Carnaval censura livre: blocos infantis são chance pra galerinha se divertir e socializar

Especialistas afirmam que basta atenção a cuidados básicos para que crianças também se divirtam na folia. Confira as recomendações e a agenda da folia

Lilian Monteiro 21/02/2020 06:00
Fotos: Leandro Couri/EM/D.a press
Abre alas: sob o som do Batucarte, Bloquinho do Colégio Arnaldo, voltado para crianças de até 12 anos, fez a festa dos pequenos da Região Centro-Sul da capital (foto: Fotos: Leandro Couri/EM/D.a press)

Carnaval é festa para criança, sim. E elas podem e devem participar da folia. Claro, com todos os cuidados e a atenção para lidar com os pequenos em qualquer espaço público, seja ele a pracinha, o shopping ou os bloquinhos. Da fantasia mais adequada (olho nos tecidos e adereços) até a frequência da hidratação e alimentação, a ordem é uma só: se divertir com segurança.

E a farra já começou: ontem, foi dia do Bloquinho do Colégio Arnaldo, voltado para crianças de até 12 anos, com participação de pais e professores da escola, no Bairro Funcionários, Centro-Sul de Belo Horizonte. Sob o som da bateria do Batucarte, presenças ilustres apareceram por lá: Homem de Ferro, Mulher Maravilha, gênio da lâmpada e até a Tinkerbells (Sininho). As colegas do 3º ano do fundamental Milena, Júlia e Mariana estavam na turma que entrou em ritmo de festa, e se empolgaram com a chuva de confetes.
A psicóloga e psicanalista Maria Goretti Ferreira destaca que os blocos infantis no carnaval são, na verdade, “como a extensão da brincadeira de qualquer criança, do brincar infantil”. Portanto, bem acompanhadas e corretamente orientadas, o agito é “bonito, interessante de se ver e prazeroso”.
 
None
Fantasias são uma chance de soltar a imaginação e também de ensinar e aprender

Para a especialista, carnaval também é época de ensinar e aprender: “É o momento de a família estar junto e brincando. É importante, com tanta novidade e tudo que a folia proporciona e exibe, que os pais e responsáveis estejam atentos em passar a informação adequada para as crianças. São curiosas, então, farão perguntas sobre o que estão vendo e do que participam. Assim, é preciso traduzir o que acontece para elas.”
 
O aspecto para o qual Maria Goretti Ferreira mais chama a atenção é sobre o resgate do espaço público: “Com a escolha do bloco adequado e regulado pela idade da criança, o fato de levá-la para a rua é para ser exaltado. Ainda mais no mundo de hoje, em que as pessoas estão segregadas, fechadas em condomínios. A chance de os pequenos desfrutarem do coletivo, do espaço público, que é onde a vida acontece, é maravilhosa.” Para ela, os blocos infantis são “um resgate do ir para a rua”. “Uma festa gratuita, para todos, com a fantasia que a imaginação permitir e, seguramente, uma forma de congregar e se confraternizar.”

CULTURA E EDUCAÇÃO Bebel Soares, fundadora do site Padecendo no Paraíso e colunista do caderno Bem Viver, do Estado de Minas, criou o bloco de mesmo nome, que sai um domingo antes da festa oficial. Para ela, “carnaval é tempo de brincar, de viver a fantasia e o lúdico. É quando os pais conseguem parar para se divertir com os filhos, usando fantasias também. Momento feliz em família na festa mais popular do país”.
 
Momento, também de conscientização: “Momento também para as crianças aprenderem que as pessoas devem ser respeitadas, independentemente da roupa que estiverem usando; que a mãe é mulher, que pula e se diverte e não quer ser assediada por isso”.
 
Bebel lembra dos cuidados que têm de ser tomados: “Hidratação: neste calor, tem que beber muita água. Cuidar do meio ambiente, jogando o lixo na lixeira, evitando usar descartáveis e plástico de uso único; brilhar com biogliter orgânico, que não vai prejudicar a vida marinha; não usar a espuma em spray, pois ela é muito tóxica e pode causar irritação na pele e nos olhos dos pequenos, além de ser inflamável e condutora de eletricidade. E cuidado com as tintas de pintura facial: sempre usar tinta hipoalergênica”.
 
