saiba mais
A mostra faz parte do projeto Arte popular e contemporânea. Além das peças de Adelícia Amorim, traz trabalhos dos artistas plásticos Ana Luísa Santos, Janaína Mello, Júlia Panadés, Rachel Leão e Rodrigo Mogiz, que trabalham com linhas e costura.
Os trabalhos podem consumir de um a cinco meses. “É até difícil colocar preço. Se um pedreiro cobra R$ 80 ou R$ 100 por dia, quanto eu, que fico trabalhando da manhã até a noite, vou cobrar?”, especula. Adelícia está feliz com a exposição em BH. “Não esperava tanto, eles me descobriram. Enquanto Deus me der vista e saúde vou continuar bordando”, afirma.
O projeto Arte popular e contemporânea, promovido pelo Sesc Palladium, discute fronteiras e interseções entre manifestações estéticas. Por meio dessa iniciativa, o público pôde conferir homenagens ao escultor Geraldo Teles de Oliveira (o GTO, que dá nome à galeria) e à ceramista dona Izabel, autora de belas bonecas do Vale do Jequitinhonha. Além da exposição, os artistas ganham documentário de 30 minutos sobre sua trajetória e seminário sobre seu ofício.
VALE “Sou otimista. A vida tem obstáculos, mas não podemos considerar apenas isso. Devemos colocar na nossa consciência que a vida é bela, dom de Deus. E saber enfrentá-la como ela vem para nós”, argumenta Adelícia. Ela conta que Almenara é cidade de gente simples, situada em região com muitos problemas.
A bordadeira defende sua terra. E não gosta quando chamam o Vale do Jequitinhonha de vale da miséria. “Temos muitos artistas, gente com possibilidade de vencer na vida se tiver apoio. Mas falta incentivo. Precisamos ajudar as pessoas a levar pra frente o que sabem fazer”, conclui.
TALENTO PRECOCE
Adelícia Amorim nasceu em Minas Gerais, quase na divisa com a Bahia. É filha de Brasilino Alves Cordeiro e de Davina Cordeiro de Amorim, empregados da Fazenda Monte Santo. A família morava na roça. Para driblar a dificuldade de conseguir linhas, a menina, filha de costureira, desmanchava tecidos e aproveitava os fios. No fim dos anos 1940, eles se transferiram para Almenara. Ao chegar à cidade, Adelícia, aos 13 anos, foi contratada para bordar o enxoval da filha de um doutor. Adotou o ofício. Viúva, ela tem oito filhos e 15 netos. “É a minha maior riqueza”, orgulha-se.
>> O JARDIM DE ADELÍCIA
>> Exposição de bordados de Adelícia Amorim. Obras de Ana Luísa Santos, Janaína Mello, Júlia Panadés, Rachel Leão e Rodrigo Mogiz. Abertura para convidados nesta quinta-feira, às 19h30. Galeria de Arte GTO do Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. De terça-feira a domingo, das 9h às 21h. Até 30 de março
>> Documentário sobre Adelícia Amorim. De 18 a 21 deste mês, às 19h. Cine Sesc Palladium
>> 2º Seminário de Arte Popular e Contemporânea. Dia 18, das 9h às 18h, no Grande Teatro do Sesc Palladium.
Inscrições: www.sescmg.com.br. Entrada franca.