Cinquenta obras do Inhotim deixam Brumadinho e ficarão expostas em BH

Guia, site e debates vão ajudar o público a interagir com o acervo

por Walter Sebastião 11/12/2014 07:30

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Edésio Ferreira/EM/D.A press
'Homo sapiens sapiens', da suíça Pipilotti Rist (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A press )
Uma exposição que registra a época em que os artistas trocaram o quadro e a escultura pela ação direta no mundo. Desenvolvido a partir da segunda metade do século 20, esse caminho continua sendo trilhado e é o argumento que norteia a mostra 'Do objeto para o mundo', que será aberta nesta sexta-feira no Palácio das Artes e no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, em Belo Horizonte.

Cinquenta obras foram selecionadas entre as 800 do mais importante acervo brasileiro de arte contemporânea, pertencente ao Instituto Inhotim, em Brumadinho. Pela primeira vez, elas serão apresentadas fora da sede da instituição.


O ponto de partida é o neconcretismo brasileiro. Rodrigo Moura, curador de Inhotim, lembra que, a partir do fim dos anos 1950, esse movimento fundou o caminho experimental que tirou a pintura da parede, criou peças interativas e fez do corpo suporte da obra de arte.


No fim dos anos 1960, observa Inês Grosso, curadora da mostra, artistas de todas as latitudes optaram por esse caminho para comentar a conjuntura política e cultural em que viviam, com ditaduras, guerras, crise social e ética, além de movimentos de protesto da juventude e luta por direitos civis. Por permanecerem atuais, tais questões foram trazidas por jovens criadores para o presente.


Moura explica que a abordagem da exposição 'Do objeto para o mundo' surgiu a partir de pesquisa no acervo do Instituto Inhotim, considerando diálogos e referências postos pelas trabalhos. O público poderá ver muitas obras iniciais, hoje históricas, de artistas que têm pavilhões em Brumadinho – Helio Oiticica, Cildo Meireles, Lygia Pape e Chris Burden, entre outros. Nesse sentido, a mostra promove uma contextualização importante para o público. As pessoas terão à disposição guia de visita, iluminação especial e debates com curadores e artistas, além de site com programação. A ideia é fazer com que as pessoas se sintam convidadas a fruir e discutir o apresentado, diz o curador.

A mostra trabalha um momento específico – a formação da arte contemporânea –, mas sem considerá-lo parado no tempo ou fechado. “Carrega, ainda, um olhar informado pela arte brasileira”, observa Rodrigo Moura, citando fluxos migratórios e trocas da arte e da cultura. “Não é nossa intenção reproduzir as experiências realizadas em Brumadinho. É outra experiência”, avisa o curador.

A maior parte das obras não foi mostrada até agora em Inhotim. Moura diz que é sonho antigo trazer o acervo do Instituto Inhotim para o Palácio das Artes. “O local é marco zero da arte contemporânea da capital, endereço de referência, lugar de Belo Horizonte por onde todos passam”, observa.


O público verá obras de Abraham Cruzvillegas, André Cadere, Artur Barrio, Channa Horwitz, Cildo Meirelles, Chris Burden, Cinthia Marcelle, Saniel Steegmann Mangrané, David Lamelas, Décio Noviello, Ernesto Neto, Gabriel Sierra, Hélio Oiticica, Hitoshi Nomura, Iran do Espírito Santo, Jac Leirner, Jorge Macchi, José Dávila, Juan Araujo, Kiyoji Otsuji, Lygia Clark, Lygia Pape, Mauro Restiffe, Melanie Smith, Pipilotti Rist, Raquel Garbelotti, Rivane Neuenschwander, Thomas Hirschhorn e Tsuruko Yamasaki.

DO OBJETO PARA O MUNDO
Coleção Inhotim. Curadoria: Rodrigo Moura e Inês Grosso. Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro; Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, Avenida Afonso Pena, 737, Centro. Abertura para o público nesta sexta-feira. De terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 16h às 21h. Entrada franca.

CONVERSAS

Sexta-feira, às 19h30, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, o público vai conversar com os artistas David Lamelas e Jorge Macchi. Sábado, às 14h30, será a vez do encontro dos artistas Cildo Meireles e Décio Noviello com o crítico Frederico Morais. Lotação máxima: 170 pessoas. Entrada franca, por ordem de chegada.


BIENAL DE SP

O alemão Jochen Volz, ex-curador do Instituto Inhotim, vai assinar a curadoria da 32ª Bienal de São Paulo, que será realizada em 2016. “Recebo com orgulho, alegria e animação essa notícia. Jochen é um colega querido e muito próximo”, afirmou Rodrigo Moura, curador de Inhotim. Para ele, a indicação, além de evidenciar os méritos pessoais do colega, é o reconhecimento do trabalho da instituição. “É bom ver uma relação com artistas e público e um modo de se formar acervo serem valorizados”, acrescenta. Desde 2012, Volz é curador-chefe da Serpentine Galleries, importante galeria de Londres. Luis Terepins, presidente da Bienal de São Paulo, ressaltou a ampla experiência em bienais de Volz, destacando sua elogiada postura ética e profissional.

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