Fiuza era o próprio poeta da pintura.

'MULHERES, O TRAÇO POÉTICO DE FERNANDO FIUZA'
Desta quarta (25 fevereiro) até 13 de abril, nas galerias do térreo do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), Praça da Liberdade, 450, Funcionários. Visitação de quarta a segunda, das 9h às 21h. Entrada franca.

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