Filmes de Hollywood têm mais mulheres, mas reforçam estereótipos

Estudo identificou que 40% dos 100 filmes de grande bilheteria de 2019 tiveram mulheres como protagonistas. Poucas personagens têm cargos de chefia

Estado de Minas 15/01/2020 06:00
Diamond Films/Divulgação
Estudo de centro de pesquisa da Califórnia identificou que 40% dos 100 filmes de grande bilheteria do ano passado tiveram mulheres como protagonistas. As golpistas é um dos exemplos (foto: Diamond Films/Divulgação)

O longa Adoráveis mulheres, em cartaz em Belo Horizonte, recebeu na última segunda-feira (13) seis indicações ao Oscar, incluindo a de melhor filme. Ainda assim, a cineasta Greta Gerwig, não entrou na disputa de melhor direção, e sua ausência foi um dos aspectos mais comentados do anúncio dos concorrentes ao Oscar 2020.

Um estudo recente sobre a indústria cinematográfica mostra que o número de grandes filmes de Hollywood com mulheres protagonistas aumentou consideravelmente em 2019, embora a falta de representatividade ainda seja um desafio para a indústria do cinema.
Com movimentos como #MeToo, #TimesUp e #OscarsSoWhite, que reivindicam o fim dos abusos e o aumento da diversidade no setor, os estúdios de cinema estão sob pressão crescente em relação à participação das mulheres nos créditos dos filmes.

Cerca de 40% dos 100 filmes de grande bilheteria do ano passado tiveram mulheres como protagonistas, um aumento expressivo, se comparado com os 31% registrados em 2018. "Vemos agora dois anos seguintes de avanços significativos no protagonismo feminino, o que indica o começo de uma mudança positiva na representatividade na indústria", disse a pesquisadora Martha Lauzen, do Centro de Estudos da Mulher na Televisão e no Cinema da Universidade de San Diego, na Califórnia, que pesquisa o tema desde 2002.


CHEFIA

Intitulado It's a man's (celluloid) world (É um mundo (de celuloides) masculino), o estudo mostra que, embora mais filmes, como Capitã Marvel, As golpistas e Adoráveis mulheres tenham sido protagonizados por mulheres, o número de mulheres representadas em cargos de liderança caiu.

"É importante ressaltar que os cinéfilos continuam tendo quase o dobro de chances de ver um personagem masculino em um cargo de poder do que assistir a uma mulher nesse papel". A pesquisa mostra também que a representação de minorias étnicas por atrizes continua baixa: 68% das personagens femininas no último ano eram brancas, um pequeno aumento em comparação com 2018.

As personagens femininas também eram mais propensas a ter um estado civil conhecido, diferentemente dos colegas do sexo masculino, e eram menos propensas a ter a profissão reconhecida ou serem mostradas em seus locais de trabalho. As atrizes eram normalmente mais jovens que os atores: a maioria das personagens femininas tinham entre 20 e 30 anos, enquanto a maioria dos homens foram representados com idades entre 30 e 40 anos. "E poucas mulheres atingem os 60 anos" na amostra pesquisada, mostra o relatório. (AFP)

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