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“Lançar agora não foi planejado. A imagem que sempre tive dele, e acredito que a maioria das pessoas também, era a dos Trapalhões. Minha mãe me levava para ver as estreias no cinema, que eram uma atração muito esperada. Fazer esse projeto não deixa de ser um reencontro com minha infância”, comenta Susanna.
Com cinebiografias já dedicadas a Zé Bonitinho e Clara Nunes, a diretora conta que foi uma amiga, a diretora de arte Tais Glória, quem lhe sugeriu reconstituir a trajetória do criador de Mussum. Segundo ela, “a família e os amigos de Antônio Carlos aceitaram prontamente e foram superparceiros”. “E o mais bacana é que, mesmo após 25 anos de sua partida, parece que ele nunca se foi. A gente até brinca com isso no documentário, de que é difícil alguém permanecer forever (para sempre) ou forevis, como ele costumava dizer. Mas o Mussum conseguiu, tanto é que está muito presente nas redes sociais com os memes e também com seu trabalho na TV, no cinema e na música.”
SAMBA O documentário traz o começo da trajetória de Antônio Carlos como músico e seu sucesso no grupo Os Originais do Samba, que ainda está em atividade e conta somente com um remanescente dos seus primórdios, Bigode. “Foi um grupo que tocou com todo mundo. Elis Regina, Elza Soares, Jair Rodrigues e chegou a ter o cachê mais alto do país em um determinado período. Eles fizeram sucesso não só no Brasil, mas no exterior. Meu pai era um exímio músico e foi através dali que ele foi para o humor”, lembra Sandro Gomes, um dos cinco filhos do biografado. Sandro é um dos sócios da cervejaria Brassaria Ampolis, responsável por lançar cervejas inspiradas no pai, como a Biritis e a Cacildis.
A união da prole de Antônio Carlos é um dos aspectos ressaltados por Susanna Lira no filme. Mesmo tendo somente o pai em comum – o ator teve cada filho com uma mulher diferente –, os descendentes nunca deixaram de se ajudar, mesmo após a morte do Trapalhão, que teve complicações após um transplante de coração. “Nunca nos faltou afeto, carinho, amor e ele sempre fez questão de focar na educação de todos os filhos e nos cobrar por isso. Na época, a gente se queixava de ter que estudar (risos), mas, hoje, só temos a agradecer”, diz Sandro, de 42.
Outras facetas da vida pessoal, como a ligação com a mãe, dona Malvina – a quem ele ensinou a ler e a escrever –, a relação com os amigos, a Mangueira (sua escola do coração) e até com a bebida são mostradas em Mussum, um filme do cacildis. “Muita gente imagina que meu pai era beberrão e tal. Ele gostava de tomar a cervejinha dele, mas nunca chegou em casa cambaleando, nunca perdeu um compromisso por conta de ressaca, de bebida. Por isso acho interessante mostrar para o público quem era o Antônio Carlos Bernardes de verdade”, diz Sandro Gomes.
Ele aprova a escolha do documentário de tratar de todos os assuntos de maneira leve, como o pai sempre enfrentou a vida. “Até temas delicados, como o racismo, são abordados, mas de um modo respeitoso, com leveza. Meu pai, na verdade, nunca tolerou piadas racistas e acabou sendo em uma determinada época o artista negro de maior visibilidade da televisão”, afirma.
O documentário conta com a narração do ator Lázaro Ramos, que deu uma consultoria ao roteiro de Bruno Passeri e Michel Carvalho. A trilha sonora original é de Pretinho da Serrinha. “Ter a participação dessas duas figuras foi a cereja do bolo. Lázaro narrou de uma maneira muito criativa e informativa, e foi a primeira vez que Pretinho fez uma trilha para o cinema. Acho que o resultado não poderia ter sido melhor”, celebra Susanna Lira.
Em junho, deve chegar aos cinemas outra cinebiografia de Mussum, desta vez interpretado por Ailton Graça, sob a direção de Roberto Santucci.