Filme brasileiro fala de relação entre mãe e filha até os 19 anos

Enquanto você crescia é longa-metragem adaptado do livro de Thalita Rebouças, que estreia hoje. Atrizes dizem que história interessa não só a adolescentes

por Ana Clara Brant 28/12/2017 08:38

PÁPRICA FOTOGRAFIA/DIVULGAÇÃO
(foto: PÁPRICA FOTOGRAFIA/DIVULGAÇÃO)

Quando Ingrid Guimarães foi convidada pelo diretor Pedro Vasconcellos para ser uma das protagonistas do filme Fala sério, mãe!, baseado no livro homônimo de Thalita Rebouças – e que estreia nesta quinta-feira (28) em aproximadamente 600 salas do país –, ela não pensou duas vezes em quem faria o papel de sua filha no longa: Larissa Manoela, a jovem atriz que se destacou no cinema em O palhaço, de Selton Mello, quando tinha apenas 9 anos. Depois disso, Larissa virou uma sensação entre crianças e adolescentes. “O difícil seria conciliar a minha agenda, a do Pedro e a da Larissa. Seria praticamente um milagre (risos)”, diz Ingrid.


Com tudo acertado, as atrizes começaram a preparação. Para que houvesse uma cumplicidade muito grande entre mãe e filha na ficção, Pedro Vasconcellos convidou o diretor e preparador de elenco argentino Eduardo Milewicz, responsável por trabalhos como a transição entre Chay Suede e Alexandre Nero no papel do Comendador na novela Império, e de Luísa Arraes e Drica Moraes na série A fórmula. “Eduardo faz muito bem essa junção entre personagens e histórias. Ele cria uma unidade impressionante. Se não houvesse química entre as personagens de Ingrid e de Larissa, não haveria filme. A base do longa é a relação entre mãe e filha”, afirma Pedro, que está em seu terceiro trabalho no cinema. Os outros projetos foram O concurso (2013) e Dona flor e seus dois maridos (2017).

 

 

A própria mãe de Larissa Manoela, a pedagoga Silvana Taques, que, junto com o marido, Gilberto, acompanha a jovem estrela em praticamente todos os seus compromissos, diz que se impressionou com a ligação das duas. “Elas ficaram muito próximas, amigas mesmo. Larissa teve essa mesma química com a atriz Bruna Chiaradia, que, por sinal, é mineira, quando ela interpretou a mãe dela no filme O palhaço. Não tenho nenhum ciúme, mas meu marido costuma ter (risos).”

De fato, um dos trunfos do longa é a parceria das protagonistas. A história, narrada sob o ponto de vista das duas personagens, acompanha a convivência entre Ângela (Ingrid) e Malu (Larissa) desde o nascimento da menina até quando ela deixa a casa dos pais, aos 19 anos. A trajetória é recheada de frustrações, medos, insatisfações, brigas, mas também de amizade e amor entre as duas.

AUTORA Apesar de ser baseado na obra de uma autora best-seller entre adolescentes, Fala sério, mãe! não é necessariamente uma produção voltada apenas para esse público. “Acredito que pessoas de todas as idades vão se identificar, porque mostra as etapas da vida que todo mundo passa. E todo mundo tem mãe ou já teve mãe. Muita gente já sofreu com um filho adolescente. E ainda tem humor, amor e emoção. É um filme leve, puro e verdadeiro”, diz Ingrid Guimarães.

Larissa Manoela conta que se identificou em muitos momentos com Malu e acredita que muitos adolescentes acabarão assistindo ao filme precisamente por se verem retratados na telona. “Particularmente, quando vou ao cinema e consigo me identificar com alguma história fico muito contente. E você ainda pode até tirar lições, aprendizado para a sua própria vida. O foco principal é a adolescência, essa fase intensa que todo mundo um dia vai passar ou passou, e, justamente por isso, pode até ser meio clichê o que vou dizer, mas é um filme para a família brasileira.”

Quando leu o livro de Thalita, Pedro Vasconcellos já pensava em Ingrid Guimarães para viver o papel de Ângela, ainda mais porque a atriz havia acabado de se tornar mãe de Clara, hoje com 8 anos. A pequena faz uma pequena participação no filme. Ingrid não só atua, como participa do roteiro, produz e ainda dá uma palhinha no fim do filme cantando. Aliás, muita coisa da vida de Ingrid acabou entrando na trama.

