Brasil está fora da briga no Festival Internacional de Berlim

Seleção contempla 16 países. Participação brasileira se limita à Mostra Panorama, com 'A última floresta', e à Berlim Series, com 'Os últimos dias de Gilda'

Pedro Galvão 12/02/2021 04:00
Reiner Bajo/ Divulgação
O longa-metragem alemão Next door, que disputa o Urso de Ouro, marca a estreia do ator Daniel Brühl como diretor e aborda a gentrificação em Berlim (foto: Reiner Bajo/ Divulgação)

Brasil está fora da disputa no Festival Internacional de Cinema de Berlim. Na quinta-feira (11/2), foram divulgadas as 15 produções de 16 países que concorrerão aos prêmios Urso de Ouro, conferido ao melhor longa, e Urso de Prata, destinado à atuação masculina, feminina, direção e roteiro, além do Grand Prix do Júri.

Tradicionalmente realizado em fevereiro, este é mais um dos grandes eventos do cinema obrigados a se adaptar à COVID-19. A programação foi transferida para março, em formato majoritariamente on-line, mas há a previsão de contato com o público em junho, se for possível.

LISTA

Os selecionados são Drift away (França), Bad luck banging or loony porn (Romênia, Luxemburgo, Croácia e República Tcheca), Fabian – Going to the dogs (Alemanha), Ballad of a white cow (França e Irã), Wheel of fortune and fantasy (Japão), Mr Bachmann and his class (Alemanha), I'm your man (Alemanha), Introduction (Coreia do Sul), Memory box (França, Líbano, Canadá e Qatar), Next door (Alemanha), Petite maman (França), What do we see when we look at the sky? (Alemanha e Geórgia), Forest – I see you everywhere (Hungria), Natural light (Hungria, Letônia, França e Alemanha) e A cop movie (México).

Carlo Chatrian, diretor artístico da Berlinale, informou que a seleção contempla filmes cuja produção ou pós-produção ocorreu durante a pandemia. “Embora apenas alguns mostrem diretamente o novo mundo em que vivemos, todos integram os tempos de incerteza que estamos passando”, afirmou ele em vídeo. “O sentimento de apreensão está em toda parte”, completou.

Entre os destaques está Next door. A comédia sarcástica que trata da gentrificação em Berlim, entre outros temas, marca a estreia do ator alemão Daniel Brühl, de 42 anos, como diretor. Ele atuou nos filmes Adeus, Lênin! (2003), Bastardos inglórios (2009) e Capitão América: Guerra civil (2016).

Em alta após a consagração mundial de Parasita, o cinema sul-coreano está novamente presente em Berlim com Introduction, de Hong Sang-soo. Em 2020, o diretor levou o Urso de Prata com A mulher que fugiu.

Outra figura de destaque em edições recentes da Berlinale é a francesa Céline Sciamma, diretora de Retrato de uma jovem em chamas. Seu novo filme, Petite maman, segundo a revista norte-americana Variety, chama a atenção por ser estrelado por crianças e abordar temas ligados à infância da cineasta, com toques de realismo mágico.

Outros quatro selecionados são dirigidos por mulheres. I'm your man é assinado por Maria Schrader, vencedora do Emmy com a minissérie Nada ortodoxa, da Netflix. Trata-se de uma comédia de ficção científica sobre a mulher interpretada por Sandra Hüller, que tenta encontrar o homem perfeito.

Produzido ao longo de uma década, Mr. Bachmann and his class, da alemã Maria Speth, conta a história real de um professor. É um dos dois documentários incluídos na competição. O outro é o mexicano A police movie, de Alonso Ruizpalacios, sobre a atividade de um policial na Cidade do México.

Também vão brigar pelo Urso de Ouro uma tragédia sobre a pena de morte no Irã, Ballad of a white cow, de Behtash Sanaeeha e Maryam Moghaddam; Bad luck banging or loony porn, sobre a divulgação de um vídeo de sexo envolvendo uma professora, do romeno Radu Jude; Memory box, dos diretores libaneses Joana Hadjithomas e Khalil Joreige, sobre migrante em Montreal que tem de lidar com duras memórias da guerra civil em seu país; e Drift away, do francês Xavier Beauvois, abordando problemas de um policial numa cidade do Norte da França.

PANORAMA

Embora não tenha filmes na competição, o cinema brasileiro estará presente na Mostra Panorama com o documentário A última floresta, de Luiz Bolognesi, que assina o roteiro em parceria com Davi Kopenawa Yanomami, escritor, xamã e líder político indígena.

O filme denuncia a violência e o descaso em relação aos indígenas ao longo dos séculos no Brasil, sobretudo agora, no contexto da COVID-19.

O audiovisual brasileiro também estará representado pela minissérie Os últimos dias de Gilda, do Canal Brasil, selecionada para a Berlinale Series. (Com agências)

71º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE BERLIM
De 1º a 5 de março, programação on-line e eventos para profissionais do setor. Em junho, projeções para o público em espaços abertos, caso seja possível devido à pandemia. Informações: www.berlinale.de 

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