Também mãe, Bebel alerta para não se desligar das crianças: “Cuidado para não perdê-las. Pulseira de identificação com nome e telefone dos pais nos bracinhos, para garantir”.

Para usar na folia


Marcus Vinícius Araújo Costa, pediatra, do Centro Integrado de Odontologia e Pediatria (CIOP), de Sete Lagoas, na Região Central de Minas, lista uma série de medidas que pais e responsáveis precisam adotar com as crianças, para que a folia só seja sinônimo de brincadeira, alegria e diversão. Confira:

» Livre, leve – Dar preferência a roupas leves, de algodão e cores mais claras, já que as tonalidades escuram retêm mais calor. Assim, a criança vai transpirar mais e corre risco de se desidratar. Uma opção para quem vai sair em blocos ao ar livre, em caso de exposição solar, são roupas com incorporação de filtro solar no tecido, de preferência as de proteção acima de 30.

» Mas que calor! – Falando em calor e Sol, crianças de mais de 6 meses de vida podem usar protetor solar (FPS acima de 30, adequado para cada faixa etária), mas mesmo assim devem evitar exposição por períodos prolongados. Evitar totalmente o sol entre as 10h e as 15h.

» Água, água, água: Dê preferência à água de boa procedência. Cuidado com água vendida na rua. Evitar dar sucos a crianças com menos de 1 ano, assim como refrigerantes e bebidas industrializadas, porque muitos deles contêm grande quantidade de aditivos químicos, além do açúcar

» Pesadão, não – Cuidado com alimentos consumidos na rua, evitar frituras e alimentos pesados. Frutas são uma 
ótima opção

» Cara pintada – Cuidado especial com o spray de espuma, muito usado nesta época. Ele, além de provocar alergias na pele, pode ser muito irritante para os olhos, além de ser inflamável. Evitar maquiagens pesadas, de preferência usar um produto ao qual a criança já tenha sido exposta. Peças pequenas que aderem à pele ou usadas nas roupas podem se soltar, e crianças menores podem colocá-las na boca, engolir e até mesmo engasgar

» Que tumulto é esse, papai? – Atenção especial com as aglomerações, que inevitavelmente ocorrem. Bebês muito pequenos, principalmente os menores de 3 meses, são muito mais propensos a adoecer, pegar viroses ou infecções

» Fora do batidão – Fique mais afastado das caixas de som, evitando barulho excessivo nos ouvidos dos pequenos

» Só para baixinhos – Evite a exposição das crianças a situações que estimulem a sexualização precoce ou a situações que sejam degradantes, como pessoas urinando no chão, confusões, brigas etc.

Prepare a turma


» Hoje
» Bloco Infantil Unidos do 
Felicidade –8h30
Avenida Professora Gabriela Varela, 583, Jardim Guanabara

» Amanhã
» Bloco Alecrim – 10h
Praça Manoel de Barros, 
Bairro Castelo

» Domingo
» Bloco Xibiuzinho – carnaval 
infantil –9h
Rua dos Economistas, Praça do Coreto, Alipio de Melo

» Bloquim Dubem – bloco 
infantil –12h
Rua Doutor Julio Otaviano Ferreira, 1.022, Cidade Nova

» Segunda
» Bloco Kids Mães Em 
Movimento –10h
Avenida Guarapari, 1.301 – Bairro Santa Amélia

» Criança Fantástica –14h
Praça Padre Lage – Heliópolis

» Terça
» Carna Belvs Kids –10h
Avenida Cristovam dos Santos, 444, Belvedere
Ingressos a partir de R$20 (consulte taxa de conveniência). Crianças até 2 anos não pagam.

» Pós-carnaval/1º de março
» Truperalta – bloco infantil –9h30
Avenida Silva Lobo, 1.730, 
Nova Granada


MAIS SOBRE CARNAVAL