Márcio Greyck ganha homenagem em filme de Halder Gomes

O músico mineiros participa e é homenageado no filme Cine Holliúdy, do diretor que é fenômeno do cinema nordestino que encanta plateias no Brasil e nos EUA. Feliz com a reverência a suas canções, músico mineiro prepara autobiografia

por Ailton Magioli 14/09/2013 00:13

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Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Em casa, em Belo Horizonte, Márcio Greyck dá os últimos retoques no livro em que conta a sua vida (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
De volta à telona depois de protagonizar Em ritmo jovem (1966), de Mozael Silveira, e um dos episódios de Amor em quatro tempos (1970), de Vander Sílvio, o cantor e compositor Márcio Greyck, de 66 anos, comemora a participação no filme Cine Holliúdy, do cearense Halder Gomes, fenômeno do mercado cinematográfico regional.


“Adoro cinema”, diz Márcio. Além da pequena participação na pele de um estelionatário, o músico ganha homenagem no diálogo de seu personagem com o protagonista, que usa e abusa dos títulos de suas canções de sucesso. Impossível acreditar que perdi você, O mais importante é o verdadeiro amor, Aparências e Vivendo por viver são os hits que fizeram de Greyck um sério concorrente de Roberto Carlos em plena Jovem Guarda.

O compositor, que voltou a viver em sua Belo Horizonte natal, acaba de concluir a autobiografia O menino que eu fui. Ainda sem editora e data de lançamento, o livro evita o sensacionalismo tão presente no gênero para se fixar na trajetória do rapazinho que trocou BH pelo eixo Rio-São Paulo.

Na telona, Márcio Greyck já teve o privilégio de atuar ao lado de ícones como Grande Otelo e Vanja Orico, integrantes do elenco de Em ritmo jovem, protagonizado por ele ao lado da cantora Adriana. “Na verdade, fazia um Márcio Greyck fictício”, recorda, salientando que em Amor em quatro tempos interpretou um jovem da época medieval sem coragem de se declarar à amada. Na telinha, o cantor comandou O mundo dos jovens, da TV Tupi, que concorria com o programa Jovem Guarda, de Roberto Carlos, exibido pela TV Record nos anos 1960.

Fã O convite para voltar ao cinema veio do próprio diretor Halder Gomes. “Achei interessante porque, além da participação, havia reverência à minha música”, revela Márcio Greyck, que se tornou amigo do cineasta – aliás, um de seus fãs. Inicialmente, o cearense enviou-lhe a cópia do curta-metragem Cine Holliúdy – O artista contra o caba do mal, contemplado em edital do Ministério da Cultura, em 2004.

Incentivado pelas boas críticas, Gomes transformou o curta no longa que chegará ao circuito nacional em outubro. O filme foi exibido na 8ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP) e retrata de forma divertida, romântica, lúdica e nostálgica as exibições mambembes de cinema no interior do Ceará, na década de 1970. Naquela época, a TV começava a ameaçar as salas de exibição, sobretudo das pequenas cidades. Em pouco tempo, cinemas foram fechados em todo o país.

 Em Cine Holliúdy, Francisgleydisson (Edmilson Filho) luta para manter a paixão pelo cinema, prestando reverência às artes marciais e à música brega.“Trata-se do Cinema Paradiso brasileiro”, diz Márcio Greyck, referindo-se ao clássico dirigido pelo italiano Giuseppe Tornatore, outra bela homenagem à sétima arte.

 “O cinema é o ideal do cara, que vende o bilhete, faz a pipoca e tudo mais”, lembra Greyck, contando que o protagonista é obrigado a narrar para o público o final de um filme depois de problemas técnicos na pequena sala interiorana.

De volta a Fortaleza depois de participar do Los Angeles Brazilian Film Festival, onde Cine Holliúdy foi exibido, Halder Gomes diz que em 11 de outubro o longa chegará ao eixo Rio-São Paulo. “Em breve teremos data em BH”, avisa.

TRECHO

“ ... No acalanto do barulhinho suave, mas também forte e encorajador do potente motor do Scania-Vabis, todos os passageiros já dormiam tranquilamente e eu, mineiro e dos bons, ainda um pouco desconfiado, vez por outra observava o motorista com seu quepe elegante de comandante atento à estrada, mãos firmes no volante a me passar segurança, seguindo em frente inexoravelmente rumo a seu objetivo, acelerando enquanto toda a minha vida ia ficando para trás! Reclinei o encosto da minha poltrona no lado direito do ônibus para melhor apoiar minha cabeça e abri uma pequena fresta na janela, que me deixava respirar ainda um pouco mais do ar da minha terra, das montanhas, do pó de ferro das pedras e o cheiro das flores do cerrado trazidos pela brisa fria da noite, assim como que me despedindo ao ver sumir aos poucos e cada vez mais distantes as últimas luzes da minha querida cidade de Belo Horizonte.”

>> O menino que eu fui, de Márcio Greyck


Três perguntas para...
Halder Gomes - cineasta


Como o longa Cine Holliúdy foi recebido no Los Angeles Brazilian Film Festival?
Muito bem. O público riu muito e se encantou com o filme. Foi uma grande surpresa para os jornalistas americanos, que desconheciam nossas histórias à la Cinema Paradiso.

Por que você convidou Márcio Greyck para participar do filme?
Sou fã do Márcio desde criança, queria homenageá-lo, assim como sua música e sua geração, que encantaram o Brasil na década de 1970.

O que acha da participação dele no longa?

Muito boa. O texto da cena é todo escrito usando nomes de músicas de sucesso dele. No final, entra Impossível acreditar que perdi você.

SAIBA MAIS
Te cuida, Wolverine


Francisgleydisson deu um olé em Wolverine. Nos primeiros seis dias de exibição em agosto, a comédia de Halder Gomes, com modesto orçamento de R$ 1 milhão, foi vista por 100 mil pessoas no Ceará. O público preferiu Cine Holliúdy (foto) a Wolverine: imortal, Círculo de fogo e Os Smurfs 2. Distribuidores chegaram
a mudar a data de lançamento de blockbusters. A fita estreou em 61 cinemas nortistas e nordestinos. Halder provou que o mercado regional é o must da temporada. Detalhe: seu blockbuster nacional é falado em “cearensês”, com legendas em português.

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