'Samba', dos diretores de 'Os intocáveis', mostra rotina de um homem comum

Quando estiveram no Brasil, no mês passado, Toledano e Nakache classificaram novo filme como um drama com comédia

por Carolina Braga 05/07/2015 15:03

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Agência Febre/Divulgação
Omar Sy em cena de Samba, em que ele interpreta um imigrante senegalês na França (foto: Agência Febre/Divulgação )

Engana-se quem pensa que Samba, novo filme dos diretores franceses Eric Toledano e Olivier Nakache, tem o ritmo brasileiro como referência. Ainda que a música seja “homenageada” neste longa dos autores de Os intocáveis (2013), Samba é, na verdade, o nome do protagonista da história, interpretado pelo ator Omar Sy.

Assim como em Os intocáveis, recordista de público na França – levou mais de 20 milhões de espectadores aos cinemas – o tema social está em primeiro plano. Samba é um imigrante senegalês que vive ilegalmente no país. Ao contar a história dele, a dupla de diretores leva para a tela um tema quente na pauta de discussões de boa parte dos países europeus, especialmente a França.

Samba é um imigrante comum. Aproveita as oportunidades de trabalho que surgem: lava pratos, é segurança de shopping, limpa janelas, é operário e até funcionário da separação de lixo. Convive com outros cidadãos na mesma situação que ele. Enfrenta problemas com a polícia, ávida no cerco aos estrangeiros. É durante um atendimento com assistentes sociais que conhece a voluntária Alice (Charlotte Gainsbourg), que enfrenta uma crise de depressão e, a partir dali, será figura-chave na rotina do senegalês.

Quando estiveram no Brasil, no mês passado, para participar do Festival Varilux, Toledano e Nakache classificaram seu novo filme como um drama com comédia, fórmula inversa àquela que fez sucesso em Os intocáveis. Samba tem uma narrativa mais lenta. Há espaço para silêncios em equilíbrio com variada trilha sonora, que inclui Gilberto Gil e Benjor.

A graça fica a cargo de papéis coadjuvantes, como o também imigrante Wilson (Tahar Rahim). Mesmo com forte sotaque francês, ele se passa por um brasileiro e termina por reforçar involuntariamente a crítica que o filme faz aos clichês (ainda que um tanto ingênua). Nem todo brasileiro tem que ser conquistador e saber dançar. Não deixa de ser uma visão limitada e preconceituosa.

Samba não tem a mesma potência do filme anterior de Eric Toledano e Olivier Nakache. De todo modo, reforça a característica da cinematografia francesa em ressaltar aquilo que é cotidiano. Assim, é delicado no retrato que faz da rotina de um cidadão comum. Fala de um problema – a imigração ilegal –, mas sem fazer com que isso fique denso demais e muito menos romântico. Samba é um anti-herói.

COTAÇÃO
Samba
BOM

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