'Lampião e Lancelote' junta o Nordeste brasileiro à lenda da Távola Redonda

Espetáculo da diretora Débora Dubois está em cartaz no Teatro Bradesco

por Walter Sebastião 14/03/2014 06:00

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João Caldas Filho/divulgação
Na trama, o Rei do Cangaço enfrenta o Rei Arthur (foto: João Caldas Filho/divulgação)
Chega a Belo Horizonte uma produção que vem ganhando aplausos pelo país: Lampião e Lancelote, dirigida por Débora Dubois. A peça ficou cinco meses em cartaz no Sesi paulistano, com casa cheia e gente sem conseguir entrar. Fãs voltaram várias vezes para revê-la e até levaram presentes para o elenco.


“Quando isso acontece, a gente se pergunta: o que fizemos para conseguir essa liga tão boa?”, diz Débora Dubois. “A questão não tem resposta, mas deixa vontade de quero mais”, brinca ela. Entre os prêmios conquistados estão o Bibi Ferreira e o de melhor espetáculo de 2013, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

No palco, o mais famoso cangaceiro nordestino enfrenta o célebre cavaleiro do rei Arthur. “Talvez a boa recepção se deva à simplicidade do sertão brasileiro, história que carrega dores muito nossas, além das canções bonitas de Zeca Baleiro”, suspeita a diretora. Todos os envolvidos deram o melhor de si, conta Débora. Pesou também o grande e carismático personagem Lampião. “Até hoje, não se sabe se ele foi herói ou vilão. A figura do cavaleiro Lancelote – o herói da lenda da Távola Redonda – traz a dimensão de fantasia. É a evidência de que tudo em cena é uma brincadeira muito gostosa”, observa.

 “Lampião e Lancelote é poesia em pé, algo que o teatro não tem mais”, afirma Débora. A observação não é lamento, mas uma constatação: “A poesia está sendo deixada de lado pela aproximação cada vez maior com a realidade. Isso faz tudo parecer Big brother”. O musical brasileiro para jovens (“dos 12 até os 40 anos”, diz a diretora) fala muito de perto a todos.

No caso dos sertanejos, as interpretações jogam com emblemas da cultura popular, enquanto cabe à turma de Avalon performance mais clássica e empostada. A produção capricha na estética. Débora explica que esse aspecto vem do livro de Fernando Vilela que originou a montagem.

Elenco O narrador de Lampião e Lancelote é o ator Cássio Scapin. Daniel Infantini interpreta Lampião e Marcos Damigo (que está na novela Joia rara), Lancelote. Luciana Carnieli faz Maria Bonita e Vanessa Prieto, a feiticeira Morgana. Dois músicos estão em cena: Bruno Menegatti (rabeca, viola e violão) e Ana Rodrigues (acordeom e pandeiro).


LAMPIÃO E LANCELOTE

Sexta, 14/3, e sábado 15/3 às 21h; domingo,16/3, às 19h. Teatro Bradesco, Rua da Bahia 2.244, Lourdes, (31) 3516-1027. Inteira: R$ 60 (plateias 1 e 2) e R$ 50 (plateia 3). Meia-entrada válida para maiores de 60 anos e para estudantes devidamente identificados.

Rita Lee vem aí...

Débora Dubois, de 48 anos, começou a fazer teatro aos 14 e dirige há pelo menos 18. Em Belo Horizonte, ela já apresentou a peça Guerra na casa de João. A diretora não abre mão da poesia, gosta de pôr música no palco e é cuidadosa com o texto. Ela explica que se esforça para ajudar o público a entender o que é apresentado. “Estou sempre querendo aprender mais, procurando algo novo”, observa. O novo trabalho de Débora será Rita Lee mora ao lado, sobre a trajetória da cantora e compositora paulistana. A direção é compartilhada com Márcio Lucena. Mel Lisboa vai fazer o papel da roqueira.

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