Festival Indie começa hoje em BH com programação mais enxuta

Tradicional mostra anual de cinema independente chega à 16ª edição na capital , com homenagem especial ao diretor polonês Walerian Borowczyk

por Estado de Minas 01/09/2016 08:00



INDIE/divulgação
Blanche, filme de Walerian Borowczyk, é um dos destaques (foto: INDIE/divulgação)
Cinema independente, autoral e artístico. Essa é a proposta do Indie Festival, que chega à 16ª edição consecutiva em Belo Horizonte, depois de quase ser cancelado no ano passado. “O perrengue continua, a gente nem fala dele, já faz parte da história”, resume Francesca Azzi, organizadora do evento.

Mais enxuto, o festival terá três eixos principais. A mostra transita pelos clássicos, por produções contemporâneas e também dedicará espaço à obra do diretor polonês Walerian Borowczyk (1923-2006).

A profusão de filmes independentes aumentou consideravelmente a partir da década de 2000. Além disso, a democratização do acesso a equipamentos de qualidade e as novas formas de distribuir conteúdo inflaram o número de produções candidatas a participar do festival. Escolher apenas 30 títulos foi um desafio.

Em comum, os filmes têm personagens errantes, fortes e controversos. Que não se espere nada de convencional no Indie. “O festival investiga a tendência do cinema contemporâneo de arte, apostamos em alguns diretores”, explica Francesca Azzi. “O espectro é muito amplo. Então, tivemos de fazer um corte considerável para exibir apenas 30 filmes”.

 

Homenagem

O crítico Daniel Bird liderou o projeto internacional de restauração dos filmes de Borowczyk. Coube a ele assinar a curadoria das produções do cineasta exibidas no Indie. “O legal é que ele fazia tudo: do figurino ao set, pensando também a fotografia e a direção. Borowczyk não era só diretor. Era um artista e também diretor”, define Azzi, lembrando que Contos imorais e A besta, dirigidos por dele, que tiveram repercussão no Brasil, serão exibidos no Indie.

O festival abordará as diversas facetas do polonês. “Polivalente, ele desenhava cartazes, começou a fazer animação e curtas, dedicou-se ao cinema de arte e, por fim, deixou o erótico permear seu trabalho”, diz Francesca Azzi. Mais que imoral, a estética voyer de Borowczyk opõe-se à moral. A besta é considerado uma leitura freudiana dos mitos A bela e a fera e Chapeuzinho vermelho. O cineasta aborda também a polêmica temática da zoofilia.

O eixo clássico do Indie 2016 traz uma série de filmes restaurados. É o caso do americano Estranhos no paraíso, de Jim Jarmusch, do inglês O homem que caiu na Terra, de Nicolas Roeg (com performance de David Bowie), do franco-japonês Hiroshima meu amor, de Alain Resnais; e do ítalo-britânico Blow up, de Antonioni.

“Apesar de o mercado ser complicadíssimo, queremos trazer para a mostra filmes que marcaram a história do cinema”, sustenta Azzi. Também foram programados o francês Na vertical, de Alain Guiraudie, exibido no Festival de Cannes; A morte de Luís XIV, do catalão Albert Serra; o franco-canadense Apesar da noite, de Philippe Grandrieux; e O que está por vir, que rendeu o Urso de Prata na Berlinale para a diretora Mia Hansen-Love.


PROGRAMAÇÃO


HOJE
Cine Humberto Mauro. Av. Afonso Pena, 1.537, Centro

15h – Hiroshima meu amor, de Alain Resnais
17h – Lampedusa, de Peter Schreiner
19h30 – Teatro do senhor e Senhora Kabal, de Walerian Borowczyk
21h – Suite Amoricaine, de Pascale Breton

Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro

18h – Estranhos no paraíso, de Jim Jarmusch
20h – Três histórias de amor, de Ryosuke Hashiguchi

INDIE 2016
Até 7 de setembro. Entrada franca. Programação completa: www.indiefestival.com.br

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