Ator sueco Joel Kinnaman conta como vem conquistando seu espaço no cinema americano

Ele lidera o elenco da nova versão do blockbuster 'RoboCop', dirigida pelo brasileiro José Padilha

por Estado de Minas 24/02/2014 06:00

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Suzanne Plunkett/Reuters
(foto: Suzanne Plunkett/Reuters)
 A cada ano, a Suécia produz, em média, 30 longas-metragens. Em um período de um ano e quatro meses, o ator Joel Kinnaman participou de oito filmes, todos como protagonista. Entre as produções estava 'Easy money' (2010, de Daniel Espinosa), que virou cult no país e teve repercussão nos Estados Unidos. Aproximando-se dos 30 anos, o ator viu que era chegada a hora de tentar carreira internacional. Filho de uma sueca e um norte-americano, sabia que o inglês sem sotaque aprendido em casa faria a diferença entre seus pares. “Não precisaria ser mais um guarda alemão como muitos atores europeus”, afirma.


A hora chegou. Com 'RoboCop', desde sexta-feira em cartaz no Brasil, Kinnaman faz sua grande entrada no mercado cinematográfico. Aos 34 anos, o ator vem subindo os primeiros degraus em Hollywood. Ainda que o policial-robô Alex Murphy seja seu primeiro protagonista na terra do Tio Sam, ele já participou, sempre em papéis pequenos, de produções de repercussão, como 'Millennium – Os homens que não amavam as mulheres' (2011) e 'Protegendo o inimigo' (2012). Os dois filmes têm laços estreitos com a Suécia: o primeiro é adaptação do best-seller de Stieg Larsson, que também teve uma minissérie em seu país natal; e o segundo é a primeira incursão nos Estados Unidos do também sueco Daniel Espinosa.

TV, teatro e cinema Kinnaman chegou a ser cotado também para 'Thor' (2011), graças a seu “ar escandinavo”, mas foi com o detetive Stephen Holder, da cultuada série policial 'The killing' (2011), que ele conseguiu chamar atenção. A produção ganha neste ano, pelo Netflix, sua quarta e derradeira temporada. Cancelada duas vezes, conseguiu dar a volta por cima graças ao site de streaming, que prometeu, ainda sem data de estreia, seis últimos episódios. Kinnaman não diz muito sobre a produção: “Estou feliz que a série tenha conquistado fãs realmente apaixonados, e que eles terão uma conclusão da história”.

De acordo com o ator, a série realmente impulsionou sua carreira. “O pessoal da indústria em Hollywood assistiu a 'Easy money', no qual eu fazia um jovem da classe trabalhadora que tenta subir na carreira a qualquer custo. Era como 'O talentoso Ripley' (personagem de Patricia Highsmith que ganhou vida no cinema). E ele é completamente diferente de Stephen Holder. Então acho que os executivos, ao virem esses dois personagens, perceberam como consigo fazer papéis bem diferentes.”


E como! A base de Kinnaman (nascido Charles Joel Nordström) é o teatro – ele cursou a academia sueca durante cinco anos. Em 2007, uma ambiciosa adaptação teatral de 'Crime e castigo', de Dostoiévski, em que interpretou o estudante que comete um assassinato. Raskolnikov lhe garantiu prestígio em seu país. “Era uma montagem enorme, com 26 atores em cena, sete músicos, a maior produção que a Suécia poderia produzir. Eu ficava três horas e 45 minutos em cena e, depois do espetáculo, diretores e produtores entenderam que eu tinha capacidade de segurar uma história.”


Sobre a refilmagem dirigida por José Padilha, Kinnaman afirma que seu desafio não foi atuar sob a armadura de 20 quilos do RoboCop. “A sequência mais difícil foi a que o dr. Norton (Gary Oldman) mostra a Alex o que ficou do corpo dele (basicamente o torso, cabeça e o braço direito). Aquela foi uma cena difícil, pois eu tinha que demonstrar toda a carga emocional daquela horrível experiência sem me mexer”, afirma. A cena, uma das mais fortes do blockbuster, levou 12 horas de filmagem.

Novos desafios

Kinnaman tem outros lançamentos previstos para este ano. Um deles é o novo filme de Espinosa, 'Child 44', em que volta a contracenar com Gary Oldman. A narrativa é ambientada na era stalinista na então União Soviética. Outro filme é 'Knight of cups', nova produção do cultuado cineasta Terrence Malick, em que teve como colegas de elenco Christian Bale e Natalie Portman.

“A experiência foi muito estranha”, conta o ator. “Tinha um monólogo de 17 páginas que preparei por meses. Seria tudo filmado em um só dia. Geralmente, em um dia fazemos três páginas de um roteiro. No dia da filmagem, Terry chamou a mim e ao Christian Bale e disse: ‘Joel vai dizer alguma coisa e você tem que falar: Oh, é isso mesmo?’ Quando vi, estava numa mansão com 200 extras e 200 cachorros andando ao redor falando um texto muito difícil. E a única coisa que o personagem do Christian Bale tinha que fazer era demonstrar algum interesse pelo que o meu falava. Foi uma experiência muito estranha. E realmente acho que Malick coleta material e cria suas histórias somente na sala de edição.”


Por ora Kinnaman está livre da armadura negra. Se as bilheterias disserem sim, ele volta a encarnar Murphy. Sobre uma sequência de 'RoboCop', se limita a dizer: “Não tenho escolha. Nos EUA, quando você assina um contrato para uma série, ele vale para seis temporadas. Para um filme grande como este, você assina para três produções. É uma garantia para eles (o estúdio), pois, se o primeiro filme fizer muito sucesso e decidirem produzir um segundo, o ator que não tivesse um contrato teria um poder de negociação muito maior”, conclui.

 

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