Com boca suja e humor ácido, Deadpool se destaca pela irreverência

Desaconselhados para menores de 18 anos, seus dois filmes são exceções no nicho por abusar de palavrões e cenas mais fortes de violência

por Pedro Galvão 27/12/2018 08:30
Fox/divulgação
(foto: Fox/divulgação)



Em meio à lucrativa multidão de super-heróis de Hollywood nos últimos anos, Deadpool se destaca pela irreverência. Com boca suja e humor ácido, dispara contra tudo e todos, fazendo de si próprio alvo das piadas. Desaconselhados para menores de 18 anos, seus dois filmes são exceções no nicho por abusar de palavrões e cenas mais fortes de violência, mas com autenticidade e carisma necessários para virar sucesso de crítica e público. Apostando na popularidade do anti-herói, a Fox lança Era uma vez um Deadpool, que chega hoje aos cinemas de BH propondo uma versão mais polida do mutante Wade Wilson (Ryan Reynolds). A produção remete à história já vista pelo público em Deadpool 2, lançado em maio.

Com poucas informações divulgadas previamente, o filme surpreendeu, mas certamente decepcionará quem aguarda novas aventuras do polêmico herói. O longa é, quase todo, uma repetição de Deadpool 2, mas com edição que exclui palavrões e sangue, entre outras impropriedades. Com isso, a classificação indicativa foi reduzida para 13 anos.

A ideia é apresentar a história, ironicamente, como um conto de fadas, lido pelo protagonista para o ator Fred Savage (o Kevin Arnold da série Anos incríveis). A proposta reproduz a participação do então astro mirim no filme Princesa prometida, de 1987. Os diálogos de Deadpool com seu interlocutor, inseridos entre as sequências de ação do filme anterior, são o que há de inédito e também de melhor.

Valendo-se do deboche já conhecido, eles ridicularizam até mesmo os estúdios Fox e seu processo de venda para a Disney. No entanto, as novas passagens não somam nem 20 minutos de projeção. Se por um lado o longa não passa de piada repetida, o que não costuma ter graça, ele serve ao menos para mostrar que Deadpool realmente precisa de seus exageros impróprios para menores para ser o sucesso que é.

CARIDADE
Em entrevista ao site norte-americano Deadline, Ryan Reynolds, que também é produtor dos filmes, declarou que a Fox pedia um Deadpool de classificação indicativa baixa desde 2006, o que ele negou. No entanto, mudou de ideia e impôs duas condições. “A primeira era que uma porção da renda fosse destinada à caridade. A segunda seria sequestrar Fred Savage”, disse Reynolds.

Dessa maneira, um dólar de cada ingresso vendido será doado para a campanha de combate ao câncer chamada Fuck Cancer – nomenclatura de tradução despudorada à la Deadpool. Como parte da proposta, o nome da iniciativa foi amenizado para Fudge Cancer (algo como Dane-se o câncer, em português).

Na trama adaptada dos quadrinhos, o mercenário Wade Wilson se torna mutante com o superpoder de se regenerar de qualquer ferimento ao optar por um estranho tratamento depois de descobrir um câncer terminal. Nos Estados Unidos, o filme entrou em cartaz em 1.566 salas, em 12 de dezembro. A arrecadação bruta chegou a US$ 5,7 milhões.

Mesmo ajustado a um formato mais contido, o personagem não escapou da polêmica. O motivo foi um cartaz em que ele aparece com um traje branco, cercado por anjos, com um fundo que remete ao céu ou ao paraíso cristão. A imagem se assemelha ao Jesus Cristo de The second coming (A segunda vinda), pintura de Harry Anderson. O resultado desagradou à comunidade mórmon, que lançou uma petição para retirar a peça de circulação.

BILHETERIA

A versão original de Deadpool 2 é a quinta maior bilheteria norte-americana em 2018, com receita total de US$ 322 milhões, fora outros US$ 415 milhões de outros países. Essas cifras fizeram da produção, lançada em maio, uma das mais rentáveis dentro da classificação indicativa de 18 anos.
 

MAIS SOBRE CINEMA