Livro encadernado com pele humana é descoberto na biblioteca de Harvard

Universidade norte-americana confirmou em análises a presença do órgão humano em exemplar de 'Des destinées de l'ame', do francês Arsène Houssaye

por AFP Fernanda Machado 06/06/2014 20:20

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Houghton Library Blog/Reprodução
Dr. Ludovic Bouland (1839-1932) recebeu exemplar original como presente do autor e tratou de encapá-lo com a pele de uma paciente; médico explicou o processo em nota contida no livro, mas o texto era tomado como uma piada (foto: Houghton Library Blog/Reprodução)
Pesquisadores da universidade de Harvard (Cambridge, Massachusetts, noroeste dos Estados Unidos) anunciaram a surpreendente descoberta de um livro francês do século XIX conservado na biblioteca Houghton da prestigiosa universidade: está encadernado com pele humana.

"Provas revelaram que a cópia de 'Des destinées de l'ame' (Destinos da alma) de Arsène Houssaye tem, sem dúvida, uma encadernação de pele humana", informou a biblioteca em artigo publicado em seu blog, assinado pela curadora assistente em livros modernos e manuscritos, Heather Cole.

"Pesquisadores e curadores de Harvard analisaram a encadernação utilizando vários métodos diferentes. Segundo o curador de livros raros Alan Puglia, as provas demonstram com 99% de certeza que a encadernação é de origem humana", diz o texto. A descoberta não é nada mais do que uma confirmação, já que o próprio Houssaye (1815-1896) deixou uma nota manuscrita no interior do livro em que explicava que a obra estava encapada com "pele humana apergaminhada".

"Um livro sobre a alma humana merecia ter uma vestimenta humana", justificou o escritor francês, autor de vários romances, poesia e obras de crítica de arte. Segundo Cole, Houssaye ofereceu "Destinos da alma" ao amigo Ludovic Bouland, que o encadernou "com pele do cadáver não reclamado de uma doente mental que morreu de um ataque".

As amostras examinadas pelo especialistas de Harvard foram retiradas de várias partes da capa, lombada e contracapa do livro e analisadas mediante a técnica de rastro peptídico (PMF, na sigla em inglês), que coincidiu com a referência humana e permitiu eliminar a possibilidade de que se tratasse de outros materiais de encadernação, como a pele de ovelha, cabra ou gado. A Biblioteca Houghton é a principal de Harvard para livros raros e manuscritos.

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