Texto de Antón Tchekov ganha adaptação simultânea para o palco e para o cinema

'E se elas fossem para Moscou?', montagem da Cia Vértice, entra em cartaz no Galpão Cine Horto e será exibida também em cinema

por Carolina Braga 06/06/2014 08:00

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Marcelo Lipiani/Divulgação
'E se elas fossem para Moscou?' será apresentada de sexta a domingo no Galpão Cine Horto (foto: Marcelo Lipiani/Divulgação)
O conflito central de 'As três irmãs', de Antón Tchekov, é o desejo de mudança nutrido por três mulheres de gerações diferentes, confinadas no interior da Rússia. A vontade de estar em outro lugar, em um corpo dominado pela inércia é, de certa forma, a ideia proposta por 'E se elas fossem para Moscou?', montagem que a Cia Vértice apresenta de sexta a domingo no Galpão Cine Horto.


A dramaturgia de Tchekov foi o ponto de partida para a pesquisa ousada da diretora carioca Cristiane Jatahy. Aliás, é sempre a investigação sobre limites entre ficção e realidade, os significados e suas rupturas que interessam às investigações que ela faz, tanto no cinema como no teatro. 'E se elas fossem para Moscou?' mistura as duas artes, assim como também foi feito em outras montagens da companhia como 'Júlia, corte Seco' e 'A falta que nos move', dirigidas por Jatahy.

Desta vez, porém, há uma duplicação de espaço. Parte do público acompanhará a trama das poltronas do teatro e a outra entrará na sala de cinema para ver um filme do que acontece ao vivo no palco. Cristiane Jatahy garante que são experiências diferentes. “Conceitualmente, essa duplicação de espaço tem como objetivo colocar o espectador no mesmo lugar em que estão as três irmãs. Existe um outro lugar que você imagina e percebe a existência, mas precisa escolher estar em um ou outro”, comenta a diretora.

Belo Horizonte será a primeira cidade a receber o espetáculo depois do Rio. Na temporada de estreia, foi comum que alguns espectadores que viram primeiro a peça voltassem para conferir o filme. “Quando concebi o projeto era muito importante para mim que cada obra existisse plenamente em si mesma. Uma não dependesse da outra. O teatro está plenamente como teatro e o cinema plenamente como cinema”, diz.

É por isso que os espectadores que escolherem acompanhar aquela história da sala de cinema não vão ver um teatro filmado, mas um filme mesmo, com todos os cortes de câmera realizados na hora. Para que isso fosse possível, a iluminação do espetáculo foi pensada de modo que atendesse às duas mídias. Três câmeras captam as imagens da peça. Para que o público do teatro não tivesse a sensação de estar presenciando uma filmagem, os cinegrafistas foram integrados à trama. Ou seja, também são personagens.

“É um cinema-performance. Claro que estão todos ali na corda bamba”, comenta Jatahy. O elenco é formado por Isabel Teixeira (Olga), Julia Bernat (Irina) e Stella Rabello (Maria). Segundo a diretora, o trabalho de adaptação do texto procurou destacar o quanto a história contada por Tchekov fala de desejos de transformação diferentes para cada geração. “Focamos nas figuras das três irmãs. Todos os outros personagens são mais orbitais. Para mim, é como se tivesse lançado um zoom – para usar um termo de cinema – sobre o interior de cada uma delas. Acho que não é uma questão de gênero, é de gente”, conclui Christiane.

E SE ELAS FOSSEM PARA MOSCOU?
Nesta sexta-feira, às 21h, sábado, às 19h e 21h30, e domingo, às 20h. Galpão Cine Horto, Rua Pitangui, 3.613, Bairro Horto, Belo Horizonte, (31) 3481-5580. Ingressos: R $20 (inteira) e R$ 10 (meia). Abertura bilheteria: duas horas antes das apresentações. Classificação indicativa: 18 anos.

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