Musical 'Samba, amor e malandragem' conta a história de um poeta apaixonado pela vida

Espetáculo da Cia. Arlecchino entra em cartaz no Teatro da cidade

por Walter Sebastião 29/11/2013 00:13

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Alexandre C. Mota/divulgação
(foto: Alexandre C. Mota/divulgação )
Com suas ações, poemas e sambas, o malandro poeta atrapalha a vida dos bandidos do morro e é assassinado, mas volta à Terra para fazer um balanço da sua vida. Essa é a trama do musical 'Samba, amor e malandragem', da Cia. Arlecchino, que estreia neste sábado no Teatro da Cidade.


Com poucos textos, a história é contada principalmente por meio de melodias e versos de Bezerra da Silva, Chico Buarque, Martinho da Vila, Cartola, Pixinguinha, Ary Barroso e Zé Kéti. Dirigida por Kalluh Araújo, a montagem traz a música de um nome ilustre da cena mineira: Pirulito da Vila. “Dono de pegada única de samba, ele é um compositor especial”, antecipa Kalluh. O repertório é tocado ao vivo.

A peça se passa num botequim e tem a atmosfera de sonho. “Tudo é visto pelos olhos do poeta apaixonado pelo lugar em que viveu. Por isso, tudo está muito colorido, bonito e aprazível”, observa o diretor. “Estou falando do malandro doce, de terno branco, com muitas mulheres – boêmio como foi o meu pai. Há também a favela romântica onde se podia andar tranquilo, com paineiras, galinhas e rodas de carteado que vi na infância”, explica Kalluh Araújo. Cultivado por muito tempo, esse projeto lhe deu a oportunidade de falar de suas próprias vivências: o diretor é filho de pai negro e mãe loira que moraram na favela.

Kalluh começou a trabalhar planejando um espetáculo de muita beleza, pois todos os elementos são motivo de encanto para ele. “Depois, descobri aspectos filosóficos: aquela pergunta sobre como podem ser felizes as pessoas que vivem em contexto de carência. Esse espetáculo é político e muito atual, traz temas como violência e fome. Às vezes, choro em cena pela emoção de poder falar o que digo”, revela.

O diretor está também em cena. Ele faz o papel de Lacuna, “uma entidade entre o céu e a terra, com sua consciência forjada pela poesia”. Esse é o primeiro musical dirigido por Kalluh, e não segue o padrão desenvolvido nos Estados Unidos para o gênero. “É musical de samba, popular e brasileiro”, garante.

Apaixonado por música e batuque, o diretor está adorando a experiência. “Abusado” (a palavra é dele), Kalluh compõe e canta, além de assinar cenário, iluminação, trilha sonora, figurino, arranjos vocais e, às vezes, musicais. “Sei que é muito para uma pessoa só, mas carrego essa cruz como uma pluma, porque traduz o meu profundo amor pelo teatro”, conclui.

SAMBA, AMOR E MALANDRAGEM
Com Cia. Arlecchino. Direção: Kalluh Araújo. Estreia sábado, às 20h; domingo, às 19h. Teatro da Cidade, Rua da Bahia, 1.341, Centro, (31) 3273-1050. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada), na bilheteria, ou R$ 15 (Sinparc). Temporada até 30 de dezembro, com sessões de quinta-feira a domingo.

SAIBA MAIS

Operário do palco


Kalluh Araújo, de 52 anos, mora em Belo Horizonte. Ele estudou na escola de teatro do Palácio das Artes e é um dos diretores mineiros mais autorais. Dono de extensa obra, recebeu mais de meia centena de prêmios. Em 2010, Kalluh e o ator Paulo Rezende criaram a Cia. Arlecchino de Teatro, cuja primeira montagem foi A mulher sem pecado, de Nelson Rodrigues. A peça, que estreou em 2011, passou por vários festivais e foi selecionada pela Funarte para as comemorações do centenário do dramaturgo, além de ter integrado a programação do Ano do Brasil em Portugal. O trabalho mais recente do grupo é Fala baixo senão eu grito, de Leilah Assumpção.

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