Johnny Depp minimiza a sina de estrelar filmes medianos ou fracassos retumbantes

Apesar do exagero na caracterização, ator surpreende em 'Aliança do crime'

por Carolina Braga 12/11/2015 08:00
Warner/Divulgação
Ator vem seguindo em uma maré de filmes que não surpreendem (foto: Warner/Divulgação)
Desde que encarnou Jack Sparrow na série Piratas do Caribe – o último foi em 2011 –, Johnny Depp nunca mais conseguiu um papel que não fosse um mico completo. Como James “Whitey” Bulger, em Aliança do crime, ele minimiza a má fase iniciada com Diário de um jornalista bêbado (2011), passando por O cavaleiro solitário (2013), Caminhos da floresta (2014) e, ápice do equívoco, Mortdecai: a arte da trapaça (2015). Observar o quão diferente ele está é o melhor dessa produção.


Baseado em fatos, o filme, que estreia hoje nos cinemas, recupera duas décadas de atuação da máfia em Boston, onde Whitey era líder absoluto entre 1970 e 1980. Irmão do senador Billy Bulger, interpretado por Benedict Cumberbatch, ele aceitou ser informante do FBI. Usou a proteção do órgão de segurança para expandir a área de atuação. Sob a alegação de lealdade ao amigo de infância, Whitey contou com a “ajuda” do arrogante investigador John Connolly (Joel Edgerton).



O longa dirigido por Scott Cooper (foi ator em Austin Powers – O agente Bond cama) segue à risca o manual do filme de gângster. Mortes a sangue-frio, ameaças e articulações. No entanto, Aliança do crime é uma obra construída em camadas. O embate entre mocinho e bandido está em primeiro plano. Em paralelo, há um tímido ensaio de apresentar o homem por trás das barbáries. Mostrar Whitey  como pai e filho dedicado é uma tentativa de humanizar o protagonista, mas não cola. São informações que no fim das contas não fazem diferença no comportamento frio do bandido, por mais que essa seja a defesa do roteiro.

Johnny Depp faz o que pode para reforçar a fama de mau de Whitey. Está de parabéns pela atuação, mas a caracterização do personagem é exagerada demais. Whitey era careca e tinha olhos azuis. A versão dele na ficção fica parecendo um vampiro de tanta maquiagem. Como o irmão do protagonista, Benedict Cumberbatch (vencedor do Oscar por O jogo da imitação) cumpre o protocolo.

Além de poucas, as mulheres no elenco são insignificantes para a trama. Respectivamente, como namorada e mulher de Whitey e Connely, Dakota Johnson (Cinquenta tons de cinza) e Julianne Nicholson (Álbum de família) contribuem pouco. Nem no quesito emoção.

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