Grupo Camaleão estreia espetáculo em comemoração aos 25 anos

Trajetória é marcada pela criação de coreografias que parecem falar com a gente comum

15/04/2009 10:08

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Marisa Noronha/Divulgação
A produção de Continue reto%u2026 sugere uma reflexão sobre os grupos de dança (foto: Marisa Noronha/Divulgação)
O Camaleão Grupo de Dança está comemorando 25 anos. Como manda a etiqueta das companhias artísticas, estreia novo espetáculo para marcar a data: Continue reto, sempre em linha reta! E vai com Deus…. O nome é longo. Bem longo, vício comum entre os artistas de dança contemporânea, que, formados nos domínios da arte conceitual, costumam acreditar que um título deve trazer não apenas um conceito, mas todo um discurso sobre a obra e as ideias de que trata.

Vai ser boa chance para conduzir uma reflexão sobre grupos de dança em geral, e o Camaleão em particular. A companhia surge em meados dos anos 1980, momento em que diversos profissionais da dança mineira, estimulados pela ascensão do Grupo Corpo (e vendo chegar ao fim o ciclo do antigo Trans-forma, de Marilene Martins) criam coragem e fundam suas próprias companhias. Também são dessa época, por exemplo, o 1º Ato e a Meia Ponta. O Camaleão surge como “apêndice” do Núcleo Artístico, mas ganha autonomia com o sucesso de seu segundo trabalho, Diadorim. Depois disso, terá uma carreira de sobressaltos, com sua atividade interrompida no final dos anos 1980, retomada em 1990, interrompida novamente alguns anos depois e nova reestreia em 2001.

Seria possível definir algum elemento unificador de toda essa trajetória, ou pelo menos dos momentos mais marcantes dela? A coreógrafa Adriana Banana, curadora do Fórum Internacional de Dança, com uma olhada no currículo do Camaleão, resolve dar um palpite sobre o assunto: o grupo funcionaria como uma espécie de termômetro da dança em Minas, representaria uma medida da temperatura da produção local e seu olhar sobre os rumos da criação brasileira. Ao longo de sua história, o Camaleão não apenas trabalhou com alguns de nossos melhores coreógrafos, como Jairo Sette, Carlota Portela, Luis Arrieta, Tíndaro Silvano e Mário Nascimento. Fez sempre isso em momentos em que o trabalho deles estava em estado de máxima repercussão.

Alguém poderia dizer que isso seria uma forma de oportunismo: o Camaleão sempre contrataria coreógrafos “da moda”. A lucidez de Adriana Banana, contudo, abre outra possibilidade: Marjorie Quast, diretora do Camaleão, seria particularmente sensível a processos, obras e artistas que se comunicam com o público, ou seja, tenderia a produzir espetáculos que parecem falar com a gente comum. O que, eventualmente, significaria o trabalho com coreógrafos de sucesso – mas nem sempre. Os novos coletivos e criadores da dança paulistana, por exemplo, são mais conhecidos apenas dos especialistas – mas ela convidou Jorge Garcia para Tá passando, que estreou em 2006; caso semelhante ocorre com Tuca Pinheiro, diretor coreográfico de Continue reto…, um nome mais conhecido de seus pares que do público em geral, mesmo tendo trabalhado para companhias importantes.

Para construir Continue reto…, Tuca, Marjorie e seus quatro bailarinos partiram da curiosidade sobre o universo dos andarilhos em geral, e os caminhoneiros em particular. As referências para o que estavam procurando foram variadas, do Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, à rebelde literatura beatnik. O processo de criação incluiu pesquisa de campo e investiu na criatividade dos próprios bailarinos: o espectador de olho mais perspicaz terá a impressão de que Continue reto… poderia ser diferente a cada dia, em rearranjos do material que se vê em cena e de outro que continua sendo estudado.

Continue reto, sempre em linha reta! E vai com Deus…
Quarta e quinta-feira, às 21h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia)
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Informações: (31) 3281-9477.

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