Roberto Carlos se empenha para censurar livro sobre Jovem Guarda; autora recusa acordo

Após proibir veiculação de biografia não-autorizada, cantor está disposto a tirar mais uma obra de circulação

por Agência Estado Fernanda Machado 06/06/2013 15:08

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Divulgação/ Estação das Letras e Cores
Livro baseado em tese acadêmica está sob mira do artista, apesar de não abordar passagens de sua vida íntima (foto: Divulgação/ Estação das Letras e Cores)
Cinco anos depois de censurar a biografia 'Roberto Carlos em detalhes', escrita por Paulo César Araújo, o cantor que detém o título de 'rei' tenta tirar mais um livro de circulação. O embate desta vez é contra a editora Estação das Letras e Cores e a pesquisadora Maíra Zimmerman, responsáveis pelo livro ' Jovem Guarda - Moda, música e juventude'. Há menos de um mês, Roberto e seu representante legal, Marco Antônio Campos, determinaram que em dez dias a publicação fosse retirada das lojas, alegando abordagem da privacidade do artista e uso indevido de sua imagem na capa.

O livro é resultado de uma tese de mestrado no curso de Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac de Sâo Paulo e não traz menções à vida íntima do cantor. Sua imagem aparece na capa ao lado de Wanderléa e Erasmo Carlos em forma de caricatura. Quem escreve a apresentação é a própria cantora Wanderléa. Após o susto, a escritora resolveu enfrentar a situação.

 

Os advogados da autora e da editora responderam à notificação enviada pelo advogado de Roberto com uma firme contranotificação. "O meu livro é uma pesquisa acadêmica, baseada em fontes do período, e não há análise da intimidade dos integrantes do movimento. A história da Jovem Guarda não deve ser tratada de forma patrimonialista", afirma Maíra.

Dias depois, o representante do artista pediu um acordo com os representantes da pesquisadora, que redigiram os termos do documento e o enviaram ao advogado. A intenção das partes era a de eliminar o conflito, mas não tem sido tão simples. Ao receberem o mesmo documento de volta por e-mail, com as correções em vermelho feitas no escritório de Campos, os advogados da autora e da editora se surpreenderam.

 

De forma objetiva, o documento dizia agora que "as notificadas (Maíra e sua editora) pedem autorização ao notificante (Roberto Carlos) para a utilização de seu nome e sua imagem na obra". E completava: "O notificante concede a autorização solicitada para todos os efeitos de direito".

As colocações de Campos no documento que faria o assunto ser esquecido e o livro circular livremente indignaram a autora e seu advogado. "Assim, ele coloca Maíra em uma situação de erro, como se ela tivesse obrigação de ter pedido autorização antes de lançar um livro que nem é uma biografia. Isso fere a liberdade de expressão", diz o advogado da autora, Rodrigo Correa.

 

A editora se alinhou à cliente e entendeu que assinar tal declaração seria o mesmo que redigir uma confissão de culpa: "Uma retratação da autora está fora de cogitação. Ela não pode fazer isso, uma vez que não cometeu erro algum", diz Gilberto Mariot, que fala em nome da Estação das Letras e Cores.

O que seria um acordo de paz para ambas as partes se tornou um impasse e os e-mails e telefonemas pararam de ser trocados. Mariot não descarta a possibilidade de Roberto ir à Justiça, já que até o momento foram trocadas apenas notificações extrajudiciais.

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