Livro expressa barroco como fenômeno social por vertentes de Affonso Ávila

"O trabalho dele chama a atenção por articular experimentação de linguagem e densidade", explica ex-editor do Suplemento Literário de Minas Gerais

por Ailton Magioli 23/09/2013 07:25

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Arquivo EM/D.A Press
(foto: Arquivo EM/D.A Press)
“Neste momento de crise da urbanidade, a obra de Affonso Ávila é importante no sentido da racionalização da vida urbana”. A constatação é de Anelito de Oliveira, que lança o livro 'A aurora das dobras – Introdução à barroquidade poética de Affonso Ávila' (Inmensa/Fapemig), às 19h, no Museu Histórico Abílio Barreto (Avenida Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim). Quinta-feira, completa-se um ano da morte do poeta e ensaísta belo-horizontino.


O barroco é fenômeno coletivo, fruto da urbanização. Sendo assim, trata-se de uma questão de toda sociedade, argumenta Anelito, professor do Centro de Ciências Humanas da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Esse estilo não se faz presente apenas na poesia de Affonso Ávila, mas também em sua obra crítica, ressalta o ex-editor do Suplemento Literário de Minas Gerais.


A obra do belo-horizontino representou para Anelito uma surpreendente fonte de busca da poesia contemporânea. “Naquele momento, essa busca era marcada pela vanguarda”, explica ele, referindo-se ao diálogo de Affonso com o importante movimento surgido nos anos 1950/1960: “O trabalho dele chama a atenção por articular experimentação de linguagem e densidade”.


Anelito destaca a interface do legado de Ávila com a história, especialmente nos anos 1960/70, quando o país vivia sob ditadura militar. “Ali identifiquei uma riqueza muito grande, diante do fato de ele imbuir a experiência poética de experiência histórica. À medida que explora essa dimensão, Affonso traz uma atitude do sujeito, a crítica diante do período ditatorial”, explica.

Um livro marcante para a pesquisa foi Código de Minas e poesia anterior, que reúne a produção de Affonso Ávila de 1953 a 1969. Mas coube a O açude e sonetos da descoberta (1953) introduzir a questão do barroco na obra de Ávila. “Proponho-me a mostrar como ele passa de uma visão mais clássica de poesia para uma visão mais barroca”, explica o professor. Ao se referir ao processo de “barroquização” do pensamento poético do intelectual mineiro, ele recorre ao livro A dobra, do filósofo francês Gilles Deleuze.


Dialogando com questões históricas, filosóficas, psicanalíticas, políticas e literárias, A aurora das dobras... postula, com argumentos contundentes, o reconhecimento de Affonso Ávila como um dos poetas contemporâneos mais significativos do país e a voz poética mais importante de Minas Gerais depois de Carlos Drummond de Andrade.

 

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