Por que ainda assistimos tantos reality shows?  

A popularidade dos reality shows pode ser explicada pela empatia do público pelos participantes

Divulgação / RecordTv  e Globo
Jojo Todynho vencedora de A Fazenda 12 e Thema Assis campeã do BBB20 (foto: Divulgação / RecordTv e Globo)

Se você é um consumidor de programas de televisão, provavelmente você já parou e assistiu algum reality show. De acordo com a tradução literal ‘programas de realidade’ costuma mostrar pessoas anônimas ou famosas em situações rotineira, seja procurando um novo amor, ou um novo emprego, passar férias em um lugar paradisíaco acompanhado do seu ex, se descobrir que é um popstar ou chef de cozinha, ou exclusivamente estar confinado em uma casa ou fazenda com vários, outros desconhecidos do público ou não, e câmeras por todos os lados, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Mas, o que faz com que a gente goste tanto dos realities?  
É simples, a identificação é inevitável. Não é à toa, que esses programas estão ai até hoje, com grande audiência, o suficiente para manter em inúmeras edições e atrair tanta gente. A influência dos realities no nosso dia a dia é pelo simples fato de que gostamos de ‘cuidar da vida dos outros’, seja ela pessoa comum ou celebridade. 
 
E todos nós, desde as pessoas mais informadas, até as menos, assistimos esse tipo de conteúdo pois nos sentimos representados ou nos identificamos com aquela realidade exposta. Seja a parte do convívio social com pessoas que gostamos ou não, a parte de ir em busca de um relacionamento afetivo, ou na realização de um sonho.  
Inúmeros acontecimentos dos reality são roteirizados, mas não há como negar que os participantes acabam mostrando nesses programas o seu lado bom ou lado ruim, seja ele qual for, acaba atraindo a atenção dos telespectadores, que constantemente em vez de entregar flores, assiste com pedras na mão, e dá pitaco nas redes sociais sobre erros e acertos.  
 
O fato é que gostamos de consumir um entretenimento que não tem muito a acrescentar, ou nos fazer pensar. Hoje, basta um clique e você encontra reality shows sobre os assuntos mais diversos. Na televisão brasileira os mais famosos são: Big Brother Brasil (Globo), A Fazenda (Record TV), The Voice Brasil (Globo), MasterChef (Band) e o De Férias com o Ex Brasil (MTV).
 
Abaixo os semifinalistas da 9º temporada do The Voice Brasil. O vencedor ganha o prêmio de R$ 500 mil e um contrato com a gravadora Universal Music
Conforme um artigo publicado no Psychology Today, existe uma relação extremamente direta entre assistir a um reality show e o voyeurismo. A posição, que caracteriza como “desordem sexual que consiste na observação de uma pessoa no ato de se despir, nua ou realizando atos sexuais e que não se sabe observada; mixoscopia”, ou ainda “a forma de curiosidade mórbida com relação ao que é privativo, privado ou íntimo”, segundo respostas do dicionário Google.   
 
Nivelar o mercado destes programas de encenação da vida humana com o termo voyeurismo parece exagerado e um tanto perturbador, no entanto é o que acontece de fato. Pensando no Big Brother Brasil, A Fazenda, temos acesso às câmeras presentes 24 horas por dia, através dos serviços de streaming do GloboPlay e PlayPlus.  
 
Lemi Baruh, Mediated Voyeurism and the Guilty Pleasure of Consuming Reality Television (Voyeurismo mediado e o prazer culposo de consumir reality shows), pesquisou sobre o assunto e encontrou uma vantagem favorável, assistir esse conteúdo é uma forma segura e acessível de ter acesso à diversas experiências e informações que, de outra forma, seriam inacessíveis e ilegais. 

O conceito do De Féria com o Ex Brasil é um monte de gente confinada em uma casa, com o fator de que a qualquer segundo um amor da sua vida, (ou ex) pode sair do mar para curtir às férias no mesmo lugar que você. 
Deste modo, assistir e espiar reality show não significa, que uma pessoa seja adepta ao voyeurismo. Como diz Bagdasarov, "indivíduos que possuem baixos níveis de interação pessoal e mobilidade são mais propensos a assistir aos programas para compensar a necessidade de companhia", como nota o artigo do Psychology Today.   

Além disso, não é de todo mal se alienar com essa forma de entretenimento, visto que acompanhar a vida alheia acaba sendo a forma natural do ser humano. E a nossa vida real está bem longe de ser influenciada por aquelas pessoas que vão vencer, perder, enriquecer ou ser cancelado.   
 
Fonte: Psychology Today.