Artistas reclamam de reformas demoradas e descaso com teatros municipais e espaços públicos

Atores são voz mais forte entre os insatisfeitos com atrasos e reformulações em projetos

por Carolina Braga 14/07/2013 11:00

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Juarez Rodrigues /EM/D.A Press
Fechado desde 2009, Teatro Francisco Nunes só teve obra iniciada efetivamente este ano (foto: Juarez Rodrigues /EM/D.A Press)
É fato que há tempos a classe teatral vive na base do “ver para crer”. De todo modo, a Fundação Municipal de Cultura (FMC) promete para dezembro a reinauguração dos dois teatros municipais inoperantes na cidade. Se a novela do Francisco Nunes se arrasta há mais de quatro anos, nas próximas semanas o Teatro Marília será oficialmente fechado para as obras de revitalização. “No Marília o prazo é menor, porque não vai ter quebradeira”, explica o assessor especial da Presidência da FMC, Cássio Pinheiro. Ele garante que, desta vez, o prazo será cumprido.

Apesar da promessa, o clima ainda é de desconfiança. “É vergonhoso o descaso com esses espaços e é vergonhoso o ponto a que chegamos. Uma cidade como BH, umas das principais capitais do país, que é reconhecida culturalmente em todo o Brasil, estar com dois de seus principais teatros fechados”, lamenta o ator Jonnanthan Horta Flores, integrante do Grupo Oficcina Multimédia.

A obra no Teatro Francisco Nunes, fechado desde abril de 2009, começou efetivamente em maio deste ano. Desde então, a área dentro do Parque Municipal está cercada por tapumes. Com o custo estimado em R$ 10 milhões, a reforma é tocada por meio de recursos do convênio Adote um bem cultural, assinado entre a PBH e uma empresa privada de serviços de saúde. Segundo a patrocinadora da obra, a reinauguração será em janeiro de 2014. O projeto arquitetônico leva a assinatura de Raul Belém Machado e prevê o restauro e modernização da caixa acústica, instalação de novas cadeiras, sistema de ar-condicionado e novo tratamento acústico. O foyer ganhará pé-direito duplo, com única entrada central e espaço para exposições.

Já no Teatro Marília a reforma tem custo estimado de R$ 2 milhões, também a serem repassados por empreiteiras via convênio com a prefeitura da capital. O projeto inclui reestruturação, modernização e revitalização do espaço. O foco principal é a área de palco e plateia, embora a fachada também passará por mudanças. “É um teatro que se mantém sem alterações desde 1964. Mesmo com as reformas que recebeu ao longo dos anos, está ultrapassado do ponto de vista de iluminotécnica e maquinário. Estamos buscando a modernização justamente para esta parte”, explica Cássio.

O projeto assinado pela arquiteta Michelle Ziade prevê mudanças na rampa de acesso ao teatro, assim como a abertura de novas saídas de emergência. No canto direito da sala de espetáculos será aberto um corredor, tanto para a entrada de cenários como para escoamento de público. Dentro do espaço, além da recuperação acústica, da troca de cadeiras e do revestimento do palco em madeira de ipê florestal, o balcão será reativado. Com isso, a capacidade do Marília saltará de 180 para cerca de 200 lugares.

O foyer da casa de espetáculos também será readequado. A área administrativa será reduzida para dar um espaço a ser ocupado com exposições e um centro de memória do teatro. No mezanino, a ideia é reinaugurar o Stage Door, bar que fez parte dos tempos áureos do Marília.

Estado precário


De acordo com Cássio Pinheiro, a programação do teatro foi suspensa em março. “Quando assumimos, em setembro, fizemos uma avaliação e a parte elétrica estava em péssimas condições. Fizemos uma ação emergencial para garantir a agenda da Campanha de Popularização do Teatro e do Verão Arte Contemporânea”, conta. Desde então, o palco passou a ser visitado por profissionais de várias áreas.

Os laudos confirmaram o estado precário da parte elétrica e também a presença de cupins na área das varandas do maquinário. Embora a madeira do palco não esteja infestada, encontra-se empenada. “Na última reforma foi usada madeira verde no piso do palco. Estava lindo, mas empenou. Por causa disso, você não roda nenhum cenário nem consegue montar espetáculo de balé”, informa Cássio Pinheiro. Segundo ele, além do novo revestimento, a caixa cênica será equipada com 180 novos refletores.

A previsão é de que o termo da parceria entre a prefeitura e as empreiteiras que patrocinam o projeto, e que serão responsáveis pela obra, seja assinado ainda esta semana. Apenas depois de formalizado o convênio, as obras começarão efetivamente.

Emperrado
O imbróglio envolvendo o Teatro Clara Nunes continua. O espaço de responsabilidade da Imprensa Oficial, ligada ao governo do estado, será reformado pelo Sesc, que deverá administrar o local. A parceria foi anunciada oficialmente em março. O convênio, no entanto, ainda aguarda o parecer do departamento jurídico. Até lá, está tudo parado.

Fecha e não abre


Abril 2009 – O Teatro Francisco Nunes é interditado em 3 de abril por risco de desmoronamento do teto.

Maio 2012 – O Chico Nunes reabre temporariamente e em situação precária para apresentações do Festival de Arte Negra e do FIT-BH. Concluída apenas a reforma do teto.

Junho 2012 – Apresentações do FIT-BH agendadas para o Teatro Marília tiveram que ser transferidas pelos riscos oferecidos pelo espaço. Prefeitura anuncia convênio de R$ 10 milhões com empresa privada de saúde para reforma do Francisco Nunes.

Março 2013 – Governo de Minas anuncia parceria com o Sesc para reforma do Teatro Clara Nunes. Convênio aguarda apreciação do departamento jurídico.

Maio 2013 – Início das obras no Teatro Francisco Nunes.

Julho 2013 – Anunciado convênio para a reforma do Teatro Marília. Serão investidos R$ 2 milhões por meio do convênio Adote um bem cultural, assinado com empreiteiras.

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