Circuito Cultural da Praça da Liberdade recebe novas produções audiovisuais

Espaço Tim UFMG do Conhecimento exibe, a partir de 31 de janeiro, 'A eterna novidade do mundo' e 'Cine Jornais'

por Agência Estado 25/01/2013 17:18

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Camila Buzelin e Francesco Napoli
Em Cine Jornais, os artistas articulam documentos históricos e imagens fictícias (foto: Camila Buzelin e Francesco Napoli)
No dia 31 de janeiro, às 19h30, o planetário e a fachada digital do Espaço TIM UFMG do Conhecimento, no Circuito Cultural da praça da Liberdade, recebem duas novas atrações audiovisuais: 'A eterna novidade do mundo', de Camila Buzelin e Francesco Napoli, e 'Cine Jornais', de Luísa Horta e Ricardo Burgarelli. As obras foram selecionadas pelo Edital de estímulo à produção audiovisual: fulldome e fachada digital, realizado no ano passado pelo Espaço. Os trabalhos serão exibidos diariamente no local até o dia 9 de fevereiro, com entrada franca.

Em 'A eterna novidade do mundo', em cartaz no planetário do museu, situações cotidianas são transformadas em imagens científicas, em alusão a fenômenos naturais. Camila Buzelin e Francesco Napoli representam poeticamente galáxias e partículas subatômicas, a partir de acontecimentos que costumam passar despercebidos pelo olhar apressado do dia a dia.

Os autores contam que a ideia partiu do gosto por documentários de ciência. “Apesar da minha formação não ter a ver com a astronomia, eu tenho interesse pelo tema, muito influenciado pela filosofia e produtos científicos audiovisuais que são esteticamente muito bonitos”, relata o artista sonoro Francesco Napoli. “Espontaneamente, começamos a reparar em alguns acontecimentos de forma artística e começamos a fazer experimentos para criar imagens”, completa Camila Buzelin, artista visual.

Camila Buzelin e Francesco Napoli
Em 'A eterna novidade do mundo', situações cotidianas são transformadas em imagens científicas (foto: Camila Buzelin e Francesco Napoli)


A obra propõe despertar a curiosidade científica por meio da arte. Francesco explica que o primeiro passo para o pensamento filosófico é espantar-se diante do mundo e que a astronomia pode funcionar como um incentivo para a ação. Segundo o artista, a proposta traz uma reflexão a respeito de dicotomias como terrestre e extraterrestre e arte e ciência, pelo fato de aproximar os conceitos.

“Já existe uma comprovação de que somos formados pela mesma matéria existente no espaço. E todas as formas de movimento no mundo têm uma ligação com o macro e com o micro.” Ele descreve ainda que a realização do trabalho foi muito prazerosa. “Estamos como crianças brincando com os experimentos. A simplicidade do projeto é o que traz essa complexidade a ele.” De 01 a 09 de fevereiro de 2013, o público poderá assistir à obra gratuitamente no planetário, sempre às 16h.

Cine Jornais

Já quem passar pela Praça da Liberdade à noite poderá assistir, na fachada digital do espaço, a uma série de vídeos que abordam e questionam aspectos da trajetória da capital mineira. Em 'Cine Jornais', os artistas Luísa Horta e Ricardo Burgarelli articulam documentos históricos e imagens fictícias, retratando a tensão entre arquitetura, poder, sujeito e sociedade. O projeto constitui uma série de dez episódios que serão exibidos individualmente a cada dia, sempre às 20h.

Inspirado em produções audiovisuais institucionais do século XX, a proposta apresenta composições feitas com fragmentos de arquivos de Belo Horizonte, filmes brasileiros e imagens produzidas pelos próprios artistas com uma câmera super 8 – equipamento desenvolvido nos anos 1960. “Cada vez que a gente recebe as imagens reveladas, é uma surpresa. Só então conseguimos trabalhar com elas e criar o projeto final”, conta Luísa Horta.

Tomando como base a história de Belo Horizonte, 'Cine Jornais' sugere uma reflexão sobre a relação entre arquitetura e sujeitos no espaço urbano. Ao longo dos processos de pesquisa e realização da obra, os artistas identificam um específico e constante movimento de transformação da capital. “Nossa cidade vive em ciclos de destruição e construção, estabelecendo-se como um espaço do vazio, que não carrega nenhuma identidade. A sensação é de que ela está sempre à espera de um futuro moderno que nunca chega”, explica Luísa.

A proposta partiu de um trabalho que reúne fotografias, vídeos, instalações e impressos. Criado pelos mesmos artistas, o conjunto chamado Arquivo de Obras em Acabamento ficou em exposição no Centro Cultural UFMG, de agosto a setembro de 2012, e foi um dos vencedores do Situações Brasília 2012 - Prêmio de Arte Contemporânea do Distrito Federal, passando a integrar o acervo do Museu Nacional da República na capital do país.

Além de novos áudios, as imagens de arquivo ganham também novos significados, pois não mais são entendidas como documentos históricos, mas como ficção. A fachada digital funciona, então, como um meio que tensiona a fronteira entre ficção e história, estabelecendo um diálogo direto com o próprio espaço urbano narrado. Segundo a artista, questiona-se, aqui, o registro como instrumento legitimador da história. Mas as expectativas de leituras do trabalho são as mais variadas. “Esperamos interpretações diversas, já que o trabalho será acessado pelo público em geral – pessoas que transitam e possuem sua própria percepção da cidade.”

O edital

Lançado no segundo semestre de 2012, o Edital de incentivo à produção audiovisual: fulldome e fachada digital buscou estimular o desenvolvimento dos dois formatos não convencionais e recentes no país. A fachada digital do Espaço é a única da América Latina e propõe uma interação com o ambiente urbano. A tecnologia fulldome, por sua vez, é utilizada no planetário do Espaço e consiste em formato audiovisual imersivo, exibido em sala especial dotada de tela hemisférica, que envolve o público em 360º de imagem e cria uma ambiência em três dimensões.

Os artistas selecionados receberam um incentivo para a realização dos trabalhos. Dois outros projetos escolhidos no mesmo edital serão lançados ainda no primeiro semestre deste ano, no Espaço TIM UFMG do Conhecimento.

 

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