Pedro Garcia Moura lança livro composto por um carnaval de imagens

Depois de fazer sucesso na internet,carioca reúne suas fotos no livro Cartiê Bressão: liberté, egalité e brasilité trabalhos que brincam com diferenças culturais

por Walter Sebastião 19/04/2014 06:00

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 Pedro Garcia de Moura/Divulgação
"Un ballet brésilienne", Praia de Ipanema (foto: Pedro Garcia de Moura/Divulgação )
Em 2012, de volta ao Rio de Janeiro depois de passar oito anos morando em Londres, Buenos Aires e São Paulo, Pedro Garcia de Moura, de 33 anos, matou saudade do sol e caiu na folia. Com o filho, foi brincar no Cordão Umbilical, divisão infantil do Bloco do Boitatá. Fantasiado de Jorge Tadeu, um fotógrafo galanteador, ele “incorporou” o personagem de Fábio Júnior na novela Pedra sobre pedra. “Ganhei cara de pau por estar fantasiado. Fui fazendo fotos das pessoas, que achavam tudo muito divertido e davam apoio à brincadeira”, recorda Pedro.

Depois do carnaval, ele selecionou as imagens de que mais gostava e começou a postá-las no Instagram sob o esculhambado (palavra dele) pseudônimo de Cartiê- Bressão. “A coisa pegou fogo”, conta. A brincadeira despretensiosa recebeu milhares de acessos.

Agora, as fotos de Cartiê-Bressão saltaram da internet para o livro Liberté, egalité et brasilité (Versal Editores), exibindo imagens que fizeram do ex-publicitário Pedro Garcia um nome conhecido na rede. As imagens diretas e prosaicas, com jeitão de foto amadora, trazem visão hedonista e bem-humorada do cotidiano. Sem falar nas legendas, com descrições em francês singular e divertido, que brincam com lugares-comuns e piadas prontas.
“É o olhar de brasileiro brincando de ser gringo”, diz. “Quando você passa um tempo fora do país e olha para o nosso cotidiano, sente que não há nada parecido em nenhum lugar do mundo. Não é só a paisagem, mas o modo como as pessoas interagem com ela. Na Argentina, observei que se vê o brasileiro como uma pessoa leve. É estereótipo. Entretanto, por mais que existam muitos problemas, temos uma certa leveza, com a qual me identifico”, observa.

Cada foto conquista Pedro por ter algo de especial. “São imagens de situações que me marcaram, tanto que deu vontade de guardá-las”, explica. Ele até concorda que a informalidade carrega uma espécie de declaração de amor ao cotidiano. Inclusive, ao começar a postar as fotos, ficou preocupado ao constatar a repercussão delas.

“Esperavam de mim, que nem era fotógrafo, fotos incríveis. Tive de não me perder, de me reconectar com o que era de fato a proposta: alguém que anda pela rua e fotografa o que o toca”, explica. O dia a dia do Rio de Janeiro, em especial o carnaval, foi essencial e inspirador. Mas ele diz que fez imagens em vários lugares do Brasil. “O que procuro é personalidade e carisma. Isso o país tem de sobra”, afirma.

Pedido “A intenção é continuar o projeto, mas sem forçar nada. O livro surgiu a pedido do público, assim como as ampliações”, explica Garcia. Ele tem recebido convites para exposições e anuncia uma para breve. Com relação aos fotógrafos que admira, cita o norte-americano Philippe Halsman, o brasileiro Sebastião Salgado e o francês Henri Cartier-Bresson. Motivo: eles fazem retratos humanos, criaram estilo próprio e têm sensibilidade.

Ex-publicitário, Pedro trabalha em agência especializada em crowdfunding, o sistema colaborativo via internet – usado, inclusive, para editar seu livro. “Essa prática dá poder de decisão às pessoas. Ninguém aguenta mais deixar de fazer algo por limitações mercadológicas”, defende.

Em tempo: estão no livro de Cartiê Bressão fotos feitas em Ouro Preto, terra da namorada dele e cidade que Pedro Garcia adora.

CARTIÊ-BRESSÃO: LIBERTÉ, EGALITÉ ET BRASILITÉ
De Pedro Garcia de Moura
Versal Editores, 80 páginas, R$ 50

Saiba mais
O PATRONO
O pseudônimo Cartiê-Bressão, adotado por Pedro Garcia de Moura, é uma brincadeira com Henri Cartier-Bresson (1908-2004), referência para a história da fotografia. Considerado um dos criadores do fotojornalismo, o francês (foto), nos anos 1950 e 1960, era contratado pelas mais importantes publicações norte-americanas e europeias para fazer imagens de suas viagens pelo mundo.
Fundador da mítica agência Magnum ao lado de Bill Vandivert, Robert Capa, George Rodger e David Seymour, Bresson defendia o instantâneo em vez da foto posada ou produzida como um modo de revelar a vida.

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