“O roteiro (escrito por ela, Paulo Cursino e Dostoeiwski Champagnatte, com a colaboração da própria Thalita Rebouças) estava meio frio, então precisava dar uma aquecida, emocionar. Escrevo em todos os meus filmes, mas passei a assinar apenas no último, Um namorado para minha mulher. No Fala sério, incluí muitas histórias minhas com minha mãe, com minha filha, como a festa do pijama e o episódio do parquinho, em que comentava que uma das crianças era mau-caráter porque fazia bullying com a minha filhota”, declara.

Pedro é só elogios ao talento da amiga com a escrita. O diretor acompanha o trabalho da atriz desde os seus primórdios. “Pouca gente dá valor ou tem o entendimento do valor da autora Ingrid Guimarães. Sei por conta de tê-la assistido em Confissões de adolescente, depois em Cócegas, em que ela escreve esquetes sensacionais. Ingrid é uma das maiores autoras de humor deste país e um dos méritos de Fala sério, mãe! é justamente ter esse toque do texto dela.” Fala sério, mãe! traz ainda no elenco Marcelo Laham, Cristina Pereira, João Guilherme Ávila e participações de Paulo Gustavo e do cantor Fábio Jr. Em seu próximo trabalho, Pedro fará uma pausa no cinema para dirigir um musical sobre a vida do craque Zico.

DE CASO COM O CINEMA Larissa Manoela, que completa 17 anos neste 28 de dezembro, começou a atuar com 4 e já conta com seis filmes no currículo. “Com essas novas regras, ela vai ser a única brasileira a conseguir se aposentar antes de morrer”, brinca o diretor Pedro Vasconcellos. O primeiro trabalho de Larissa na telona foi Essa maldita vontade de ser pássaro, estrelado pela atriz mineira Cynthia Falabella. “Ele não ficou muito no circuito nacional e foi para fora do país. Foi todo rodado em São Paulo, e eu tinha apenas 7 anos”, diz.

Por ser muito jovem e pelo fato de a produção não ter tido muito destaque, Larissa só foi sentir mais intensamente a experiência cinematográfica dois anos depois, com O palhaço, rodado por Selton Mello em várias cidades de Minas. “Sempre gostei muito de ver novelas, filmes. E olha que na minha cidade (Guarapuava, no interior do Paraná) nem tinha cinema. Mas a gente alugava DVDs”, recorda. A atriz se lembra com carinho das filmagens e da repercussão de O palhaço. “Foi com esse filme que eu vi realmente o que era o cinema. Foi algo intenso. Rodei um filme inteiro, dois meses na estrada. Lembro-me muito de ter gravado em várias cidades do interior mineiro, como Santa Rita de Ibitipoca, Juiz de Fora, Bom Jesus do Vermelho. Foi muito bacana e abriu as portas para muita coisa na minha carreira”, diz a estrela do SBT/Alterosa, que também participou dos filmes Carrossel - O filmeCarrossel 2 - O sumiço de Maria Joaquina e Meus quinze anos.

Já Ingrid Guimarães entrou por acaso na roda viva da sétima arte. Foi com já uma década de carreira, sobretudo nos palcos, que ela teve a primeira grande oportunidade na telona, a comédia De pernas pro ar. “O papel da protagonista (uma mulher que se redescobre profissionalmente como dona de uma rede de sex shop) era para ser da Gloria Pires. Mas ela não aceitou, graças a Deus (risos). Sempre cavei uma chance no cinema, mas nunca rolava. E acabei tendo a sorte de principiante”, diz Ingrid, que se tornou a terceira atriz brasileira mais vista na história do cinema nacional – os filmes de que participou somam 16 milhões de espectadores. Ela perde apenas para Xuxa (60 milhões) e Sonia Braga (25 milhões).

“Fiz um filme que ninguém imaginava que iria fazer sucesso. Com essa história de vibrador e tudo mais. Virou um fenômeno, e estamos indo para o terceiro De pernas pro ar, que será rodado em 2018, em Paris. É curioso, porque tenho 20 anos de carreira. Vim do teatro e hoje em dia sou considerada pelo público uma artista de cinema. As pessoas só querem saber qual será o meu próximo filme. A vida é engraçada, não é?”

 

Abaixo, confira o trailer de Fala sério, mãe!

 

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