Thiago Mazza se divide entre obras de grandes dimensões e pinturas em telas

Seus trabalhos podem ser vistos nas ruas de Belo Horizonte e em capas de CDs

por Eduardo Tristão Girão 12/01/2014 09:06

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Alexandre Guzanche/EM/D.A Press
Encontro entre artista e obra: Thiago Mazza em frente à entrada do Galpão Cine Horto (foto: Alexandre Guzanche/EM/D.A Press )

O trabalho dele está na porta do Galpão Cine Horto, num bar do Edifício Maletta, em painéis de grandes eventos, num hotel no Centro e até em capa de disco, para não falar de galerias. Enquanto não decide se deve se mudar para Miami ou Lisboa mês que vem, o artista plástico belo-horizontino Thiago Mazza segue ganhando paredes pela capital mineira. São animais, plantas e figuras humanas e fantásticas que, dentro dos contornos pretos que ele desenha, explodem em todas as cores.

O que ele faz é desenho ou pintura? “Agora é que comecei a pensar nisso. Pinto primeiro e contorno tudo depois. Não é grafite, é tipo muralismo. Uso várias técnicas. Ainda acho que preciso aprender muita técnica. Tenho preguiça de entrar na faculdade de novo, custei a fazer design gráfico. Talvez faça um curso ou trabalhe com alguém num ateliê”, responde Mazza, de 29 anos. Recentemente, ele passou uma temporada “na roça”, próximo a Ouro Branco, onde viveu parte da infância.

De cabeça fria, voltou a pensar no futuro. Decidiu que, seja nos Estados Unidos ou em Portugal, quer começar a trabalhar no meio rua. “Vou na cara dura, ganhei confiança. Vou pintar muro, usar cavalete. Tive aceitação muito boa quando fiz pintura ao vivo”, conta. No momento, ele tem feito trabalhos principalmente em paredes. “Trabalhos grandes são poucos ainda. Meu sonho é pintar uma lateral de prédio”, afirma o artista.

Obras em maior escala são, de fato, suas preferidas. “Ao aumentá-las, isso me possibilita colocar mais informação, gosto mais. Os maiores ficam com mais detalhes”, justifica. Entretanto, completa, realizá-las em paredes costuma condicionar o público a afastar-se para contemplar melhor. “Já na tela, independentemente do tamanho, todo mundo chega a cara perto. É por isso que nas paredes a gente pode fazer uma coisa mais solta, apesar de que sou muito detalhista”, diz.

Seus desenhos são todos feitos à mão e, quando possível, ele os projeta nas superfícies onde vai trabalhar, o que adianta muito o tempo de execução. Em média, ele leva uma semana para fazer um trabalho em parede, contra quatro ou cinco meses para uma única tela. “Não fico, necessariamente, direto nela. Faço um pouquinho a cada dia. Uso todas as cores e misturo as quentes com as frias. Por isso, demoro tanto, pois vou pensando bem para não repetir ou deixar cores próximas umas das outras”, observa.

Organismos

A arte urbana é uma de suas referências centrais. “Comecei a desenvolver o desenho por andar com quem gosta e faz grafite”, explica. Além disso, traz para sua estética elementos de Hieronymus Bosch, Salvador Dalí, Pablo Picasso e da art nouveau. Mazza também é grande apreciador dos traços de Ernst Haeckel, célebre biólogo e naturalista alemão cujo livro Formas de arte da natureza, com ilustrações de vários organismos (tartarugas, orquídeas, amebas etc.), é realmente de encher os olhos.

A confusão entre o que faz e o grafite ainda é comum, mas nada que o incomode. “Por mim, tanto faz, desde que não estejam falando com preconceito. O grafite envolve pintura na rua, atitude. Não é o meu caminho. Ainda quero muito pintar na rua, pois é a forma mais digna de popularizar a arte. Os moradores de rua sentem como se a gente estivesse enfeitando a casa deles. É muito bacana esse retorno. Um deles quis até me pagar uma Coca-Cola”, lembra.

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