Foi no avião, voltando do Recife para o Rio de Janeiro, que surgiu a ideia para mudar um fragmento de 'À beira do abismo me cresceram asas'. Um trecho da peça ainda não estava do jeitinho que a dramaturga queria. O que poderia ser um pânico para o ator, neste caso, nem teria chance de ser. É que Maitê Proença, além de protagonista, é a autora e diretora do espetáculo. Ela divide a cena com Clarisse Dirzier na montagem que chega a Belo Horizonte este fim de semana, no Sesc Palladium.
“Não preciso falar da decadência, da decrepitude, do fim. Velhas em cena é um ótimo lugar para falar sobre tudo. Posso colocar ali tudo que estou pensando, afinal, uma velha tem 15 anos, 23, 38, 50. Porque eu tenho que fazer a caquética, desolada com a vida? Não. Tirei o que havia de desagradável e vi de outra maneira assuntos que estavam ali”, relata.
A atriz garante que poesia e humor andam juntos no texto. Aliás, Maitê Proença faz questão de esclarecer. Por mais que sejam personagens em idade avançada, não tem nada de lamentação nem se trata simplesmente de uma peça sobre o envelhecer, terceira idade e temas do tipo. É um olhar bem-humorado sobre a simplicidade das coisas. “Acredito o humor que é a única forma de evitar a lamúria e a autopiedade. Essas pieguices todas não servem para o teatro. Acho uma irresponsabilidade tirar alguém de casa para ver alguma coisa dessa natureza. Coloquei bastante humor para falar de determinados assuntos”, conta.
As atrizes tiveram a preciosa orientação de movimentos de Angel Vianna, Clarisse Niskier colaborou no texto e Amir Hadad na direção. Na trama, Terezinha (Maitê), de 86 anos, e Valdina (Clarice), de 80, têm personalidades diferentes. Se a segunda leva a vida sem nostalgias, a mais velha tem temperamento carrancudo. Na conversa, refletem sobre o tempo, solidariedade, compartilhamento. São, em essência, duas pessoas que aprenderam a simplificar a vida.
Para Maitê, é próprio do ser humano complicar as coisas quando temos o futuro pela frente. Com a idade, o olhar sobre temas antes conflituosos tende a ficar menos ansioso e mais real. A ânsia pela sedução a todo momento diminui. “Somos infinitamente carentes, mas nunca vamos agradar a todos”, reflete. À beira do abismo me cresceram asas caminha por aí.
O espetáculo estreou no Rio em janeiro deste ano com público crescente. Em São Paulo o boca a boca correu de tal maneira que a montagem ficou em cartaz três meses a mais do que o previsto. A peça também já foi apresentada em São Luís (MA), Salvador (BA), Porto Alegre (RS) e, Curitiba (PR). A próxima parada é Brasília.
À BEIRA DO ABISMO ME CRESCERAM ASAS
Espetáculo com Maitê Proença e Clarice Dirzier, amanhã, às 21h, domingo, às 18h. Sesc Palladium. Avenida Augusto de Lima, 420, Centro, (31) 3270-8100. Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)
Nomes grandes
Maitê Proença brinca que está passando por uma fase de títulos longos. Além de ter batizado a peça com 'A beira do abismo me cresceram asas' acaba de lançar um livro também de nome curioso: 'É duro ser cabra na Etiópia'. Lançado recentemente pela Agir, a obra é coletânea de crônicas organizada pela atriz. Entre os autores estão anônimos e famosos, como José Eduardo Agualusa, Tatiana Salem Levy, Clarisse Niskier, Jorge Forbes, Carlos Heitor Cony e a própria Maitê.
“Criei esse novo texto e vamos experimentar aí em BH”, comenta. Eis um lado bom de ser multifuncional. À beira do abismo me cresceram asas é a segunda peça que ela escreve, mas a primeira que dirige. Maitê e Clarisse fazem duas senhoras de, respectivamente 86 e 80 anos, que transmitem olhares particulares sobre a vida. A medida que lembram vivências, nos fazem perceber o quanto andamos complicando demais nossa existência.
“Não preciso falar da decadência, da decrepitude, do fim. Velhas em cena é um ótimo lugar para falar sobre tudo. Posso colocar ali tudo que estou pensando, afinal, uma velha tem 15 anos, 23, 38, 50. Porque eu tenho que fazer a caquética, desolada com a vida? Não. Tirei o que havia de desagradável e vi de outra maneira assuntos que estavam ali”, relata.
A atriz garante que poesia e humor andam juntos no texto. Aliás, Maitê Proença faz questão de esclarecer. Por mais que sejam personagens em idade avançada, não tem nada de lamentação nem se trata simplesmente de uma peça sobre o envelhecer, terceira idade e temas do tipo. É um olhar bem-humorado sobre a simplicidade das coisas. “Acredito o humor que é a única forma de evitar a lamúria e a autopiedade. Essas pieguices todas não servem para o teatro. Acho uma irresponsabilidade tirar alguém de casa para ver alguma coisa dessa natureza. Coloquei bastante humor para falar de determinados assuntos”, conta.
As atrizes tiveram a preciosa orientação de movimentos de Angel Vianna, Clarisse Niskier colaborou no texto e Amir Hadad na direção. Na trama, Terezinha (Maitê), de 86 anos, e Valdina (Clarice), de 80, têm personalidades diferentes. Se a segunda leva a vida sem nostalgias, a mais velha tem temperamento carrancudo. Na conversa, refletem sobre o tempo, solidariedade, compartilhamento. São, em essência, duas pessoas que aprenderam a simplificar a vida.
Para Maitê, é próprio do ser humano complicar as coisas quando temos o futuro pela frente. Com a idade, o olhar sobre temas antes conflituosos tende a ficar menos ansioso e mais real. A ânsia pela sedução a todo momento diminui. “Somos infinitamente carentes, mas nunca vamos agradar a todos”, reflete. À beira do abismo me cresceram asas caminha por aí.
O espetáculo estreou no Rio em janeiro deste ano com público crescente. Em São Paulo o boca a boca correu de tal maneira que a montagem ficou em cartaz três meses a mais do que o previsto. A peça também já foi apresentada em São Luís (MA), Salvador (BA), Porto Alegre (RS) e, Curitiba (PR). A próxima parada é Brasília.
À BEIRA DO ABISMO ME CRESCERAM ASAS
Espetáculo com Maitê Proença e Clarice Dirzier, amanhã, às 21h, domingo, às 18h. Sesc Palladium. Avenida Augusto de Lima, 420, Centro, (31) 3270-8100. Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)
Nomes grandes
Maitê Proença brinca que está passando por uma fase de títulos longos. Além de ter batizado a peça com 'A beira do abismo me cresceram asas' acaba de lançar um livro também de nome curioso: 'É duro ser cabra na Etiópia'. Lançado recentemente pela Agir, a obra é coletânea de crônicas organizada pela atriz. Entre os autores estão anônimos e famosos, como José Eduardo Agualusa, Tatiana Salem Levy, Clarisse Niskier, Jorge Forbes, Carlos Heitor Cony e a própria Maitê.