Belo Horizonte recebe exposição que conta a história do fotojornalismo no Brasil

O acervo apresenta imagens da revista O Cruzeiro, uma das mais importantes publicações do país

por Mariana Peixoto 09/09/2013 07:44

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Jean Manzon/Arquivo Cepar Consultoria
Getúlio Vargas em seu gabinete, década de 1940, Rio de Janeiro (foto: Jean Manzon/Arquivo Cepar Consultoria )

A imagem em movimento antes da imagem em movimento. No período pré-televisão, cabia principalmente à fotografia a missão de documentar a realidade. A revista semanal O Cruzeiro (1928–1975) fez muito mais do que isso. Em seu auge, nas décadas de 1940 e 1950, a publicação criada por Assis Chateaubriand e editada pelos Diários Associados apresentou ao brasileiro um olhar acurado para um país em transformação e um mundo que, estarrecido pela guerra, tentava se recuperar. É justamente esse período o foco da exposição 'As origens do fotojornalismo no Brasil – Um olhar sobre O Cruzeiro', organizada pelo Instituto Moreira Salles, que chega amanhã a Belo Horizonte. A abertura, terça-feira, será para convidados; a partir de quarta-feira, para o público em geral. A mostra tem apoio do Estado de Minas, detentor de parte do acervo da publicação.


“Na primeira fase, ela era uma revista que utilizava a imagem de maneira mais ilustrativa. Foi no começo dos anos 1940 que nasceu a proposta de reformulação, em que se pensou a revista a partir de duas vertentes: o uso intensivo de fotos e o conceito de reportagem absolutamente associados à imagem”, afirma o coordenador de fotografia do IMS, Sergio Burgi, que assina a curadoria da exposição com Helouise Costa, professora e curadora do Museu de Arte Contemporânea da Universidde de São Paulo. Dois nomes contratados em 1943 são peças-chave para essa mudança: o jornalista David Nasser, o fotógrafo francês Jean Manzon, que chegou ao Rio de Janeiro fugindo da guerra e tornou-se seu parceiro. Juntos, formaram a grande dupla do jornalismo brasileiro daqueles anos.


“No período anterior ao fim da Segunda Guerra (1945) todo o jornalismo foi mais baseado na notícia da vertente mais sensacionalista, no sentido da aventura. Eles ‘criavam a notícia’, havia menos compromisso com a objetividade. No pós-guerra, havia uma geração que iria se comprometer com um jornalismo mais humanista, engajado e objetivo”, continua Burgi. A exposição, que já foi vista nos centros culturais do IMS do Rio, São Paulo e Poços Caldas (e gerou um livro-catálogo impecável, que traz, além de textos do curadores e convidados, fotos e edições fac-símile d’O Cruzeiro), traz o trabalho de 17 fotojornalistas.

JOSÉ MEDEIROS/ACERVO IMS
Índio iaualapiti, 1949, Serra do Roncador, Mato Grosso (foto: JOSÉ MEDEIROS/ACERVO IMS)
Entre os grandes temas apresentados nas imagens está a temática indígena. “A Marcha para o Oeste, de ocupação territorial da região e os primeiros contatos com populações indígenas”, exemplifica Burgi. Há também campanhas criadas pelo próprio Chateaubriand. “Os museus de arte de São Paulo, principalmente o Masp. No processo do pós-guerra, Chateaubriand, com Pietro Maria Bardi, comprou obras de mestres europeus da pintura a preços super-reduzidos. Ele usou O Cruzeiro para fazer com que as elites paulistanas se comprometessem com a compra dos quadros. E o acervo do Masp viajou para a Tate, em Londres, Metropolitan, de Nova York. Foi como uma apresentação da elite política brasileira ao mundo.”


EUGÊNIO SILVA/ACERVO EM/O CRUZEIRO
Retirante nordestina, 1952 (foto: EUGÊNIO SILVA/ACERVO EM/O CRUZEIRO)
De acordo com Burgi, os dois momentos, aparentemente distintos, acabaram culminando com a inauguração de Brasília. “A capital representa a conquista territorial a partir do traço da arquitetura moderna. Os dois períodos trazem as contradições do país: há aquele que se pretende urbano-industrial e também o Brasil intocado”, analisa. Em seu auge, O Cruzeiro chegou a uma tiragem semanal de 720 mil exemplares.

 

AS ORIGENS DO FOTOJORNALISMO NO BRASIL: UM OLHAR SOBRE O CRUZEIRO (1940/1960)
Abertura para convidados terça-feira, às 19h
Para o público em geral na quarta-feira
Local: Centro de Arte Contemporânea e Fotografia
Endereço: Av. Afonso Pena, 737, Centro
Visitação de terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 16h às 21h. Até 17 de novembro
Entrada franca

Informações: (31) 3236-7400



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