“Antes de ser ator trabalhei com desenho animado publicitário, estudei artes plásticas e sempre tive uma relação muito estreita com o teatro. Quando a Melissa comentou comigo que gostaria de fazer Camille, falei: então, vou ser o Rodin”, lembra o ator sobre o início do projeto. Há pelo menos dois anos, eles estão em cartaz com o espetáculo. Para escrever o texto, foi convidado o dramaturgo e jornalista Franz Keppler, que optou por desenvolver a história a partir da ardorosa paixão que viveram.
A peça acompanha a chegada da jovem Camille Claudel a Paris, quando ela se torna aluna, discípula e amante de Rodin. Ao mesmo tempo em que combate o preconceito da sociedade com a mulher e a artista, ela posa para ele e o fascina com sua personalidade. O diálogo amoroso se torna presente nas obras dos dois. Após o rompimento, ele se torna famoso e ela é internada à força em um manicômio.
Desde que estreou, o espetáculo já foi visto por cerca de 70 mil espectadores. Para Leopoldo Pacheco, o que chama atenção de norte a sul do país é o interesse que as pessoas ainda guardam por dramas trágicos. “Hoje, parece que o interesse é sempre pela comédia e acho que a curiosidade é grande pela história deles. Deu muito certo”, avalia.
Obras A argila está entre os objetos de cena, mas as obras tanto de Rodin como de Camille aparecem no espetáculo por meio do corpo dos atores. Trabalhos famosos como 'O pensador', 'O beijo', 'A idade madura' de alguma forma estarão representados no palco. “Durante o ensaio, todas as fotos das obras foram colocadas no chão e o tempo inteiro nos relacionamos com elas, procurando encaixá-las na narrativa”, explica Leopoldo.
Para o ator, ao contar a história de franceses do século 19 para um público do século 21, a sensação que fica é de que quando existe paixão em jogo, pouco mudou ao longo do tempo. “São coisas que vemos hoje em dia. São relações incônicas da paixão. Eles são ícones também neste sentido”, complementa o ator. Melissa chama atenção para a discussão sobre autoria, também implícita na história dos escultores. “Autor é quem faz, põe a mão na massa, ou quem imagina? O texto tem muitas perguntas sem dar respostas fechadas”, diz.
BATE-PAPO
Os atores Leopoldo Pacheco e Melissa Vettore batem papo com o público depois da sessão de sábado. Com a mediação de Expedito Araújo, vão contar sobre o processo de elaboração da montagem. Assuntos como o duelo criativo e amoroso dos artistas biografados e também o papel da mulher na sociedade estarão na pauta do encontro. A participação é gratuita para quem estiver no teatro.
CAMILLE E RODIN
Sábado, às 21h; domingo, às 20h. Teatro Bradesco. Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, (31) 3516-1360. Ingressos:
R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).