Brasil volta ao Festival de Berlim com 'Todos os Mortos'

Filme Marco Dutra e Caetano Gotardo concorre ao Urso de Ouro

Estadão Conteúdo 29/01/2020 08:57

Helénè Louvart / Divulgação
(foto: Helénè Louvart / Divulgação )
No ano passado, houve uma expressiva participação brasileira na Berlinale, com Marighella, de Wagner Moura, exibido fora de concurso. Em 2020, o Brasil estará de volta à competição, com Todos os Mortos, de Marco Dutra e Caetano Gotardo, três anos após Joaquim, de Marcelo Gomes, estar entre os selecionados.

Berlim anunciou na manhã desta quarta-feira, 29, sua competição oficial, e o Brasil volta a concorrer ao Urso de Ouro, que já recebeu por Central do Brasil, de Walter Salles, e Tropa de Elite, de José Padilha. Neste ano, a competição acontece entre 20 de fevereiro e 1º de março. Além de Todos os Mortos, o país participa com 18 outros filmes em diversas sessões do festival.

O Brasil na virada do século 19 para o 20. Três mulheres, a mãe e as duas filhas. O marido está ausente e nunca voltará. Todos os Mortos começa com a morte da doméstica, uma antiga escrava. A família, a propriedade, tudo está implodindo. A mãe fica muito doente, a filha mais velha não tem tempo de cuidar dela e confia a tarefa à mais nova.

Ana é seu nome, e ela é obcecada pelo passado escravocrata da família. A lembrança dos antigos escravos a assombra, e tudo se passa no período entre a data da independências, o Dia dos Mortos e o carnaval. Incapazes de se integrar ao clima de euforia - com as festas e a modernização de São Paulo -, as três mulheres perdem o contato com a realidade e mergulham na doença e na loucura.

Com produção da Dezenove, de Sara Silveira, Todos os Mortos marca a nova incursão do talentoso Dutra pelo cinema de gênero, após Trabalhar Cansa, Quando Eu Era Vivo, O Silêncio do Céu e As Boas Maneiras. Dutra tem uma bem sucedida parceria com Juliana Rojas, mas, dessa vez, ela assina a montagem e o codiretor é Caetano Gotardo. Dutra e ele já fizeram Quando Eu Era Vivo e Gotardo, sozinho, dirigiu O Que Se Move e Seus Ossos, Seus Olhos.

O filme de abertura do festival será Meu Ano de Salinger, de Philippe Falardeau, com Sigourney Weaver. O filme aborda o universo literário de Nova York, nos anos 1990, do ponto de vista da assistente de uma poderosa agente (Sigourney). Nas estrutura da empresa, a garota, interpretada por Elizabeth Qualley, é encarregada de responder às cartas endereçadas ao autor mais prestigiado da casa, J. D. Salinger.

 

 

BERLINALE 2020

Confira os filmes na competição pelo Urso de Ouro

Berlin Alexanderplatz, de Burhan Qurbani (Alemanha/Holanda)

 

DAU. Natasha, de Ilya Khrzhanovskiy, e Jekaterina Oertel (Alemanha, Ucrânia, Reino Unido, Rússia)

 

Domangchin yeoja, de Hong Sangsoo (Coreia do Sul)

 

Effacer l'historique, Benoît Delépine e Gustave Kervern (França/Bélgica)

 

El prófugo, de Natalia Meta (Argentina, México)

 

Favolacce, de Damiano e Fabio D'Innocenzo (Itália, Suíça)

 

First cow, de Kelly Reichardt (EUA)

 

Irradiés, de Rithy Panh (França, Camboja)

 

Le sel des larmes, de Philippe Garrel (França, Suíça)

 

Never rarely sometimes always, de Eliza Hittman (EUA)

 

Rizi, de Tsai Ming-Liang (Taiwan)

 

The roads not taken, de Sally Potter (Reino Unido)

 

Schwesterlein, de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond  (Suíça)

 

Sheytan vojud nadarad, de Mohammad Rasoulof (Alemanha, República Tcheca, Irã)

 

Siberia, de Abel Ferrara (Itália, Alemanha, México)

 

Todos os mortos, de Caetano Gotardo, Marco Dutra (Brasil, França)

 

Undine, de Christian Petzold (Alemanha, França)

 

Volevo nascondermi, de Giorgio Diritti (Itália)
 

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