Pelo menos duas datas importantes: os 120 anos de nascimento do escritor, que se completam este ano, e os 80 da publicação do seu primeiro livro, Caetés, em 2013, motivaram o professor de literatura Sérgio Antônio Silva a se debruçar sobre a obra de Graciliano Ramos.
O trabalho, fruto de seu doutorado em estudos literários pela UFMG, pode ser conferido no livro Papel, penas e tintas – A memória da escrita em Graciliano Ramos, que será lançado nesta quarta-feira, 29 de agosto, em BH.
Sérgio Antônio diz que a opção de escrever sobre Graciliano Ramos se deu, primeiramente, por gosto e identificação com o escritor. “ É uma das melhores obras do mundo. Ele é atual, seus livros continuam reeditados e muito lidos nas escolas”, diz, elegendo Angústia como seu romance preferido.
“Fico imaginando uma adaptação desse livro para o cinema, uma vez que a obra de Graciliano já atraiu diretores do porte de Leon Hirzsman e Nelson Pereira dos Santos, que fizeram os sensacionais São Bernardo, Vidas secas e Memórias do cárcere. Por que não filmar Angústia?”, comenta.
Em seu trabalho, ele dá atenção especial a Caetés, São Bernardo e Angústia. Sérgio Antônio diz ter optado por tratar a memória da escrita em Graciliano. “Essa memória, eu reconheci no plano mais óbvio da narrativa. Por exemplo: os três narradores dos livros analisados são escritores às voltas, cada um à sua maneira, com a produção literária”, diz o professor.
Para ele, o autor de Vidas secas, em contraponto a colegas nordestinos como José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e Jorge Amado, produziu obra que consegue olhar para fora e para dentro. “Daí seu regionalismo atacar, com maestria, o lado menos pitoresco da coisa. Basta ver o título de um dos seus livros: Angústia”, conclui.
LANÇAMENTO
Papel, penas e tinta – A memória da escrita em Graciliano Ramos
De Sérgio Antônio Silva. Editora AnnaBlume/Fapemig, 185 páginas
Noite de autógrafos quarta-feira, 29, às 18h, na Quixote Livraria e Café, Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi.
Informações: (31) 3277-3077.