Na disputa pela estatueta, ele concorrerá com Indústria americana, The cave, For sama e Honeyland. A produção brasileira figura na importante lista de "melhores filmes de 2019" do The New York Times.  “Este documentário angustiante, uma análise cuidadosa dos eventos que levaram à eleição de Jair Bolsonaro, presidente populista do Brasil, é o filme mais assustador do ano", descreveu A. O. Scott, o principal crítico de cinema do jornal norte-americano.

Sob uma perspectiva muito pessoal, na qual narra a própria experiência inserida na recente história política do Brasil, a diretoria de 36 anos, nascida em Belo Horizonte, mostra em seu filme um panorama das vulnerabilidades da estrutura democrática brasileira. Embora comece e se encerre na prisão do ex-presidente Lula, ocorrida em 2018, o roteiro viaja no tempo e mostra como o PT se formou, chegou ao poder e foi destituído da presidência, no conturbado e polêmico processo de impeachment de Dilma Roussef, em 2016, que tem suas controvérsias expostas pelo longa.

Em entrevista ao Estado de Minas, em junho, Petra Costa disse que seu objetivo com Democracia em vertigem era “deixar a memória viva e propor a autocrítica que falta a muitos setores, à elite, aos partidos, ao judiciário e aos donos do poder, que deveriam fazer esse país melhor”. Em sua conta no Twitter, a diretora disse estar "extasiada" com o reconhecimento da Academia. "Numa época em que a extrema direita está se espalhando como uma epidemia esperamos que esse filme possa ajudar a entender como é crucial proteger nossas democracias. Viva o cinema Brasileiro!", disse:

Assim que a indicação foi anunciada, nesta segunda-feira(13/1), o tema se tornou o principal assunto das redes sociais no Brasil. No Twitter, figuras importantes do cenário político se manifestaram, como o ex-presidente Lula e a ex-deputada federal Manuela D'Ávila, candidata derrotada à vice-presidência da república em 2018, na chapa de Fernando Haddad (PT). "A verdade vencerá", comentou Lula, enquanto Manuela ressaltou o possibildaide de Petra Costa ser a primeira cineasta latino-americana a conquistar o prêmio. Caetano Veloso também festejou a escolha do filme de Petra Costa para a disputa do Oscar.

Mas houve quem preferisse ironizar a indicação. O PSDB foi um deles, através da conta oficial do partido no Twitter. "Parabéns à diretora Petra Costa pela indicação de melhor ficção e fantasia por Democracia em Vertigem", publicou. Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o secretário especial de Cultura do governo federal, Roberto Alvim, também falou que "se fosse na categoria ficção, estaria correta a indicação".

Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, publicada nesse domingo, o cineasta falou sobre suas expectativas em relação às indicações. Ele acreditava que o filme tinha chances nas mesmas categorias que foi lembrado do Globo de Ouro, como de fato aconteceu, exceto em Melhor Filme.

Meirelles também comentou que gostaria de ver Dois papas indicado em Melhor Fotografia, para Cesar Charlone (indicado por Cidade de Deus, em 2004), e de montagem para Fernando Stutz. Entretanto, os dois ficaram fora. O diretor também declarou que não acreditava ter chances na categoria dedicada à sua própria função. 

O campeão de indicações foi Coringa, com 11 no total, incluindo Melhor Filme. Era uma vez...em Hollywood, O irlandês e 1917 vêm na sequência, empatados com 10 indicações cada. Veja aqui a lista completa de indicados.

Os 8.469 votantes da Academia terão de 30 deste mês a 4 de fevereiro para escolher seus preferidos no Oscar. A cerimônia de entrega das estatuetas será realizada em 9 de fevereiro, em Los Angeles. Assim como em 2019, o evento não terá um apresentador principal.