Para os belo-horizontinos, Cândido Portinari (1903-1962) não chegava a ser apenas um retrato na parede, mas sim o responsável pelos murais interno (a Via Crúcis) e externo (a vida de São Francisco de Assis) na Igreja da Pampulha. No ano passado, com a vinda de uma de suas maiores obras, os painéis-irmãos Guerra e paz, expostos no Cine-Theatro Brasil, um outro lado do legado do artista modernista pôde ser conhecido.
Outra obra de Portinari ganhou destaque novamente em BH: Civilização mineira, o maior de seus quadros em Minas Gerais, que passou no último ano por processo de restauração. A obra ocupava o antigo Palácio dos Despachos, na Praça da Liberdade, que hoje abriga a Casa Fiat de Cultura.
Painel de 2,34m X 8,14m que trata da evolução da sociedade, da mudança da capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizonte, no fim do século 19, sofria com cupins e esbranquiçamento de partes da obra. Para marcar a entrega do painel restaurado ao público, o estilista Ronaldo Fraga criou uma exposição que relê a obra do artista paulista. A mostra Recosturando Portinari será aberta hoje ao público.
O convite para que Ronaldo trabalhasse Portinari ocorreu enquanto o estilista estava em meio à produção de sua coleção verão 2014/2015 – que leva o nome de O caderno secreto de Cândido Portinari, e chega a sua loja na segunda quinzena de setembro. “Mostrar o processo de restauração do painel é a ponta do iceberg. A exposição traz algo que considero muito maior, que é a oportu1nidade de apresentar a obra de Portinari para uma outra geração”, afirma. De acordo com ele, a primeira preocupação foi uma maneira de pensar a exposição de uma forma que interessasse “a qualquer pessoa, com qualquer formação cultural e classe econômica.”
Além da cronologia de Portinari e de todo o registro da restauração, Ronaldo convida o visitante a entrar no universo do artista. Na visão dele, a obra aparece agigantada, ganha efeitos 3D, onde os pássaros podem realmente voar. Portinari pintou o homem do campo, a vida no interior do Brasil. Elementos muito presentes nos quadros de Portinari ganham novas versões. Além dos tradicionais balões de são-joão, há ainda espantalhos criados por Léo Piló com sucatas do campo – enxadas, gaiolas – servem (com monitores de vídeo) para apresentar os fatos mais importantes de sua vida e carreira. Há ainda espaço para a releitura de Ronaldo na moda – 20 looks apresentam a coleção O caderno secreto.
“O grande valor do Portinari não é a obra, mas o pensar dele. A pessoa que sai do interior do Brasil, aquele que tem alma de lavrador de café, os retirantes nordestinos, foi esse povo que ele pintou até o fim da vida. E você tem que pensar que isso foi nos anos 1920 e 1930, quando havia uma negação do Brasil rural muito maior do que hoje. Tudo isso o Portinari projetou para o terreno modernista. Foi uma das grandes cabeças de sua geração a mudar o Brasil”, conclui Ronaldo. (MP)
Outra obra de Portinari ganhou destaque novamente em BH: Civilização mineira, o maior de seus quadros em Minas Gerais, que passou no último ano por processo de restauração. A obra ocupava o antigo Palácio dos Despachos, na Praça da Liberdade, que hoje abriga a Casa Fiat de Cultura.
Painel de 2,34m X 8,14m que trata da evolução da sociedade, da mudança da capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizonte, no fim do século 19, sofria com cupins e esbranquiçamento de partes da obra. Para marcar a entrega do painel restaurado ao público, o estilista Ronaldo Fraga criou uma exposição que relê a obra do artista paulista. A mostra Recosturando Portinari será aberta hoje ao público.
O convite para que Ronaldo trabalhasse Portinari ocorreu enquanto o estilista estava em meio à produção de sua coleção verão 2014/2015 – que leva o nome de O caderno secreto de Cândido Portinari, e chega a sua loja na segunda quinzena de setembro. “Mostrar o processo de restauração do painel é a ponta do iceberg. A exposição traz algo que considero muito maior, que é a oportu1nidade de apresentar a obra de Portinari para uma outra geração”, afirma. De acordo com ele, a primeira preocupação foi uma maneira de pensar a exposição de uma forma que interessasse “a qualquer pessoa, com qualquer formação cultural e classe econômica.”
Além da cronologia de Portinari e de todo o registro da restauração, Ronaldo convida o visitante a entrar no universo do artista. Na visão dele, a obra aparece agigantada, ganha efeitos 3D, onde os pássaros podem realmente voar. Portinari pintou o homem do campo, a vida no interior do Brasil. Elementos muito presentes nos quadros de Portinari ganham novas versões. Além dos tradicionais balões de são-joão, há ainda espantalhos criados por Léo Piló com sucatas do campo – enxadas, gaiolas – servem (com monitores de vídeo) para apresentar os fatos mais importantes de sua vida e carreira. Há ainda espaço para a releitura de Ronaldo na moda – 20 looks apresentam a coleção O caderno secreto.
“O grande valor do Portinari não é a obra, mas o pensar dele. A pessoa que sai do interior do Brasil, aquele que tem alma de lavrador de café, os retirantes nordestinos, foi esse povo que ele pintou até o fim da vida. E você tem que pensar que isso foi nos anos 1920 e 1930, quando havia uma negação do Brasil rural muito maior do que hoje. Tudo isso o Portinari projetou para o terreno modernista. Foi uma das grandes cabeças de sua geração a mudar o Brasil”, conclui Ronaldo. (MP)
Mais Fraga
Além de Portinari, Ronaldo Fraga também assinou exposições sobre o Rio São Francisco, Bossa Nova e a obra dos escritores Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa. Uma parte dessas duas últimas está reunida na mostra Moda e literatura, em cartaz no Centro de Referência da Moda, Rua da Bahia, 1.149, Centro.
Além de Portinari, Ronaldo Fraga também assinou exposições sobre o Rio São Francisco, Bossa Nova e a obra dos escritores Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa. Uma parte dessas duas últimas está reunida na mostra Moda e literatura, em cartaz no Centro de Referência da Moda, Rua da Bahia, 1.149, Centro.
RECOSTURANDO PORTINARI
Casa Fiat de Cultura, Praça da Liberdade, 10, Funcionários, (31) 3289-8900. Visitação de terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h. Entrada franca. Até 26 de outubro.
Casa Fiat de Cultura, Praça da Liberdade, 10, Funcionários, (31) 3289-8900. Visitação de terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h. Entrada franca. Até 26 de outubro.