Com 40 anos de carreira, Regina Casé coleciona personagens da periferia

Atriz e apresentadora representa as mulheres que conheceu a partir da vivência das comunidades brasileiras

por Marina Simões 17/11/2014 10:27

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 H2O Filmes/Divulgacao
Em 'Made in China', Regina Casé é a Francis, vendedora da Casa São Jorge, do Seu Nazir (foto: H2O Filmes/Divulgacao)
Aos 60 anos, a atriz e apresentadora Regina Casé se orgulha de ser conhecida como representante da cultura que nasce nas periferias. “Não moro na periferia, não nasci lá. Mas acredito na expressão popular e percebi que não havia espaço para isso na mídia como deveria. Luto por isso há mais de 40 anos”, afima a líder do programa dominical 'Esquenta!', que estreou em 2011 e, com quatro temporadas, se fixou na grade da emissora.

Regina é filha de nordestinos. Os avós são pernambucanos de Belo Jardim e Caruaru, mas ela nasceu no Rio de Janeiro. Iniciou a carreira no teatro nos anos 1970, aos 15 anos. Em seguinda, na TV, interpretou personagens humorísticos nos programas de Chico Anysio e Renato Aragão, além de fazer papéis em novelas. Como apresentadora, ficou conhecida pelas reportagens em favelas e comunidades brasileiras, explorando a cultura e os costumes da periferia, em programas como 'Brasil legal' (1995), 'Muvuca' (1998) e 'Central da periferia' (2006). Agora, após 14 anos de jejum, Regina retorna ao cinema em 'Made in China', filme dirigido pelo marido Estevão Ciavatta, sobre a invasão dos produtos asiáticos no comércio popular.

Entrevista

Que tipos de personagens se interessa em fazer?
Recebi um convite que já estava idealizado ('Made in China'). Vai depender do que me convidarem a partir de agora. Não é intencional, mas todos os personagens que fiz, até Tina Pepper ('Cambalacho' 1986), eram da periferia. Acredito que o povo veja em mim alguém parecido. Sou de família pernambucana, tenho cara de nordestina, está no meu DNA. São tantos anos dentro das favelas que as pessoas confiam muito em mim. Quando se aproximam, se abrem, se expõem e entram em comunhão. Isso, quando vou fazer um personagem, contribui para ficar mais natural.

Já pensou em produzir ou escrever roteiros?
Adoraria, se tivesse tempo. Em 'Cidade dos Homens' (seriado de 2002 a 2005), dirigi quatro episódios. Ali, escrevia e dirigia. Foi uma das experiências de que mais gostei. Hoje, quando penso que vou voltar a trabalhar, não dá tempo. Faço dois 'Esquenta!' por semana. Participo de tudo: roteiro, figurino, cenário. E isso toma um tempo grande.

Você já apadrinhou muitos artistas que fazem sucesso. Como enxerga essa responsabilidade?
Madrinha, eu não acho que é o termo certo. Há 30 anos via que a cultura popular não era considerada. A MPB era apenas uma dúzia de artistas, enquanto outros, que vendiam 1 milhão de cópias de CDs não tinham espaço na mídia oficial. O que fiz foi iluminar essas pessoas. Sou mais iluminadora que madrinha. Hoje em dia é comum ver samba, funk e pagode na TV. Quando comecei a mostrar isso, dei oportunidade a nomes como Gaby Amarantos, Mumuzinho e, por último, a MC Ludmilla. Eles que me chamam de madrinha. O que fiz foi iluminar pessoas muito talentosas na favela ou de um lugar remoto no Norte, Nordeste. Tenho muito orgulho disso.

Carreira

Regina Casé ganhou simpatia do público com Tina Pepper na novela 'Cambalacho', em 1986.

Em 1988, fez parte do elenco do humorístico 'TV Pirata', ao lado de Luís Fernando Guimarães, Débora Bloch, Ney Latorraca, Diogo Vilela, Marco Nanini, e grande elenco.

Entre 1994 e 1998, comandou o programa 'Brasil legal' e o 'Muvuca'.

Atuou em filmes, com destaque para 'Eu, tu, eles' (2000), quando contracenou com Lima Duarte e Stênio Garcia.

A última atuação em novela foi 'Ciranda de pedra' (2008), de Alcides Nogueira

Desde 2011, comanda o programa 'Esquenta!' (Globo), aos domingos.

NÚMEROS

5
novelas da carreira

20
produções cinematográficas entre curtas e longas

40
anos de carreira no teatro, televisão e humor

Assista ao trailer de Made in China:


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