'Cidades de papel' fala do mundo dos nerds e do rito de passagem para a vida adulta

Dirigido por Jake Schreier, longa adaptado do livro de John Green tem pequenas mudanças no roteiro

por Mariana Peixoto 09/07/2015 09:27

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20th Century Fox/divulgação
A jovem atriz Cara Delevingne interpreta Margo, a garota inquieta e questionadora de 'Cidades de papel' (foto: 20th Century Fox/divulgação)
'Cidades de papel', dirigido por Jake Schreier ('Frank e o robô'), é mais uma resposta da indústria à avalanche de filmes para o público jovem com socos, super-heróis e carros em alta velocidade. Sim, o adolescente pode consumir um filme leve, que fale sobre ritos de passagem e não seja careta ou moralista.
 
Veja mais: resenha de 'Cidades de papel', filme inspirado na obra de John Green:
 
 
 
Schreier entra de coadjuvante nessa história porque 'Cidades de papel' é adaptação do livro homônimo de John Green. Autor do segmento jovem adulto que domina o mercado que um dia foi de J. K. Rowling (Harry Potter), ele estreou no meio cinematográfico no ano passado, quando seu 'A culpa é das estrelas' chegou às telas. No Brasil, foi o filme mais visto de 2014, com 6,8 milhões de espectadores.

A adaptação cinematográfica se desprendeu em alguns aspectos da história original, mas manteve a essência. Em poucas linhas, 'Cidades de papel' trata da história de jovens que vivem em Orlando, experiência por que Green também passou. Vivendo em ambiente um tanto artificial, Quentin (Q) e Margo, os dois protagonistas, são muito unidos na infância e seguem caminhos distintos quando ficam mais velhos.

Aos 18 anos, ela é a garota mais popular da escola; ele é um nerd com dois melhores amigos, não tem carro, não vai a festas e é contra os padrões do americano médio. Tem horror de pensar no baile de formatura, por exemplo, uma instituição das high schools.

Certa noite, Margo, com quem mal falava, aparece na janela de Q pedindo que a acompanhe em uma série de aventuras. A garota faz o que o amigo apenas pensa, e os dois protagonizam um acerto de contas com colegas de escola. Naquele momento, quando há uma conexão real, o adolescente acredita que finalmente ele e Margo vão ficar juntos. Só que a garota desaparece no dia seguinte. Sem saber o que fazer, ele convence os amigos a investigar o que ocorreu.

A vontade de descobrir o que foi feito da amiga acaba servindo como desculpa para que os personagens envolvidos descubram a si próprios. Dessa maneira, a narrativa, que poderia ser vista como uma história tipicamente norte-americana se universaliza. O que Q e seus amigos experimentam ocorre com adolescentes de todo o mundo.

O livro de Green é mais romântico, centrado na obsessiva procura de Q por Margo, o primeiro amor, sempre uma figura idealizada. No filme, essa procura tem nuances menos dramáticas e os personagens secundários ganham destaque maior. A força da história está nos diálogos – sempre muito espirituosos – e na escalação do elenco.

A dupla principal, Nat Wolff e Cara Delevingne (ela, ícone da moda, faz aqui seu primeiro papel de destaque no cinema), garante uma leveza maior do que os personagens do livro. Mas os dois coadjuvantes, Austin Abrams (Ben) e Justice Smith (Radar), fazendo escada para Wolff, tornam-se os alívios cômicos. Autodepreciativos na medida certa, os dois suscitam gargalhadas com suas inseguranças e questões do universo nerd.

O final da narrativa, como vão constatar os milhares de leitores de 'Cidades de papel' (só no país o livro vendeu 700 mil exemplares), é bem diferente da história proposta por Green. O longa vira mais um filme de turma, como foram 'Conta comigo' e 'Os Goonies' para as gerações passadas.
 
Assista ao trailer de 'Cidades de papel':
 
 

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